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terça-feira, setembro 30, 2003


Publicidade


Sabia de antemão que o meu post sobre a publicidade causaria crispação especialmente em quem trabalha no meio. Daí a minha dúvida tantas vezes em exprimir o que sinto, pois este blog procura ser um local de descontracção e, não, um local para comprar guerras. Não sei se tenho algum fundamento ou razão no que digo, mas é o que sinto e das vezes que "cruzei" com as pessoas em questão o que penso confirmou-se. Não gosto é de ser cínico, e esconder as minhas opiniões mesmo que abjectas, para desse modo agradar a gregos e troianos parecendo simpático aos olhos de todos. O que é certo é que este é o sentimento com que fico sempre que visiono qualquer bloco publicitário ou escuto as dezenas de intervalos que ocupam o éter. Porque eu sou o primeiro a aplaudir um bom spot publicitário português ou um bom filme português, pena que raramente tenha razão para isso e que os criadores destas obras mantenham o seu discurso de vitória. Para quem feri susceptibilidades ao "atacar" o vosso trabalho as minhas desculpas, embora mantenha a minha opinião até prova em contrário.






Génios da criação


Já perdi a conta à quantidade de vezes que me apeteceu publicar aqui algo sobre os "senhores da publicidade", esse grupo de pseudo-criativos, que entopem a rádio e a televisão com mensagens e textos tão absurdos, como absurda é a noção dos próprios sobre o significado de trabalho de qualidade. Como se pode constatar, pelas poucas palavras já escritas neste post, ao falar nesses autocolantes (para não usar uma palavra pior), corro o risco de deitar por terra o editorial aqui do burgo, tal não é a estima que sinto por essa multidão de auto-geniais.
No entanto, Kundera deu-me uma preciosa ajuda, num dos seus livros, e faço minhas as suas palavras.

‹‹Estes aldrabões da publicidade parecem marcianos. Não se portam como pessoas normais. Quando nos dizem as coisas mais desagradáveis, põem uma cara radiosa de boa disposição. Não usam mais de sessenta palavras e falam com frases curtas que nunca têm mais de quatro vocábulos. O discurso deles, pontuado por dois ou três termos técnicos incompreensíveis, enuncia uma ou duas ideias no máximo, uma ou duas ideias vertiginosamente primárias. São pessoas que não têm vergonha de ser o que são: não têm o menor complexo de inferioridade. E aí está, é essa a prova do seu poder››
in A Imortalidade


Estas palavras eram colocadas na boca de um responsável de uma rádio que via-se obrigado a acabar com um dos seus programas, neste caso, de opinião. É realmente este o problema. Não têm o menor complexo de inferioridade, seja ao criar frases chave desprovidas de qualquer conteúdo de qualidade, ao imporem o destino da rádio e da televisão, ao acharem-se estrelas intocáveis e inigualáveis de um firmamento que só eles julgam existir. Engraçado é o facto de tantos os verem como a "nata" dos nossos criativos, e não repararem que o pacote está há muito tempo esquecido fora do frigorífico.





segunda-feira, setembro 29, 2003


Escrever ou nao escrever?


O Tiago (um grande abraço) coloca, e bem, a questão: "Que fazer, quando o que temos necessidade de escrever magoa os que nos são mais próximos?"
A minha modesta opinião, caro Tiago, é não publicar, mesmo que seja o que mais verdadeiro temos para escrever. Durante o nosso percurso, muitas vezes magoamos os que nos estão próximos e, ao magoá-los, atingimo-nos também a nós próprios. Ora, se já tantas vezes a nossa própria escrita, e o processo de escrever, nos fere, para quê torná-la ainda mais perigosa e adornada de espinhos (mesmo que de espinhos verdadeiros)? Se os que nos amam, tantas vezes proclamam, babados, aos outros aquilo que escrevemos, para quê transformar a razão do seu orgulho em inesperadas e dolorosas revelações? Não tentamos nós a todo o custo proteger os que nos estão próximos?
São ainda mais perguntas, eu sei, mas procuram caminhos para uma difícil e sinuosa resposta.






Jogo das cadeiras


A coluna da passarada (isto dava um blog) sofreu alterações. A Catarina saiu das andorinhas para passar às aves migratórias. Para mim será sempre uma andorinha, mas agora rumou para sul à procura de um pouco de sol. E uma vez que por morrer uma andorinha não acaba a Primavera, outra chegou, incerta, e aqui escolheu poleiro.






Sono(s)tones


O Público de Sábado (não faço link porque para a semana estará morto) alcançou a proeza de, na segunda página de destaque aos Stones, juntar no mesmo espaço quatro opiniões no mínimo facciosas. O primeiro prémio do absurdo vai para a realizadora(?) Margarida Gil que confessa que ‹‹hoje era completamente provinciano ir ao concerto››. Eu afirmo que daqui a 20 anos será completamente provinciano assistir a um filme de Margarida Gil, o que só vem provar que Portugal está sempre na mesma. O segundo prémio vai para Fernando Magalhães, autor do artigo, que afirma que não estar presente no concerto ‹‹seria como deixar passar em claro a vinda do Papa ou esquecer-se de receber o prémio de um "seis no Totoloto"››. Penso que a maioria dos Portugueses ficava-se pelo prémio. Ainda um reparo a um erro escrito por este senhor no mesmo artigo quando opina que os ‹‹Rolling Stones do séc. XXI estão para os Rolling Stones dos anos 60 e 70 como o Benfica dos últimos dez anos está para o "glorioso" dos anos 60 que conquistou duas taças europeias. Num e noutro caso, são hoje formações e estados de espírito diferentes e cuja mística se diluiu››. Ora, quanto à formação é obviamente diferente pois se tal não sucedesse seria obrigatória a presença de muitos elementos do INEM no relvado da Luz, mediums criativos, e o ritmo de jogo seria bocejante. No entanto, a mística do Glorioso (sem aspas e letra grande) não se diluirá jamais mesmo quando o nosso estado de espírito anda diferente (alternância entre o desespero e o conformismo). O terceiro prémio vai para o treinador do Lanterna Encarnada Carlos Carvalhas que, aproveitando mais uma vez para puxar a brasa à sua sardinha, catalogou os Stones de músicos de intervenção. Mais uns aninhos em cima e o amigo Carvalhas ainda virá dizer que os Orishas foram os Beatles Cubanos. Ainda a Menção Honrosa à fadista Mariza que colocou automaticamente um álbum dos Stones em dez milhões de lares portugueses.
Valha-nos o comentário do nosso primeiro (o tal que vai à Fnac que Pacheco não gosta) que limitou-se a mostrar a sua ‹‹Sympathy for the Devil››. Quanto a Vítor Pereira não tecerei quaisquer comentários à arbitragem.





domingo, setembro 28, 2003


Bug ou Ataque? (Actualizado)


A brincadeira do post anterior afinal parece ser ainda mais grave. Fazendo refresh's sucessivos ao homem-a-dias (link com www) aparecem blogs completamente diferentes. O primeiro que me calhou foi um austríaco, agora é um italiano e até já um americano. O que se passa com o blogspot? Será que este erro está a afectar todos os blogs ou tratar-se-á de um ataque centralizado apenas num?

Actualização (00:06H) - O problema parece, por agora, resolvido. Isto foi, no mínimo, estranho. Será que foi só o meu computador que entrou noutra dimensão, ou mais alguém reparou nisto?
Esta foi uma das páginas que abriu em vez do "Homem".

Actualização (06:28H) - Acabei de fazer refresh ao meu blog e fui parar aqui. Vamos parar com a brincadeira, sim?!






Última Hora! Homem-a-Dias Atacado!




A Policia Judiciária procura este trio de hackers que atacou recentemente o útil serviço de limpezas da blogosfera nacional.
Enquanto os culpados não são detidos as autoridades recomendam que não se coloque o "www" no link do blog, usando-se em alternativa este link.






