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quarta-feira, janeiro 28, 2004


Fair-play


Super Dragões no estádio da Luz a prestar homenagem a um jogador do Benfica, Dias da Cunha num abraço sentido a Luís Filipe Vieira, e o Desejo Casar a agradecer ao Abrupto. Momentos marcantes a recordar.





terça-feira, janeiro 27, 2004


Féher


Ontem o silêncio impunha-se, pois, em momentos como este, não há palavras a dizer nem imagens a mostrar. Há o negro, a ausência, o vazio. Não é demagogia. Não é masturbação da dor. Li os blogues que lembravam que há mais gente que morre e que o país não chora. Essas pessoas não compreendem, talvez, o que é estar num estádio, e quando um jogador marca apetecer-nos abraçá-lo, o leque de emoções que um jogador em nós provoca. Féher proporcionou-me momentos desses na antiga e na nova luz. Não é masturbação da dor. É tristeza sentida, pela morte de alguém que nos provocava aplausos e sorrisos sinceros.

O silêncio impunha-se, mas alguma blogosfera lançou-se também ela em críticas e polémicas descendo ao patamar do abjecto comportamento da televisão que tanto critica. Não é só com este tema. Já aqui critiquei o “gozo” com que criticam AMR. Alguma blogosfera, desce cada vez mais baixo, e torna este meio de tantas possibilidades em mais um Expresso, em mais uma TVI, em mais um 24 horas.

Que o abraço gigante entre todos os clubes nos sirva de exemplo. Há minutos, um cidadão comum, dizia mais do que qualquer comentador: “É isto que importa. O amor ao futebol. Deixem-se de uma vez por todas de polémicas, árbitros e penáltis”. Retiremos daqui uma lição. Estarei lá na terça, no estádio da luz. Vou dizer-lhe adeus, vou ao futebol.





segunda-feira, janeiro 26, 2004







sábado, janeiro 24, 2004


Reunião de condóminos


Agora é a vez da Anabela Mota Ribeiro. As representações mais putativas da blogosfera já se manifestaram. Primeiro foi o que dizia mentiras, depois o da organização, a ida do Coutinho para o Expresso, e até o causa nossa, embora neste último caso os comentários mudaram radicalmente de tom em três tempos. Agora resolveram pegar neste, transformando a blogosfera numa gigantesca Bica do Sapato em que se olha com desdém para quem não é habitual. Não estou aqui a defender ninguém, longe disso, mas tenho de ter mais cuidado ou qualquer dia mando um mail a um blooger e sou acusado no processo Casa Pia.





sexta-feira, janeiro 23, 2004


Dizes tu, ou digo eu?


Diz o Y: ‹‹Pode dizer-se que nunca Murray pareceu tão humano como no filme de Coppola. Que, por fim, a crispação não veio sozinha, que esteve este tempo todo à espera para mostrar que por detrás havia uma melancolia desiludida, deprimente, calorosa.››

Digo eu: Cradle Will Rock






Vá, suspirem de alívio. Foi a europeia.


Espero que agora venham todos continuar a criticar os Quixotes do espaço como o têm feito com tanto gosto na última semana. Claro que há uma diferença a salientar, sendo a sonda europeia. O que não significa que a blogosfera se manifeste, pois ao contrário do programa americano, praticamente não se escreveu uma única linha sobre a mudez do Beagle2.






Pelos canhões marchar, marchar


Mais uma greve geral e, com ou sem razão, trabalhadores e sindicatos reivindicam melhores condições, agitam bandeiras e cartazes com as frases da praxe, ó Manel isto, ó Manela aquilo, um jovem de barbas e o seu punho fechado no ar, um idoso trinando as roucas e velhas cordas da garganta que, afirma, jamais será vencida. Do que se queixam não sei. Não ando, ultimamente, informado. A leitura de um jornal, a observação de um telejornal, minutos preciosos onde se desfruta da companhia de um Mário de Carvalho ou de um Cary Grant. Sei, no entanto, que o problema não está só neste governo mas sim, desde sempre, em todos os que teimam em utilizar a táctica do corte. Para animar a economia o país corta, e os cidadãos para se animarem cortam no país.

