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segunda-feira, novembro 17, 2003


Fechei temporariamente a janela do blog para dessa forma poder dedicar algumas semanas de concentração ao trabalho e aos projectos que venho adiando desde há uns tempos, e onde tudo serve de desculpa para justificar os “medos”. Este post não significa o regresso. Esse talvez lá para Dezembro, logo se verá. Este post é um caso à parte. Horários “encavalitados”, noites de pouco sono, aulas para dar, manuais de curso para finalizar, uma argumento de curta para fechar, uma longa para retomar a escrita, o amor da minha vida que voltou de um mês inteiro de trabalho no Algarve, tudo isto no dia em que o Borges (com B grande) lançou o seu livro. O Luís convidou-me para o lançamento enviando um poema, que é como que abraçar carinhosamente alguém e dizer: Quero-te lá neste dia especial. Eu faltei e não avisei. Como pedir uma desculpa sem que esta pareça exactamente uma fraca desculpa? Uma carta sentida? Uma sms? Um telefonema com palavras verdadeiras? Achei que um post num blog que se encontra fechado teria mais significado que qualquer outro modo. Talvez não seja suficiente, mas é uma tentativa de mostrar ao Luís a minha tristeza por não poder estar ao seu lado no dia 13 que não mais esquecerá. Acima de tudo, muitos, mesmo muitos, parabéns, e um grande abraço.

A todos os outros, até ao dia em que chegue à conclusão: “There’s no place like home”





domingo, novembro 09, 2003


A Origem do Amor fecha as suas janelas por um período indeterminado. As portas, essas continuam abertas para quem precise de um pouco de aconchego. Não é uma despedida pois nunca conseguirei deixar definitivamente este cantinho onde o meu eu tão bem se espelha em palavras. No entanto, é necessário parar um pouco, pois abrir a alma pode ser tão belo como ao mesmo tempo aterrador. Por vezes também a alma precisa ela de se fechar um pouco. Existem também os projectos que aos poucos se estão a adiar e como já aqui o disse, quanto mais adiamos os sonhos, mais dolorosos eles se tornam. Desculpem-me aqueles que se habituaram a encontrar aqui “palavras gémeas”, e apenas posso prometer que voltarei. Mas estarei sempre disponível para trocar sentimentos e experiências, e sabem que mesmo de janelas fechadas, podem sempre encontrar-me aqui:








quinta-feira, novembro 06, 2003


Cegueira colectiva com uma ou outra excepção


Acabo de ver o último capítulo de Matrix (espero que resistam a continuar o que terminou, pois efectivamente tudo o que tem um princípio tem um fim), numa sessão das 00:15, 236 lugares, sala praticamente lotada. Não me incomoda que as pessoas se riam dos anúncios que simplesmente não têm graça ou que se sintam na obrigação de afirmar que não tem graça; não me incomoda que gozem com o trailer do próximo filme de Eastwood; não me incomoda que comam pipocas durante o filme e deixem a sala como uma lixeira; não me incomoda que atendam telemóveis ou enviem sms durante o filme. Tudo isso já me incomodou, hoje em dia passa-me ao lado.
Agora, incomoda-me sim, que de cada vez que aparece uma cena mais romântica ou mais íntima as pessoas aproveitem para falar umas com as outras. Quando o amor invade a película, as pessoas ignoram-no, dissertam sobre a parte do filme que já passou, ultrapassam a chamada parte “seca”. É pena. Não compreendo é porque é que pagaram bilhete para ver um filme que é mesmo disso que trata. Seja do amor, a “ela”, ou a “Ele”.





quarta-feira, novembro 05, 2003


Um enigma português


Por um lado, temos o Benfica, o meu clube. Uma equipa de grande glórias no passado, o maior clube de Portugal (em adeptos), o maior estádio, uma verdadeira instituição como lhe costumam chamar. Ora, analisando os últimos dez anos, o Benfica é uma sombra muito difusa daquilo que já foi. Não ganhou um único campeonato nacional, é afastado das taças nacionais por equipas de escalões bastante inferiores, provoca vergonha e pior ainda esquecimento a nível internacional, e muda de dirigentes e treinadores como quem muda de cuecas (se for asseado, claro está).

Por outro lado, o Futebol Clube do Porto. Nos últimos dez anos, arrecadou vários títulos de campeão desde campeonatos, taças nacionais e europeias. É um dos clubes que mais cartas dá actualmente na Europa, provocando calafrios até a equipas como o Milan. Mantém a mesma presidência e possui uma das mais estáveis estruturas desportivas que provocam os excelentes resultados em quase todas as modalidades do clube. Se não estou em erro, pertence ao G8 do futebol e é responsável por mais de 40% dos pontos portugueses no ranking. O Futebol Clube do Porto é o representante português do chamado futebol moderno.

Agora, há alguém que me consiga explicar porque razão que de cada vez que é colocada uma câmara de televisão em frente a um adepto do FCP ele acabe sempre por falar do Benfica?





terça-feira, novembro 04, 2003


Passado, presente, qual futuro?