Para além de Compal segundo


Vi pela primeira vez Buena Vista Social Club de Wenders (pronto, não me batam mais). O dvd já cá estava em casa há meses mas só agora decidi colocá-lo naquele objecto preto que os toca. Entre tantos belos momentos presentes na obra documental existe um que me tocou especialmente. É o contraste entre o Rubén González inseguro, curioso e quase infantil, a ver Nova Iorque e falando sobre a Estátua da Liberdade, e a drástica mudança para alguém firme, sábio e poderoso ao sentar-se ao piano no Carnegie Hall. Se há algo que o documentário nos ensina é a não julgarmos as pessoas pela aparência. É como a fruta. Por um lado, temos a fruta cristalina e perfeita dos supermercados que não nos sabe a nada. Depois há a fruta que os meus sogros trazem da beira, feia e de aspecto irregular, mas que no seu interior, sabiamente esconde os mais doces néctares que a natureza pode oferecer.






Bu bu baa bá li li li


Que valente susto me provocou hoje a romaria diária ao Desejo Casar. Pensei que tinham contratado a Maria João para escrever em tão estimado blog. Depois descansei, eram dissertações da filha do Tiago.






A conclusão


Perdi quase uma década da minha geração.





sábado, setembro 27, 2003


P.T. Anderson


Já que a blogosfera decidiu manifestar-se sobre um dos meus criadores favoritos, não esquecer então o dvd do filme "Pleasantville" onde se encontra o "Across de Universe" para Fiona Apple, uma autêntica lição de videoclip. Podem ver um pequeno excerto aqui.

Já que falamos de realizadores, aproveito também para aconselhar vivamente a visita às lecture series onde se passam umas horas agradáveis a ouvir os senhores (e senhoras) dissertar sobre o seu trabalho. A de Joel Schumacher é especialmente deliciosa.

Ainda sobre cinema, o seminário online da shoot out, junta intervenções de produtores, argumentistas, actores, distribuidores e outros, alguns deles bem conhecidos do público e praticamente todos com créditos de porte na indústria cinematográfica. O seu visionamento (mais umas horas bem passadas) é gratuito, só necessitando de um registo no site. Depois, é só recostar-se na cadeira.






A dúvida


Um Euro 2004 continua a valer 200,482 ?





sexta-feira, setembro 26, 2003


Brincar com coisas sérias


Afinal o oInimigoPúblico é um suplemento inadmissível e de um extremo mau gosto. Devia haver mais respeito pelas nossas figuras públicas e pela nossa sociedade. O que ali se publica é cobardia, é ...

... o contrário do que eu acabo de escrever.

O suplemento é maravilhoso e quero agradecer a todos os responsáveis a boa disposição que fica após a sua leitura. Ler o jornal diariamente deixa-nos por vezes um pouco deprimidos (o mundo realmente não vai nada bem), e o mini-jornal acaba por ser um saudável escape à realidade. O Público continua a somar pontos e, não fossem as capas dos dvd´s com um Y impresso e a XIS, poderia dizer que este jornal é quase perfeito. Assim como Espanha, o Público marca.






Kinder Surpresa


Quando cheguei a casa não contive a excitação e alegria. Recebi um envelope que dizia: "Você está convocado". Dei pulos, gritei, corri pela casa toda, atirei serpentinas, enchi balões de água, fiz zapping pelos 50 canais em 12 segundos, abri todos os armários, acalmei, sentei-me e, abri a carta. Então chorei. Não era do Scolari. Era do fundo de desemprego.


(Nota para os leitores que acham que o melhor caso de humor inteligente é o Fernando Rocha: Eu não recebi nenhuma carta do fundo de desemprego)






Agradecer


Já andava há uns tempos aqui a magicar na cabeça: "Será que aquela ave que vem do outro lado da lua é uma andorinha?". A avezita passava sempre muito depressa e eu fui ficando na dúvida. Essa ave colocou um poleiro da origem na sua casa. Agora, em vez de ter de planar às voltas para ouvir o que diz, já posso descansar as asas enquanto relaxo com as suas palavras. Aqui fica o agradecimento. Ah, já me esquecia, é mesmo uma andorinha.

O fuselus fumatoris também colocou um poleiro na sua casa. Mas em que categoria hei-de eu encaixar tão esperto bicho? Lá vou eu ter que estudar novamente a Grande Enciclopédia Multimedia da Passarada.





quinta-feira, setembro 25, 2003


Suplementos


O Público é, na minha modesta opinião, o melhor caso de seriedade, rigor, e conteúdo, existente no panorama da imprensa nacional. Amanhã, este mesmo jornal lança o seu novo suplemento humorístico, oInimigoPúblico, que se antevê como uma lufada de ar fresco na comédia lusitana juntando-se assim ao eficaz, mas solitário, Bartoon. Espero agora, com expectativa, que o outro jornal de referência português, o 24horas, siga o bom exemplo da concorrência, e passe a lançar também à Sexta o seu suplemento de seriedade, rigor, e conteúdo.






Última hora




Correm os rumores sobre eventuais encontros amorosos entre a Melinha e Saeed al-Sahaf.
A Amélia, contactada pela origem do amor, não comentou o assunto atirando-nos vários nomes para a mesa (incluindo o Tó) numa clara jogada de contra-informação, no entanto, não negando directamente a existência de tais encontros.

Já o ex-ministro do antigo regime Iraquiano, provavelmente o único sem bigode, apressou-se a desmentir o sucedido. As poucas palavras que dirigiu ao telefone foram: "It is all lies! Where is Amélia? Do you see Amélia here? Lies, Lies, Lies!". A seguir a estas palavras ouvimos sons de cavalos, pistolas, e música de Enio Morricone, e não conseguimos estabelecer novo contacto até ao fecho desta edição.





quarta-feira, setembro 24, 2003


Olhe que murcha!


Hoje (mas porque raio começo quase todos os post com hoje), quando fui ao café pedi ao empregado um maço de tabaco. Ao olhar para a embalagem li o seguinte "Fumar pode prejudicar o esperma e reduz a fertilidade". Pedi ao senhor para me trocar por um dos que matam.






Por ver


Hoje, ao ver um dvd antigo que vinha numa revista, deparei-me com dois trailers que me deixaram água na boca. Não sei se estrearam em Portugal, se existem em versão dvd para aluguer ou qual o titulo português (caso exista). Os filmes são "The Believer" de Henry Bean, e "The Last Minute" de Stephen Norrington. Se algum entendedor passear por este blog é só apitar que a gerência agradece.






Talvez um dia


Hoje li em alguns blogues e ouvi as pessoas na rua, comentarem a reportagem da RTP sobre o caso dos animais vendidos e, em todo o lado se batiam palmas ao serviço público. A reportagem até me estava agradar mas após alguns minutos os "truques" apareceram. Dizia-se que os animais sofrem entre as grades, e a imagem escolhida era um chimpazé a levar a mão à cara em claro sinal de (suposto) desespero enquanto em background tocava uma melodia triste. Mais tarde, na mesma reportagem, falavam com o "mega-veterinário" e, enquanto ele tentava justificar porque não esteve presente para administrar as anestesias, o tapete musical agora colocado sobre a peça era uma música macabra com um declarado tom acusatório. Concordo que se façam estas reportagens e não se esconda nada às pessoas. Mas para ser verdadeiro serviço público peço à RTP que apenas me mostre os factos. Para "truques" já me chega a TVI.






Pedido de desculpas


O Francisco disse uma vez, e com razão, que é óbvio que escrevemos para ser lidos. Ora, a mim já me chega a constante diarreia mental que diariamente me escorre no interior da cabeça, logo não escrevo para o umbigo. Faço-o para os outros. Tento que alguém desse lado pense, emocione-se (não para ser lamechas mas porque me tocam as pessoas que ainda se emocionam), discorde, relembre, e principalmente que ria. Gosto quando digo algo a outra pessoa que ri com vontade. É para esses que escrevo e, pelo site-meter, sei que há quem volte quase todos os dias. Ultimamente o ritmo de posts tem diminuído, por razões profissionais, mas espero voltar ao activo em pleno dentro de uma ou duas semanas. Até lá apenas peço a quem me visita diariamente um pouco de paciência e, o meu pedido de desculpas a todos vocês para os quais escrevo.





terça-feira, setembro 23, 2003


Nubidades


Nova categoria criada!
Papagaios!
Aves com muita piada!
Visite já!