A sétima arte que em Portugal, como se sabe, depende exclusivamente da generosidade dos nossos governantes teimando em assumir sem vergonha uma vida de mendicidade, como um pedinte no interior do seu jipe, vivenda ou condomínio fechado, pedindo uns “euritos” para o pão. Ora, em tempo de crise, lá se sabe, o cinema vai à faca juntando-se a tantas outras actividades. O trabalhador, desempregado, aplaude a iniciativa, enquanto um técnico de cinema preenche o formulário numa apinhada e antipática repartição de finanças. “Faz mais falta aos doentes” reclamam outros, fartos (e com razão) do doentio cinema português, causador de violentas cólicas ao espectador que decide dar mais uma oportunidade. O mesmo cinema que atribui dinheiro aos produtores e nunca fiscaliza a utilização do mesmo. “Fiscalizamos sim” afirmam os representantes do faz-de-conta que trabalham, “recebemos relatórios do produtor onde está tudo assinalado” asseguram. E o produtor ri, enquanto disseca o seu robalo grelhado, e entre o som das ondas que vai chegando à mesa, lá vai avisando os compinchas de fim-de-semana “olhem que a factura é para mim, que é precisa para o filme”. Relatório: 150 euros de película, diesel e portagens para a equipa. Ri o produtor, o assistente, o encenador, o advogado, o merceeiro e o agricultor. Até eu troço, porque também as faço, pois também sou português. Uma senhora do ICAM, numa sessão de esclarecimento sobre a nova lei do audiovisual, garante que a partir de agora (embora previsto em lei há muito) passa a existir fiscalização no terreno e “à séria”. Eu rio e pergunto “a sério?”.

No filho pobre do cinema, a televisão, Pacheco Pereira, sentado numa das pontas da quadratura indigna-se que o cidadão tenha perdido o respeito pelas instituições. Eu acho bem, há muito tempo que as instituições perderam o respeito pelo cidadão.
Trabalhadores e sindicatos marcham e gritam na Avenida da Liberdade, exército decrépito, cansado, sem fundos e desprovido de vontade e modernidade. Gritam ao governo, e o governo grita-lhes também. “Trabalhem e paguem que só assim isto vai para a frente”, reclamam. “Não pagamos, não pagamos” recebem como resposta em jeito de afronta adolescente. Os cães ladram e a caravana passa. Levanta-se alguma poeira, mas cedo à terra torna.






Fermentação


Há uns meses atrás encontrei, através deste local, o prazer da escrita. A imaginação sempre voou, a velocidade loucas entre piruetas e loopings, no interior da minha cabeça, mas nunca migrara, até à data, para o reino dos caracteres. Calmamente, umas vezes melhores, outras piores, exercito aqui os meus textos, os pensamentos, as análises do que me rodeia, sendo o que me rodeia o que sinto, as pessoas que a bem ou a mal me rasgam, atiram, embalam, e acariciam o coração com a sua vida. Desconhecidos, e conhecidos, no café, em casa ou no campo. Sinto-os, quero escrevê-los. Depois vêm os elogios à escrita e à forma de ver e pensar. E eu penso “estou em Portugal”, país de facilidades e de possibilidades mil com esforço zero. Acredito que talvez possa escrever um livro, treinar, dominar a semântica, utilizar os sinónimos. Só as questões da linguagem me prendem, as histórias, essas, já cá estão há muito tempo. Fermentam e crescem. - “És capaz, vais ver que é fácil” - reconforto-me.
Depois leio ‹‹Fantasia para dois Coronéis e uma Piscina›› de Mário de Carvalho, e digo a mim mesmo: - “Tá lá quietinho que ainda tens muito tempo”.