Podem os filmes mudar as nossas vidas? Pode uma história marcar-nos de tal forma que nos obriga a percorrer a nossa vida passada? Pode e deve. A ficção como gostamos de lhe chamar é escrita por pessoas, artífices da vida real que trabalham momentos humanos esculpindo-os, utilizando ferramentas, tais como: a imaginação; a observação; a auto-análise; o bom-senso; a intuição. Os argumentistas e os realizadores, filme após filme, criação após criação, amadurecem emocionalmente, pois criar e lidar com vidas imaginárias misturadas com o quotidiano real e com o próprio “eu”, abre horizontes a uma velocidade por vezes insustentável e dolorosa.

Um filme que me fez repensar a vida foi “Magnolia". Por favor não atirem já as pedras. Não estou a falar de Paul Thomas Anderson, nem de mise en scène, nem de construção narrativa, e muito menos de chuva de sapos. Quanto mais cinema vejo, mais aberto me torno às histórias, aos momentos, aos instantes, e cada vez menos me preocupa a forma de contar, mas sim, o que se conta. É também resultado desta abordagem ao cinema, de sentar e receber libertando a cabeça de filmografias, que ao contrário da maior parte da blogosfera eu posso afirmar que adorei “Dogville” e continuaria a assumir isto independentemente do realizador que estivesse por detrás do filme. No entanto, já me estou a perder. Voltemos a “Magnolia", voltemos a uma história sobre as pessoas e, neste caso, sobre uma pessoa que aos poucos vou conhecendo melhor.

Em 2000 comecei a ter alguma reputação na área profissional em que trabalhava; em 2000 mantinha porém adiado o meu sonho; em 2000 a minha situação económica era estável; em 2000 vi "Magnolia"; em 2000 não mudei; mas em 2000 abri os olhos.
Quando se abrem os olhos, depois de fechados durante um longo período, a luz brilhante cega-nos e obriga-nos a cerrar novamente as pálpebras. Precisei de dois anos para habituar-me à luz forte e ainda mais um para aprender a viver com ela. Debaixo do forte brilho, ainda não escrevi o primeiro filme, ainda não realizei a primeira obra, mas aprendo a caminhar aos poucos para o ponto luminoso que me chama, esperando que não sejam os máximos de um automóvel. Posso no entanto adiantar uma frase que poderei mais tarde colocar, na voz macia e embriagante de um narrador, num sem-abrigo na noite fria, numa empregada mal-humorada das bilheteiras do King: Quanto mais se adia um sonho, mais doloroso ele se torna.
As frases. Construções gramaticais apontadas ao nosso interior, colocadas na boca de Cary Grant, de Audrey Hepburn, de Richard Dreyfuss, de Geoffrey Rush, ou de Julianne Moore. Um filme: “Magnolia”; um actor: William Macy; uma personagem: Quiz Kid Donnie Smith; uma frase: “We may be through with the past but the past is not through with us”. Isto aprende-se quando se volta à estaca zero, pois o passado teima em largar-nos, em soltar as amarras e deixar-nos procurar novo porto mesmo que inseguro.

Pode parecer absurdo largar a segurança, abdicar do currículo construído, criar e enfrentar novas barreiras, perseguir um sonho. Sim, talvez seja completamente absurdo, no entanto, alivia-nos um pouco a dor. Lembro-me novamente de “Magnolia" e de Earl Partridge tentando vencer a dor no seu leito mortal, recorrendo à morfina tão eficaz como água com açúcar que, embora leve consigo a dor física, não cura a verdadeira doença que atormenta dolorosamente Big Earl. Por vezes necessitamos de largar tudo o que construímos e regressar à estaca zero. Por vezes são os filmes que nos lembram isto.

“and the goddamn regret...THE GODDAMN REGRET...”





domingo, novembro 02, 2003


Sobe, sobe...


Tanto crianças como adultos, sentem uma atracção inexplicável pela beleza de um balão. Talvez sejam as suas colorações translúcidas deixando transparecer alguém que passa no fundo; talvez seja a leveza da sua flutuação; talvez seja o sorriso puro de quem os conduz. No entanto, o balão constitui igualmente um dos nossos maiores temores. Quem não sente apreensão ao observar o enchimento do balão? E, quanto mais se aproxima o ponto de saturação da capacidade de ar do objecto, não aumenta também exponencialmente o desconforto? O balão, quando rebenta, deixa de ser belo. Passa a ser caótico, assustador, perigoso. Nem o mais prevenido espectador consegue evitar o sobressalto.

As pessoas são como balões. Assusto-me ao vê-las encher, e ao aperceber-me que se aproximam perigosamente do ponto de limite. O humano necessita de viver com regras, mas necessita também de as quebrar um pouco, de ceder às suas vontades mais intimas, de ser mais livre, mais verdadeiro consigo próprio. Nós, pessoas, estamos presos a padrões, a condutas, a rotinas, a valores, que embora necessários para uma vivência saudável em sociedade não devem simbolizar normas inquebráveis. A loucura, o absurdo, o imprevisível, e a diferença, em doses moderadas, aumentam a nossa capacidade de ar, e permitem-nos flutuar um pouco mais. Doses exageradas não são no entanto aconselháveis, pois a quantidade de ar disponível para absorção tem também ela um limite, e sempre se disse que – algures - no meio estaria a virtude.

Uma pessoa é como um balão. Bela, colorida, translúcida e flutuante. É importante que não rebente.

"Moral indignation is jealousy with a halo."
H. G. Wells








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