Vin Birdo


Piam levemente,
como quem chama por mim.
Fui ver,
era a passarada:



1) avatares de um desejo: pseudo-quasi-qualquer-coisa-do-antro
2) os tempos modernos: boa pergunta ...
3) Artista Anónimo: O mais procurado a seguir ao pipi (meu pipi não "linkado" para não tirar protagonismo ao link anunciado)
4) 4888 mais(+) um(1)
5) Galo de Barcelos: Ai Portugal, Portugal ...
6) Tolentino: Conheço um canário chamado Nicolau. Se é ele, então, bem-vindo à blogosfera.
7) PurPrazer: Todo-o-Dia? Gabo-lhe a fleuma!
8) uazou.net: Também tem pássaros. E canta lindamente.
9) Thelma & Louise: Aproveitar o máximo de tempo com elas antes que se atirem do penhasco.
10) a conspiração: Acho isto muito estranho
11) Rato Perverso: Portanto, Morcego.
12) O blogue do Lauroderme: Pior que o do Halibut mas, mesmo assim, digno de referência.





segunda-feira, setembro 22, 2003


Correcção ao post anterior


Depois de mais de 36 horas sem dormir, deixa de ser até segunda, passa a ser até terça.
Quem quiser que deixe mensagem. Vou dórmire até ter calos na bochecha.





sábado, setembro 20, 2003


Descanso


Depois desta piada de extremo mau gosto este blog aproveita para descansar.
Volta segunda.






ILGA!


As autoridades portuguesas andam preocupadas com uma nova e perigosa moda que ultimamente se repete nas estradas portuguesas. Jovens homossexuais convidam amigos para o banco de trás das viaturas, para depois se envolverem em choques frontais a 50 km/hora.
É que são 2 toneladas a atacar por trás.





sexta-feira, setembro 19, 2003


Noite, ké que ié?


É dórmire!






Que andas tu a fazer Pedro?


Uma medida recentemente anunciada por Pedro Santana Lopes provocou nas últimas semanas uma abusiva utilização dos meus neurónios (normalmente três).
O homem do lenço decidiu livrar Lisboa dos grafitis e, com a ajuda dos dinheiros da câmara e de equipas especializadas(?), promete uma acção de limpeza eficaz e permanente. Ora, este permanente é que me deu a volta à cabeça, pois não entendo como se pode limpar uma parede e ao mesmo tempo evitar que torne a ser pintada. Porém, hoje fez-se uma luz, e fiquei plantado no meio de um passeio, aterrorizado, de braços caídos (em claro sinal de desespero). Será que vai colocar em todos os muros de Lisboa cartazes com a inscrição: "Já reparou que limpinho que isto está?"






Ofertas macabras


O meu jornal habitual oferece hoje um livro do tintim e dessa forma terei finalmente um exemplar de um dos personagens de BD mais famosos. A razão de tal inexistência na minha estante prende-se com um trauma de infância. Quando eu era pequenino (notem a musicalidade desta frase), abri um destes livros que pertencia a um primo meu, e a primeira imagem que surgiu, e para sempre aterrorizou a minha concepção do rapaz da popa, foi o tintim transformado em saca-rolhas. Esta imagem perseguiu-me para sempre e, juntamente com as bonecas (do Barbarella?) e o palhaço do Poltergeist formam o triângulo dos meus traumas visuais. Mas isso agora não interessa nada.





quinta-feira, setembro 18, 2003


Respirar


Hoje sinto um vazio na blogosfera talvez derivado do pássaro que se tornou anjo, ou então, causa dos desabafos de FNV. Em ambos os casos está presente a morte, uma das regras mais fundamentais da existência dos seres que mais assusta a humanidade. Todos os seres vivos temem a morte, no sentido que todos a evitam, mas o humano é o único que teme a possibilidade de um dia morrer. A zebra foge da leoa, ambas impulsionadas pelo instinto de sobrevivência, enquanto o homem foge da inevitabilidade por egocentrismo, a própria morte, ou pelo medo de sofrer, a morte dos próximos. Até a tristeza pela morte de um desconhecido, numa estrada, no mar, num avião, espelha a nossa negação em encarar de frente o ciclo da vida, porque o que realmente sentimos é o terror de não controlarmos o nosso destino. Celebramos o nascimento mas evitamos o confronto com a morte embora ambos representem de igual forma a respiração de um planeta, que para se manter vivo, transforma-se diariamente num perpétuo movimento de evolução, numa procura constante por um equilíbrio que sustente da melhor forma a vida que nele habita. É da natureza que devemos retirar um valioso ensinamento, uma vez que, para o planeta, um nascimento e uma morte constituem pequenas "peças" de uma gigantesca máquina de prolongar a vida. Aproveitem-se então todos os milésimos de segundo passados ao lado de uma existência que respira, pois quando o deixar de fazer, recordar-nos-á que "faz sentido" viver. Respiremos uns com os outros, e se possível, em conjunto.






Memória


‹‹Fernando Cameira, faleceu no dia 3 de setembro, no entanto deixou-nos um universo como só ele poderia criar.
Deixou-nos a sua arte, deixou-me a lembrança do seu amor incondicional. Eu sinto-me mais forte que muita gente que nunca perdeu o "seu tudo" e que tenha a felicidade (muitas vezes ignorada) de chegar à velhice (porque velhice não é uma palavra ruim) com uma pessoa que pensou "aceitar". Porque do nosso tempo, que foi tão curto, foi aproveitado cada milésimo de segundo e dissemos EU TE AMO toda a vez que apeteceu. Foi pouco o tempo que tivemos com o Fernando, mas foi tempo topo de gama.
O Veneno Eficaz não se despede, pois não se pode dizer adeus a alguém como o Fernando..... a vida ficaria sem sentido.››


por Lia Cameira






Pesadelo


Acordo da pior forma possível. O despertador, mal regulado, decide tocar de madrugada com o "Never Gonna Give You Up" de Rick Astley que tanto aterrorizou a minha infância. Levanto-me e apalpo paredes às escuras até achar o interruptor e, ao acender a luz, o espanto invade a minha face, a minha casa está completamente vazia. Os móveis desapareceram e com eles livros, revistas, filmes, roupas, tudo misteriosamente apagado da existência do meu lar. Lá fora já o dia nasceu (como!?), e na parede onde antes se encontravam os quadros, dezenas de relógios marcam 2:00 da manhã. Esfregando os olhos aproximo-me da janela (o que é isto!?), a minha rua, a minha zona, sem prédios, sem carros, sem pessoas, sem o café do rui, apenas um vasto deserto do qual não se conhece o fim. Saio de casa, desço as escadas apressadamente, detenho-me à porta da rua contemplando a imensidão da areia amarela tremendo sob o efeito do calor. Largo a porta de entrada que bate violentamente e logo uma voz me avisa repetidamente - Isso não é correcto, isso não é correcto - Olho para a direita e vejo o José Castelo Branco segurando uma corda na mão à qual está presa a Paula Bobone que, flutuando como um balão, me aponta o dedo e mantêm o aviso - Isso não é correcto.
Abro a porta novamente e procuro refúgio no prédio mas, ao entrar, não acedo ao patamar mas sim ao interior da casa do Big Brother. Apavorado abro a boca para gritar mas não me sai nenhum clamor das cordas vocais, apenas me sai o berro - Eu sou virgem! - e logo aparece a Teresa Guilherme que avança para mim, deslizando sem mover as pernas, a cabeça movendo-se para os lados num ritmo frenético, e gritando como um disco partido - Isso agora não interessa nada, isso agora não interessa nada. - Tento fugir novamente mas o corpo não reage e quanto mais me debato afundo-me lentamente no chão enquanto a Teresa avança ameaçadora. Quando estou quase a afundar-me totalmente sustenho a respiração, imaginando ser encarcerado em cimento, mas ao atravessar todo o solo, aterro numa sala pintada de tons de azul. À minha frente, sentados numa mesa, Paul Thomas Anderson, Alfred Hitchcook, Jane Campion e Martin Scorsese que me dirige a palavra - Olha. Para ser sincero, tu foste a pior coisa que já passou por aqui. Experimenta outra coisa qualquer porque para isto não tens jeitinho nenhum. - Todos os presentes concordam e eu, com lágrimas nos olhos, abandono a porta. Pedro Granger e Sílvia Alberto correm divertidos ao meu encontro perguntando se passei, ao que eu respondo emocionado - Não, não passei. Mas eu vou provar pá, eu vou provar que os gajos estão enganados". Ao ouvirem isto os apresentadores soltam um grito altamente estridente e desaparecem no ar. À minha frente milhares de crianças com números impressos nas camisolas olham-me, reprovadores, e avançando para mim abrem e fecham as bocas, cobertas de aguçados caninos, e sempre, sempre, gritando: - Batatoon!.
Com um salto lançam-se para mim e então acordo. Coberto de suor, olho à minha volta, o cão ressona no chão, o som de um carro distante atravessa a noite calma e, à minha frente, a televisão anuncia uma polivalente máquina de descascar vegetais. Abro a janela, pego na televisão, atiro-a para a rua, apago a luz e adormeço num calmo e profundo sono.