‹‹Determina-se um desagradado e mui reflexivo minuto de silêncio.››






Conselhos cinematográficos


O cinema São Jorge, em Lisboa, expõe atrás de seguras vitrinas algum do seu espólio que, de quando em quando, consulto com gosto: cartazes antigos de filmes bem conhecidos, anúncios de antestreias com a presença de Salazar, festas de natal para os operários fabris, e um sem-fim de textos e fotografias de encher o olho, onde me perco por largas horas. Mas, escondido num canto, junto da porta que dá acesso ao lado direito da sala 1, encontram-se pequenas pérolas do jornalismo cinematográfico, que eram entregues, em outros tempos, aos espectadores do prestigiado cinema: Sinopses acompanhadas de textos geniais, mordazes, datados, mas com a capacidade de prender e entreter as audiências modernas que, por acaso, descobrem aquele expositor. Aqui vai um exemplo delicioso:

Conselhos cinematográficos

Jornalistas experientes e bons observadores, ‹‹atiram›› ao conhecimento geral, por vezes, certos conceitos destinados a aconselhar o público da maneira como deve estar a proceder num cinema. Não resistimos à tentação de extrair de algumas publicações portuguesas, espanholas, francesas e inglesas, oito dessas observações, às quais o leitor vai, por certo, achar graça … precisamente nos pontos em que a crítica é mais mordaz:

1 – Se for com a sua noiva ao cinema ver um filme musical, nunca faça grandes elogios às pernas da vedeta. É ‹‹fita›› garantida … e sai mais cara.

2 – Num filme de fantasia, não diga ‹‹aquilo não pode ser›› pois assim tira todo o valor ao técnico encarregado dos ‹‹trucs››.

3 – Numa daquelas cenas em que todas as senhoras estão a fungar e de lencinho na mão, nunca tente rir à gargalhada, pois dirão logo que é estúpido, ou que não tem coração.

4 – Se o filme a exibir for do género policial, e se V. já o tiver visto anteriormente em qualquer parte, nunca diga em voz alta ‹‹o assassino é aquele››, porque além do seu gesto desinteressar por completo a plateia, lá está o detective para resolver o assunto …

5 – Nunca aproveite uma cena amorosa para se aproximar mais da sua namorada. É sempre nessa ocasião que a mãe dela olha para o lado …

6 – Se é casado e foi com um colega, de tarde, ao cinema, não deixe os dois bilhetes nos bolsos do casaco.

7 – Nunca traga o seu filho a ver filmes de terror. Nem ele apreciará, nem deixará apreciar os outros, que também pagaram bilhete.

8 – Se disser ao arrumador ‹‹eu sei onde é, muito obrigado››, dá logo a entender que está sem vintém …





terça-feira, janeiro 20, 2004


Preciosidades


A trilogia do Senhor dos Anéis continua a sua longa jornada de feitos admiráveis: Uma obra-prima de literatura, a luta do bem contra o mal, o amor, a inveja, a amizade, e muitos outros valores que um só homem soube reunir em quatro belos volumes; Uma das adaptações mais sérias e sinceras com que a sétima arte nos levou a viajar, com muito mérito para Peter Jackson que abraçou esta tarefa de Hércules como um pai que abraça um filho; Ainda, a somar a estes feitos, e entre muitos outros aqui não assinalados, aquele que é possivelmente o actor mais bem pago da história do cinema: Elijah Wood, milhões de dólares para andar doze horas enjoado e com cara de parvo.






Momentos que contam


Algo que me é impossível? Assinalar o meu filme preferido. Tarefa mais praticável, enumerar os vinte e cinco melhores. Não necessariamente fácil, mas acessível. Complicado é, o top dez, número tão limitativo de lugares a ocupar. Quase impossível também, mas exequível embora a custo, os cinco de sempre. Hoje, um novo filme, e chamar-lhe isto é pouco, pediu-me gentilmente para ocupar o top cinco. Eu sei que merece, e aqui me encontro neste perigoso jogo de Poker em que não sei qual a carta a mudar.