quarta-feira, setembro 17, 2003


Ornitologia


Quando me encontro a descansar no ninho gosto de observar, através das ramagens cobertas de folhas verde natura, os miúdos a brincar junto à arvore. A menina da bicicleta com as tranças ao vento; as disputas entre índios e cowboys; os temíveis aviadores, pilotando as suas fortalezas aladas carregadas de Smart-Water-Bombs; as inocentes brincadeiras "às famílias". Existe no entanto um gaiato que muito estimo observar que, transportando um carimbo na mão, corre atrás das crianças assustadas para lhes imprimir números na testa. Lembro-me do menino sentado no chão, a chorar baba e ranho, com um 79 na face, que dizia: Foi o Carimbador!
Este nosso amigo deixou carimbado na árvore do amor a vontade de ser um cuco. Consultei então a minha "Grande Enciclopédia Multimedia da Passarada" (Edição com bonecos e assinada pelo professor Marcelo que decorou os 376 volumes antes que eu conseguisse dizer TVI) e procurei relacionar as várias entradas com o pedido do miúdo dos carimbos.

Vol. 27, página 3 - Beija-flores: Aves belas, soltas, e criativas, que ao beijar as flores transportam até nós o doce néctar que nos aqueçe o coração e nos coloca um sorriso nos lábios.

Vol. 3, página 220 - Andorinhas: Aves femininas cujo cantar é doce como a primavera.

Vol. 42, página 5 - Cotovias: Aves que denotam especial interesse por livros.

Vol. 44, página 300 - Corvos: Ave de penas negras, proveniente da região de Lisboapos.

Ora cá está!

Vol. 46, página 43 - Cucos: Aves que, como os relógios, encontram-se sempre em cima do acontecimento. (ver também falcões, apêndice B)
Cucos, Apêndice B - Falcões: Ave da família dos cucos cuja característica são as constantes trocas de bicadas entre si.

O Carimbador gostaria de ser um cuco, mas será esta a melhor roupa para vesti-lo? Ou será um beija-flor? Ou haverá nos grossos volumes outra definição que ainda não estudei? O que pensará disto o gaiato?






Apagão


A aproximação do trabalho, depois de sete meses de penúria, está a roubar-me tempo para o blog. Mesmo assim, hoje, numa pausa para café, escrevi e preparei qualquer coisa para pôr aqui. Ao regressar a casa, e após a minha ronda pelos "suspeitos do costume" preparei-me para transformar as minhas palavras escritas a caneta em letrinhas formatadas por computador. Foi então que qual Nova Iorque, o triângulo das bermudas ficou sem luz, eram 22:00h sensivelmente. A luz só agora voltou (1:45h), mas os meus leitores tem de esperar até amanhã (mais logo). É que neste momento estou perdido de amores por estar deitado na cama, no escuro da noite, ouvindo uma senhora cantar numa velha telefonia a pilhas. Obrigado EDP.





terça-feira, setembro 16, 2003


Queimem os prontuários


Recebido por mail:
Sguedno um etsduo da Uinvesriadde de Cmabgirde, a oderm das lertas nas
pavralas nao tem ipmortnâcia qsuae nnhuema. O que ipmrtoa é que a prmiiera
e a útlima lreta etsajem no lcoal cetro. De rseto, pdoe ler tduo sem
gardnes dfiilcuddeas... Itso é prouqe o crebéro lê as pavralas cmoo um
tdoo e não lreta por lerta






Inesperado


A "Multidão dos amigos do flash - 1ª Edição" foi um redondo fracasso. Eu estou farto de ficarmos sempre atrás dos outros países onde as mobs são sempre bem sucedidas. Resolvi então criar a próxima Flash Mob cujo programa passo a divulgar:

Flash Mob Portucalense

Local: Colombo Shopping Center
Data: Sábado, 20 de Setembro

16:00 - concentração no interior do Colombo.
16:01 - ver as montras
16:03 - dispersar





domingo, setembro 14, 2003


Ó Maria! Tá um carro na gaiola!


Para os possuidores de canários que se orgulham dos dotes vocais das suas mascotes, experimentem ouvir isto.

"The lyrebird, which Sir David Attenborough meets on a log in a dense forest in Australia, is the bird world's best mimic. It can imitate 12 other birds. It does the whirring of a camera's motor drive and the click of a shutter. It repeats the engine of a car, and the din of a car alarm. It can even imitate the screech of the chainsaw wielded by the loggers coming to cut down its habitat."

Se quiserem saber mais, abram essas asas e voem até aqui.






Manter o nível


Achei no mínimo curiosa a fotografia, que acompanha o artigo sobre os novos produtos Lâncome para homem, publicada na Pública de hoje.
Eu até ia fazer um comentário, mas há de certeza menores a ler este blog.





sábado, setembro 13, 2003


Uma doce promessa


Não há muito tempo, decorriam em Lisboa as campanhas para as Autárquicas, o meu amigo Pedro prometia devolver Lisboa aos Lisboetas proporcionando aos jovens a compra de casa na cidade. Jovens que nasceram e cresceram nessa bela cidade que a luz tanto ama, mas que a abandonaram para habitar os arredores economicamente apetecíveis. Eu fui um desses jovens, obrigado a deixar o meu local de eleição e trocá-lo pelo triângulo das bermudas. Passo a explicar.

Este célebre triângulo alberga nas suas pontas, três zonas dos arredores Lisboetas. Numa das pontas, encontra-se Alfragide, terra de emigrantes Alfacinhas mais conhecidos por trabalharem em bancos e conduzirem carrinhas Audi compradas em suaves prestações de 478 meses.
Noutra ponta, o Bairro da Boavista, melting pot étnico e cultural, terra de emigrantes, mais conhecidos por assaltarem bancos e conduzirem carrinhas Audi compradas através do crédito do alheio. Na última ponta deste misterioso triângulo, o Bairro do Zambujal, para qual ainda não foram efectuados estudos sociológicos e onde a Audi afirma desconhecer a sua quota de mercado. A minha modesta habitação, encontra-se bem no centro deste triângulo, numa zona, que embora alguns denominem de Estrada do Zambujal é, mais conhecida por Terra de Ninguém. Ora, os habitantes de cada ponta não invadem nunca nem o centro nem as outras pontas do triângulo, que se mantêm estranhamente equilibrado por um complexo mecanismo de forças de repulsa e atracção que automaticamente se anulam. Vários estudos, desde pesquisas térmicas a sondas nucleares de grande profundidade, foram efectuados no interior do triângulo mas nunca se conseguiu desvendar a razão da "paz podre" que reina no seu interior.

Como me preocupam as questões de saúde e antes que me nasça uma orelha nas costas, fruto das estranhas radiações do triângulo, resolvi seguir o conselho do meu amigo Pedro. Abri então o jornal e procurei um modesto T3 (já a contar com um futuro rebento) no coração da minha amada Lisboa. Consultei os preços dos imóveis disponíveis e fiz a minha escolha. Agora, espero com alegria receber no correio o contrato de 2 filmes em Hollywood, o bilhete do Loto2 premiado ou a herança do meu tio rico do Brasil. Qualquer um deles deve estar a chegar. Hoje não havia nada, mas chega de certeza na segunda, afinal, o Pedro prometeu, e o Pedro não falha. Já reparou?






Quanto tempo falta em Lisboa:


Para ver um cartaz que diz: "Já reparou que há um novo cartaz 20 metros mais à frente?"






Laranja cinza


Vou até ao cantinho da Charlotte que avisa, olho para a janela, vejo o céu Lisboeta coberto de fumo laranja. É realmente assustador. Veio lembrar Lisboa que o país ardeu.






Mulheres perdidas


Os meus leitores regulares conhecem a minha dedicação em proclamar as virtudes e prazeres de um casamento duradouro, de uma vida construída a dois, da adaptação aos poucos de duas pessoas que se amam e dia após dia "afinam" o equilíbrio de se tornarem um só. Sei, no entanto, que existem casos em que o casamento, em vez de uma libertação dos sentidos, se torna numa prisão psicológica e temporal. Refiro-me ao caso das mulheres perdidas.
As mulheres perdidas apaixonaram-se muito novas por aqueles que causavam impacto no grupo, pela beleza exterior, admiração dos restantes, ou posição social destacada, casando numa altura em que o seu interior não se encontrava desperto para o interior dos outros. Os anos passaram, as mulheres amadureceram e cresceram mas não foram acompanhadas pelos companheiros que, parados no tempo, teimam em não abandonar a rotina, os tiques, os gostos, a maneira de ser do passado. Essas mulheres vêem-se agora entre o amor que as ligou no passado, o amor que as mantêm ligadas no presente, o amor que procura forças que mantenham as ligações no futuro. São mulheres perdidas, agarradas aos seu amor mas presas por ele, pela família, pela habituação, por saberem o que seria ter de começar de novo. Mulheres que querem voar e não sabem como. Sentem-se belas, ainda, e as vestes moldam docemente o corpo, ainda jovem, de cujo ventre brotaram novos amores em forma de criança que recebem o dedicado amor de mãe, mas como dizia a mãe do poeta: "Como mamã, sou feliz, mas uma mamã não é só uma mamã, também é uma mulher."
Observo estas mulheres, que se sentam horas seguidas no café olhando o vazio, cujos tristes olhos não conseguem esconder a verdade por detrás da máscara, e as suas bocas, das quais já não saem palavras, fecharam-se com a mente que abafa os avisos e vontades do coração. Desses corações esquecidos e arrumados no tempo, que tanta dor causam no meu que conhece o descanso de um amor acertado, que ao aprender diariamente, evolui e cresce.





sexta-feira, setembro 12, 2003


Fui ao BigBrother - 2


Jardim. Migalhas e Inês sentados à beira da piscina.

Inês: Que seca! Não dá para saber nada do que se passa lá fora, tás a ver?
Migalhas: Engraçado, hoje de manhã pensei nisso.
Inês: Ké que curtias saber?
Migalhas: Por exemplo, se o Colin Powell já conseguiu um acordo com a ONU.
Inês: Pois ...

Inês pensa um pouco.

Inês: Esse é aquele que faz o filme da cabine telefónica não é?

Migalhas olha para Inês. Pequena pausa. Migalhas levanta-se e dirige-se ao confessionário. Entra e senta-se.

Voz no confessionário: Boa tarde.
Migalhas: Boa tarde. Era para saber se é possível ter um taco de basebol na casa?






Um dia para respirar


Aproxima-se mais um dia europeu sem carros. O Sr. Pedro de Lisboa, que no ano passado recusou a absurda iniciativa, volta este ano a abraçá-la tentando, qual alquimista, transformar ineficácia em boa vontade, alcatrão e monóxido de carbono em ouro. Os senhores "Quercus" e demais verdinhos (desses que acham que levamos demasiados animais para a praia e, ao mesmo tempo, condenam deixá-los num apartamento) já batem palmas enquanto apontam o dedo da vergonha ao Sr. Rui Rio.
Uma vez por ano, pedalamos as bicicletas 5 de Outubro abaixo, enchemos os pulmões com o ar puro da Av. de Roma (misteriosamente purificado de um dia para o outro), proporcionamos um delicioso espectáculo em quedas de skate na Liberdade. Todos batemos palmas e, ao final do dia, juntamo-nos em grandes grupos para adorar o cartaz: "Já reparou que não há bichas em Lisboa?".
Mas a vida tem de continuar, e no dia seguinte voltamos à poluição, aos transportes que de tão lotados nem param, aos carros nos passeios, à Lisboa sem portagens. Devemos no entanto ser optimistas e ter paciência. Já só faltam 364 dias para respirarmos de novo.





quinta-feira, setembro 11, 2003


Hoje, só um post


Há dois anos atrás, biliões de pessoas em todo o mundo disseram: amo-te





quarta-feira, setembro 10, 2003


No parapeito


Só agora descobri este suave local. É para este nível de beleza que serve a blogosfera.






Ainda a nostalgia


O NCS fez-me lembrar o fim de férias da infância. Não são as antigas redacções que me deixam a saudade. São as cartas. Regressar a casa ainda com areia nas camisolas e sentar-me a escrever cartas destinadas às amizades deixadas no Sul. Estar no quarto a olhar os cadernos, ainda por escrever à espera de uma sala de aula, e a minha mãe, chegada do emprego, trazia-me o correio. Eram eles. Eram elas. Chegavam sempre bem a casa, e ali se iniciavam as longas conversas em folhas de papel A5, narrando os dias, as notas, o Natal, os novos namorados e, até, confissões de amor que a timidez não permitiu meses atrás, sentados à beira-mar. Os "suspeitos do costume", afastados fisicamente trezentos e sessenta e cinco dias por ano, nunca se separavam. Estavam ali, à distância de um envelope aberto.

As cartas acabaram. Veio o e-mail e, com ele, a possibilidade de falarmos diariamente com aqueles que amamos, conhecer melhor aqueles que gostamos, novas amizades criar. Não abraçámos essa revolução. Comunicar hoje, é colocar cruzes em caixas e de uma só vez falar com todos os que conhecemos. Enviar a foto do poste no meio da estrada; pedir sangue; adoptar cães que há 3 anos que vão ser abatidos; As conversas resumem-se a isto e, já ninguém se ofende se não existir uma única palavra a acompanhar as missivas. Maravilhosa aldeia global que a todos nos separa.

Talvez alguns de nós inventem mails. Não podemos censurá-los. Querem interagir uns com os outros. Lembro-me de Carl Sagan quando lembrava que somos biliões neste planeta e, no entanto, procuramos constantemente vida lá fora.
Será que os marcianos se escrevem?






Fui ao BigBrother


Gosto de imaginar situações pelas quais não irei passar. É a mania dos filmes. Desta vez tratou-se da minha participação no BigBrother. Estamos a meio da primeira semana de programa. Encontro-me na sala a ler um livro. Passa o Rui.

Rui: Tás a fazer man?
Migalhas: A ler um livro.
Rui: Granda cena man. Mas tás bem?
Migalhas: Estou óptimo. Descontrair um pouco.
Rui: Eu entendo pá. É esta cena da casa e o pessoal cruza-se a toda a hora. Eu também sinto isso pá. Sabes man, tou até a ficar assim emocionado, tás a ver?

Chega a Inês

Inês: Tão a falar do quê?
Rui: Ó pá cenas. Esta cena da casa tás a ver?
Inês: Ya. Eu também sinto essa cena. Tás a fazer?
Migalhas: A ler um livro?
Inês: Ohh tão fofo!
Rui (para Inês): Queres ir comer bolachas?
Inês: Bora! Xau fofo.
Migalhas: Xau ...

Pouco depois na cozinha

Inês: Eu acho que ele é um fofo. No principio não achava, mas depois. E a cena do livro pá.
Rui: É assim, se queres que te diga acho que o gajo tá é a fazer-se vitima, para ver se a malta lhe dá atenção.
Inês: Ya. Se calhar tens razão. Agora também já começo a topar a cena.
Rui: Eu se calhar vou nomeá-lo. Ó pá, não é não gostar tás a ver, mas tem de ser um de nós.
Inês: Eu também já tinha pensado em nomeá-lo. Mas não é que não o curta imenso, sabes. É um fofo e assim mas tem de ser um pá.

Pequena Pausa

Rui: Bora lá fora ver se dá pa ver o monte?
Inês: Bora!






Assuntos inacabados


Júlio Isidro, essa figura incontornável da televisão, afirmou, em declarações à revista TvGuia, que seria incapaz de apresentar um BigBrother. Acho muito bem. Mas também acho que o digníssimo apresentador deveria voltar às lides do Clube Disney. Andei eu, durante anos, a recortar vinhetas dos livros do patinhas, danificando para todo o sempre insubstituíveis clássicos da literatura universal, na expectativa de uma viagem à Disneyland que nunca me foi sorteada. Shame on you, a destruir os sonhos de uma criança. Ide Júlio, ide lá outra vez apresentar o programa que eu, de caminho, vou já aos correios comprar selos e envelopes. Ah Carago que é desta!






Para a Sandra


A amiga Catarina referia que eu andava "virado para a nostalgia" (palavras minhas). Tem razão. Virei-me nesse sentido ao olhar a placa onde se podia ler "saudade". Saudade do dia em que combinámos a data; do nervoso miudinho enquanto te esperava; de te ver a entrar belíssima, de branco vestida; de rirmos com a decrepidez do padre que teimava em não acertar nos nomes; da primeira valsa contemplando o teu olhar; de raspar bavaroise do vidro do carro, sem água disponível; de entrarmos aperaltados numa pastelaria do Luso e sermos tratados como reis do Mónaco; dos morangos com chocolate; do meu suor no avião; de andar de cabeça para baixo em terras do Mickey; do comboio; dos guardas de fronteira alemães "armados" em serviços secretos; de Salzburg; da água; dos montes; do veado que passou; das Milkas; dos passeios; de ligarmos à minha mãe; do sósia do Tuckleberry e da Pita ‹‹Bita Ya Ya Ya››; de sermos olhados com espanto perante a excitação de descobrir café "à séria"; do regresso.
Saudade do começo. Saudade do passado. Adoração do presente. Vontade do futuro.





terça-feira, setembro 09, 2003


Estatuto Editorial da Origem do Amor


Para comemorar os singelos dois meses de existência deste blog, resolvi tentar criar o estatuto ou manifesto editorial do mesmo.
Como percebo tanto de jornalismo como de Joni Mitchell, através da pesquisa e estudo de outros estatutos, tentei chegar ao mais sincero manifesto que abaixo passo a redigir:

A ORIGEM DO AMOR assume-se como um blogue sem qualquer dependência de ordem ideológica, política e económica.

O seu autor define-se como sentimental, romântico, justo e, compreensivo, alargando estas virtudes (ou defeitos) a tudo o que escreve n' A ORIGEM DO AMOR.

A ORIGEM DO AMOR não sendo um blogue para os amigos é, no entanto, um blogue amigo.

O seu autor tentará manter, sempre que possível, um tom descontraído e solto nos posts a publicar, evitando, polémicas, sensacionalismo, e guerras "bloguisticas".

A ORIGEM DO AMOR não responderá, nunca(!), a ataques meramente destrutivos, aceitando com prazer qualquer critica ou chamada de atenção, desde que, de carácter construtivo.

O seu autor tentará, na medida do possível, responder a todas as mensagens a si dirigidas, independentemente da origem e conteúdo das mesmas.

A ORIGEM DO AMOR não reconhece no Site-Meter um índice de qualidade. Todos os blogues merecem o respeito e atenção deste blog.

O seu autor ao referir outro autor, ou outro blog, não espera ser mencionado ou de alguma forma retribuído. A liberdade de cada "blogger" é um direito fundamental a respeitar.

A ORIGEM DO AMOR e o seu autor assumem-se como Portugueses, optimistas, e acreditam no futuro.

O seu autor, embora tenha já descoberto o amor, promete não abandonar a incessante procura da origem do mesmo.






Auto-Estalo


Porque não perdemos nós (portugueses), ao mostrar um trabalho, um texto, etc, a mania de avisar: ‹‹Ainda me faltam acertar umas coisas›› ?
Quando deixaremos de levantar escudos defensivos às criticas, e acreditar naquilo que fazemos?

Aviso: Este post ainda não se encontra na sua versão final e revista.






Os pilares da confiança


Várias vezes me tem ocorrido, quando parado numa fila de trânsito, sob ou sobre um estrutura, que tal construção pode eventualmente ceder.

2ª Circular. Sentido Benfica - Aeroporto. O carro avança na estrada, livremente, deixando para trás a Luz, passando pela torres espelhadas, para de seguida se deter na compacta fila absurda que aparece por magia e, mais à frente, noutro misterioso passo mágico, desaparece sem deixar rasto. Avanço a passo de caracol, como no carro do Armando (um pouco parado, um pouco andando), tentando expulsar dois minutos de apreensão e nervosismo ao circular por baixo do pesado Eixo Norte-Sul. Convenço-me de que não há nada a temer. Num país evoluído como o nosso, esta estrutura é, seguramente, de confiança.

Zona de Alcântara. Viaduto metálico de ligação entre as Docas e a 24 de Julho. Nova fila de trânsito, novo efeito-Armando. Os aderentes e estáveis pneus 195 da minha viatura, firmemente apoiados num tapete de alcatrão que mais se assemelha a uma velha manta de retalhos. Partilhando comigo a estrutura, dezenas de veículos, dezenas de vidas; o que regressa do trabalho; a que vai ser mãe; o que ontem tirou a carta, oferta dos pais pela entrada na faculdade; o camionista cansado e o seu amigo de muitas toneladas. Todos confiando na estrutura, que embora abane e trepide ameaçadoramente, encontra-se edificada num pais evoluído e, esperamos, fiscalizada regularmente tendo em conta elevados parâmetros de segurança e rigor.

É no Estado e na sua preocupação em defender os seus cidadãos, que encontramos as forças necessárias para afastar medos que, numa sociedade como a nossa, são absurdos.
Se Domingo caiu uma parede, o Estado tem agora de assegurar-nos que a casa não irá, também ela, cair. Se não tivermos um tecto seguro para habitar, o mais provável é que mudemos. De momento não é altura de nos mudarmos, pois ainda é tempo de mudar.





segunda-feira, setembro 08, 2003


Confissões


Também eu, meus ilustres amigos, tenho uma confissão de blogger a assumir. Provavelmente serei escorraçado como um cão, para sempre banido da blogosfera, uma pedra no sapato indesejável, uma imagem pertencente ao passado que a todo o custo se tentará omitir e esquecer.

Nunca comi sushi.






Pedofilia


Nunca, na Origem, me manifestei sobre o caso Casa Pia. Quando o fizer, e se o fizer, será sempre depois ou durante o julgamento. Até lá tudo não passa de especulação, boato, rumor ou, cobardias muito mentirosas.






Um clandestino em 2004


Pssst! ... Psssssst!






Ineficácia 0 - Empreendimento 3


A poucos minutos do fim do jogo os adeptos portugueses, a cada finta espanhola, gritavam: Olé!
Os poucos adeptos espanhóis em Guimarães e praticamente todos os empresários em Espanha então exclamaram: Olá...!






Parem!


Ainda a tentar regular a respiração, vejo que agora foi o Mata-Mouros.
Ai Jesus, que é desta que eu ponho mesmo o ovo!






Não desejaria tanto


Os notáveis, sensíveis e louváveis senhores (e senhora) do Desejo Casar entenderam que a Origem merecia a espreitadela. É como abrir o nosso livro preferido e, entre o 3º e o 4º capítulo, encontrar o nosso nome.






Leituras


" A mãe e o filho estavam estendidos lado a lado nas camas gémeas e a mãe lembrava-se de que dormira assim ao lado de Jaromil até ele ter seis anos e de que então era feliz; disse para consigo: é ele o único homem com quem fui feliz numa cama de casada; de início, o pensamento fê-la sorrir, mas quando viu outra vez o olhar meigo do filho disse para consigo que aquela criança não só era capaz de a afastar das coisas que a afligiam (portanto de lhe dar a consolação do esquecimento), mas também de a escutar com atenção (portanto de lhe trazer o reconforto da compreensão). ‹‹A minha vida, quero que o saibas, está longe de estar cheia de amor››, disse-lhe ela; e noutra altura, chegou a confiar-lhe: ‹‹Como mamã, sou feliz, mas uma mamã não é só uma mamã, também é uma mulher.›› "

A Vida não é aqui de Milan Kundera






Die Voëgel


Enchem os céus azuis, piruetas, voos rasantes e picados, a doçura de um suave planar. Um melrus bisturicos que sempre pia doces palavras aqui ao pardal; um pintassilgus absurdos; um fuselos fumatoris que me segue por entre as nuvens; uma gaivotis valentina marcando cuidadosamente a areia com suas patitas; um canarius adufus que não ignora. Já tonto de tanta reviravolta pouso numa rocha banhada pelas ondas. Ainda observo, recebendo o ar fresco na cara, passar ao longe um cucus carimbus agitando as penas ao vento. Até o Ramos de Oliveira ali voava. As alegrias desse dia foram tantas que por pouco não pus um ovo!






Memórias


A Neurótica centrifugada anda virada para a nostalgia. Procura esses rostos e locais do passado, vagamente esquecidos na memória que, de tempos em tempos, nos batem à porta da saudade, curiosidade. Olivais 2, Luís, Adriana, onde estão vocês? Putos dos pioneiros, nadadores de 88 do Benfica, mais tarde do clube Tap, Pioneiros, Verney, Afonso, pessoal da Manta Rota, Puchotas in the Night, guitarradas, Sónia Ticha e Bene, o Serra, o fininho, a Liliana, e esse Miguel Barros, oh, onde andam vocês? Peugeut 106 49-80-AH, quem te toma agora nas mãos e te passeia docemente nas estradas?






Você é bom na cama?


Confesso a minha inclinação para testes. O seu casamento vai bem? É uma pessoa segura? Teste o seu libido. Cruzinhas espalhadas, aqui e ali a, b, c, contabilizar, pontuar, saber quem sou. Não era um teste o que os Avatarovich postaram, mas como todos assim o entenderam resolvi experimentar.

1- Ler a coluna de opinião do Público e do DN
R: Não. A leitura de 1689 colunas de opinião blogosférica tira-me o tempo para ler o DN.
2- Usar o google com perícia para se armar nas discussões em curso.
R: Não. Utilizo diariamente o google para procurar a Jordana Jardel desnudada. Sim meus amigos, sou eu.
3- Conhecer a biografia de pelo menos um destes famosos: JPP, FJV, PM
R: Não. A única biografia que estive perto de conhecer foi a da Paula Bobone, embora nunca tenha conseguido ir além da 3ª página. Prometo um dia fazer um esforço e ler as 2 páginas que me faltam.
4- Utilizar o Pedro Rolo Duarte como o anti-cristo local.
R: Não. Eu cá é mais Luís Delgado.
5- Ter um clube de afeição para poder postar às segundas-feiras.
R: Sim. Eu ter até tenho. O problema é a vergonha das segundas-feiras.
6- Ter um poema de reserva para citar quando o site-meter der mostras de fragilidade.
R: Não. Manterei a técnica Jordana Jardel
7- Tratar por "tu" a vida e obra de Tolstoi
R: Não. Nunca gostei de ópera.
8- Fingir ardor nas discussões mesmo que o tema seja indiferente.
R: Não. Sou muito mau actor.
9- Saber onde é que o Iraque fica no mapa.
R: Sim. Na parte da frente.
10- Falar das respectivas apenas quando já se tem uma reputação consolidada ou mais de 30 anos.
R: Não. Aqui não há brincadeiras. 27 anos, traste, casado, muito feliz.
11- Fazer periodicamente a ode de um cineasta de que ninguém ouviu falar.
R: Sim. Fui apanhado. Quem me mandou falar no Roland Emmerich
12- Fazer uma alusão à Fnac de 15 em 15 dias.
R: Não. Infelizmente, tempos de crise e contenção.
13- Tentar juntar copos e livros no mesmo post para dar prova de excentricidade
R: Não. A melhor definição é: bebedeira
14- Dizer uma asneira de vez em quando.
R: Talvez. Meu Pipi conta?
15- Utilizar o dicionário online para apoiar a escrita.
R: Não. É o da Porto Editora e serve para apoiar o cinzeiro.
16- Inventar mails recebidos para dar um ar de interactividade ao blogue
R: Sim. Sou eu próprio que me escrevo.
17- Dar algumas gralhas para mostrar um certo negligé.
R: Sim. Passarada é cá com o migalhas!

Ora 11 não, 5 sim, 1 talvez. Fiz as contas. Resolvi dedicar-me aos comboios em miniatura.





sábado, setembro 06, 2003


A batalha dos 4 dias


Encostado à ombreira observo o inimigo, analiso, calculo hipóteses, planeio ataques, prevejo defesas. Respiro fundo e, decidindo-me pelo ataque surpresa, avanço pelo matagal de folhas, rascunhos, suplementos de jornal, cortando aqui, rasgando ali. As folhas multiplicam-se à minha volta, ameaçadoras, analisando-me. Alcanço a primeira clareira. Um silêncio demasiado calmo rodeia-me e sinto-me observado por dezenas de predadores olhares. Sou atacado de surpresa! Uma conta da TVcabo atinge-me os rins deitando-me ao chão; publicidade do BES prende-me firmemente os membros, enquanto, livros, canetas, caixas, lâmpadas velhas, cd-rs gravados e pastas avançam na minha direcção com espuma de raiva nos lábios. Saltam em mim ao mesmo tempo. Luto com todas as minhas forças uma batalha inglória e injusta. Sou completamente envolvido no turbilhão de velharias e objectos recicláveis, falta-me o ar, sinto-me a desfalecer. Antes de perder os sentidos ainda consigo libertar uma mão que, trémula, ainda consegue escrever: As arrumações continuam. Volto segunda.





sexta-feira, setembro 05, 2003


Em memória


Exactamente há três anos morreu uma pessoa que me era muito especial, uma pessoa que deveria ser especial para todos. Não publicou livros, não inventou vacinas, não ganhou prémios, não foi famosa. Foi sempre ela própria, o que representou ser sempre alguém muito especial. Alguém que não se conhecia outra expressão que o sorriso, que se revoltava com a maldade, que amava o próximo. Essa era a sua especialidade: Amar. Não me deu a conhecer os mestres da literatura, as passagens da história ou, os sons do mundo. Deu-me a conhecer a humanidade, deu-me a conhecer o amor ao próximo. Ao partir, transformou-se na minha mais importante bandeira a seguir. Tornei-me mais calmo. Essa pessoa, desejava o melhor para mim e gostaria de me ver desempenhar grandes feitos. Mantenho essa procura de estar à sua altura e à altura da sua imagem e maneira de entender o mundo e, quem nos rodeia. Não realizei filmes como tanto quero, não escrevi livros, não sou famoso, nem sei se alguma vez desempenharei estas funções. Mas o objectivo já foi atingido e o desafio é manter-me igual a mim mesmo, igual a ela: Justa, terna e carinhosa. Desde há três anos que o melhor elogio que alguém me pode dar é: Tal e qual a mãe.





quinta-feira, setembro 04, 2003


PORTUGAL DAS GORDAS


Portugal é, definitivamente o país das gordas. Antes de me apedrejarem por comentários hostis, e adoração à anorexia, convém prosseguir a leitura da posta. Portugal venera, comenta, especula, afirma, as gordas.
Já não é novidade que o grau de iliteracia, dos portugueses, encontra-se ainda em níveis absurdamente altos, embora o analfabetismo venha a diminuir constantemente. Portugal já sabe ler, assim como já tem um parque infantil, mas não compreende o que lê. E o que lê Portugal? As gordas. Tomemos em consideração os seguintes exemplos:

a) Notícia (Gordas): CAMACHO AVISA ROGER QUE PODE PROCURAR CLUBE

A maioria dos leitores portugueses interrompe a leitura aqui. Deduz que o espanhol, treinador das águias, está saturado da atitude do jogador Roger, convocando-o para o lote dos dispensáveis.
Porém, uma leitura completa do artigo revela factos excluídos do cabeçalho. No final do jogo com a Lázio, Roger, ao ver-se envolvido em dois lances infantis, um dos quais deu origem ao golo do adversário, pediu a Camacho que o deixasse sair do Benfica. Camacho acedeu ao pedido de Roger afirmando-lhe que podia procurar novo clube.
Conclusão a) A leitura total da notícia revela que não existe nenhuma razão de polémica entre jogador e treinador. A existir algo seria, antes de mais, um acordo entre as partes.

Agora para uma fasquia mais exigente.

b) Notícia (Gordas): AUNG SAN SUU KYI EM GREVE DE FOME

Este cabeçalho foi redigido no Público de 2 de Setembro 2003. Ao meu lado num café encontrava-se um casal de namorados com esse mesmo Público. Eu, que ainda não lera o jornal nesse dia, ouço o seguinte comentário:
ELE: Aquela chinesa da Birmânia está em greve de fome...
ELA: E achas que adianta alguma coisa...?
ELE: Pois. É sempre a mesma treta.
Curioso, analiso a notícia. A mesma, foi avançada pelo porta-voz do Departamento de Estado Americano que não divulgou qual a fonte da notícia, recusada por um porta-voz governamental em Rangun, e colocada em dúvida pela BBC.
Conclusão b) A leitura total da notícia transforma o cabeçalho da mesma em especulação, até que mais dados sejam revelados.

Estes dois casos espelham o quotidiano português e as suas conversas de ocasião. O português é como o miúdo sentado à mesa que quer ir brincar antes de acabar a refeição. O português sente a mesma excitação para comentar um artigo logo a seguir à leitura do cabeçalho. É comum, ouvir-se nos cafés o cliente que acaba de ler as gordas dirigir-se ao empregado com um: "Já viu isto!? Então o gajo agora vem dizer ..."

Várias áreas da nossa sociedade conhecem modos eficazes de tirar proveito desta "leitura na diagonal", desde a Política à Comunicação Social, explorando dessa maneira o Portugal das Gordas.





quarta-feira, setembro 03, 2003


A limpeza e seus dilemas


Nas arrumações de verão surge uma dúvida. O que guardar e, o que deitar fora? Quanto tempo será necessário para que um objecto, à primeira vista dispensável, se transforme numa agradável recordação?






Regresso a 110%


Bloguemos sim senhor!






Les oiseaux


Passaram dois pássaros por aqui. Voei ao seu encontro. O primeiro, um epicucu com tendência para combates de rua, pia-me amigavelmente por trazer-lhe à memória recordações da doce Blimunda. Aceite o amigo epicucu, a saudação deste pardal e do seu cão Blink. De seguida, lanço-me num voo rasante por cima do blog que muito estimo, para ir ao encontro de uma ave irreflexiva (segundo o Dicionário da Academia de Ciências) que concorda com as belezas do casamento. É caso para dizer, só nós pássaros é que sabemos...





terça-feira, setembro 02, 2003


Atear fogos


Pergunta o jornalista a Derlei: Foi uma vitória da raiva?
Pergunto eu ao jornalista: A raiva é merecedora de vitórias?






Livros


Obras que decerto compraria, porventura existissem, ao passear calmamente pela FNAC DO COLOMBO (não vá Pacheco cair-me em cima):

- Caríssimo de Dona Gertrudes
- Blog de vários autores, Colecção Terapias Alternativas
- Obrar de Porta Aberta: As crónicas do Zé de José Maria
- Vender Cautelas de Sr. João, Colecção Depressa e Bem
- Gato Jeremias e o Cão Tótó: Histórias para Adormecer de Luís Delgado
- Filosofia e Televizão: De Plantão a José Eduardo de Gisela Serrano
- Contos de Manuela Ferreira Leite






Meaning of life


Num post recente (cão como nós), afirmei que procuraria as respostas para o sentido da vida nas acções do meu Retriever. Hoje, depois de acordar, desloquei-me até à sala de jantar e, aí chegado, corri freneticamente às voltas tentando apanhar o meu rabo, acabando por bater com a cabeça na esquina da parede, o que me provocou uma forte dor de cabeça acompanhada de tonturas e vertigens. Não me "cheira" que seja este o caminho a seguir.






AVISO


INSTITUTO DE REGISTOS PORTUGUÊS

Resultados do Concurso Público nºOA/2003
(de acordo com o art.º 36587/b do Dec.-Lei 88f4569/b/c/03, 2 de Setembro)

ATRIBUIÇÃO DE LINKS NA COLUNA DA DIREITA

01. Entidade contratante:

A Origem do Amor
http://origem-do-amor.blogspot.com
origemdoamor@netcabo.pt

02. Objecto do concurso:
a) Classificação segundo o regulamento OA nº 554879, do Conselho de 2 de Setembro
b) Quantidade: 5 (cinco) blogs
c) Tipo de contrato a celebrar: Link Permanente clicável
03. Local: Coluna da direita
04. Data-limite: Hoje
05. Nada a referir
06. Nada a referir
07. Entidades contempladas:
a) Abram os Olhos
b) Cerco do Porto
c) Glória Fácil
d) homem a dias
e) Textos de Contracapa
08. Não foi publicado anúncio de informação prévia.
09. O contrato celebrado não é abrangido pelo acordo sobre contratos públicos.
10. Data de envio do anúncio para publicação:
a) Diário da Blopública III série: dia 28 de Agosto de 2003
11. É favor visitar os contemplados.

O Director dos Serviços Administrativos e Financeiros
migalhas







segunda-feira, setembro 01, 2003


Desejas Casar?


A partir do momento em que damos o nó perdemos a possibilidade de repetir a experiência do primeiro beijo, ganhando o delicioso desafio de, todos os dias, beijarmos a mesma mulher como se fosse a primeira vez.






O crime de ignorar


Todos nós provavelmente já experimentámos a desagradável sensação de que podemos um dia morrer estupidamente. Seja num acidente automóvel que evitámos à última hora, numa pontada de dor no peito, nas imagens de um atentado terrorista. Nesses momentos, alguns de nós, pensámos que não era ainda a hora de morrer. Que tal antecipação era injusta. Faltam-nos ler tantos livros, procurar e atingir objectivos, fazer novos amigos, beijar futuros filhos. Sentimos a ténue linha imprevisível que nos sustenta entre o existir e o deixar de ser. Esse medo, receio, é saudável. Mantém-nos agarrados à vontade de ser, aprender, pensar, crescer, interrogar, afirmar, envelhecer, amar e viver.

Um recente estudo do Instituto Superior de Psicologia Aplicada revela que Com base num questionário feito a 234 estudantes do ensino secundário da cidade de Lisboa, de ambos os sexos e com idades entre os 15 e os 21 anos, a investigação revela que 48,2 por cento das inquiridas já desejaram estar mortas, enquanto 35,6 por cento pensaram em suicidar-se.
Quanto aos rapazes que pensaram em pôr termo à vida, foram 19,1 por cento, embora já tenham desejado estar mortos 25,3 por cento.


Andamos preocupados com tudo e, ao mesmo tempo, andamos cegos. Discutimos o terrorismo, a casa pia, o bigbrother (minúsculas propositadas), o M.E.C, o calor, o fogo, as músicas de verão, este blog, aquele blog, o outro blog. Acusamos o umbiguismo, o Prado Coelho e o Luís Delgado. Veneramos uns, atacamos outros, ignoramos muitos. Ignoramos aqueles que nos rodeiam, ignorando assim um grave problema invisível: Aqueles que não vêm nas notícias e acabam por transformar-se numa das notícias mais tristes do nosso país.






Não acabou


Adiante!








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