Muito se diz na crítica dos filmes; adjectivos são expostos como formigas num carreiro; análises sociais, politicas, artísticas, lançadas em frenesim; relembram-se filmes passados, apontam-se colagens a filmes presentes; frases, ensaios, pontuações e assinaturas.

Sobre este, apenas importa dizer uma palavra: Obrigado.






domingo, janeiro 18, 2004


Os idiotas


A pena de morte e a execução premeditada e calculada de uma vida é, já em si, algo extremamente aberrante, mas que encerra, ainda, contornos verdadeiramente cruéis e cínicos nas horas que antecedem o acto. Para começar, a última refeição que se quer farta e luxuosa e onde o condenado pode escolher livremente. Este gesto é apenas o primeiro da estúpida limpeza de consciência dos carrascos. É um cheque em branco passado ao estômago. Aliás, os carrascos representam naquele palco do mal a falsa moral. Têm cuidado com o condenado, falam-lhe calmamente, deixam-no desfrutar em paz as suas últimas horas, como quem diz: Vamos matar-te, mas não leves a mal, lá no fundo somos boas pessoas. Minutos antes da hora ignóbil, o padre, a representação máxima do cinismo. Não matarás, ordenou o patrão desta classe, e lá vai o padre dar uma oportunidade ao condenado de se redimir com o senhor. Existisse realmente um deus, mesmo que matasse porque ele quis, e o padre estava em muitos maus lençóis, chegando ao céu com uma avultada conta por pagar. Para terminar, uma audiência. Espectadores, uns por obrigação, outros por vontade própria, quem sabe alguns com gosto. Termina ali, talvez felizmente, para uma pessoa. Segue uma reflexão mais sábia e erudita do que a minha,

‹‹O assassínio por sentença é incomensuravelmente mais terrível do que o assassínio cometido por um bandido. Aquele a quem os bandidos matam, a quem esfaqueiam à noite, na floresta ou noutro lugar qualquer, de certeza que tem a esperança, até ao último instante, de se salvar. Houve mesmo casos em que, já com o pescoço golpeado, ainda tinha esperança, ou corria, ou implorava. Mas ali privam o homem dessa última esperança, com que é dez vezes mais fácil morrer, cortam-na definitivamente; é a sentença, e todo o horrível tormento consiste em que é de certeza inevitável, e não existe nada pior do que tal tormento. Pegue num soldado e vá pô-lo em frente do canhão no campo de batalha e dispare contra ele; o soldado terá esperança até ao último instante; mas leia a esse mesmo soldado uma sentença definitiva, e ele enlouquece ou chora. Quem disse que a natureza humana é capaz de suportar isso sem o enlouquecimento? Porquê esta profanação monstruosa, inútil, absurda? Talvez haja alguém a quem tenham lido a sentença, tenham deixado sofrer, e depois disseram: “Vai, estás perdoado”. Talvez esse alguém o possa contar. Desse tormento e desse horror também Cristo falou. Não, não se pode fazer isso a uma pessoa!››

“O Idiota” de Fiódor Dostoiévski






Se eu fosse um cavalo


Seria rápido como o vento.






Cinema, o que é?, 5


Jacob's Doctor : You're a lucky guy, Jake. You must have friends in high places.

Jacob’s Ladder de Adrian Lyne






Cinema, o que é?, 4


Loach : What happened to your nose, Gittes? Somebody slammed a bedroom window on it?
Jake Gittes : Nope. Your wife got excited. She crossed her legs a little too quick. You understand what I mean, pal?

Chinatown de Roman Polanski





sábado, janeiro 17, 2004


Defender a moral e os (maus) costumes


Nos Estados Unidos, desde que a administração Bush entrou em cena, o cinema anda mais frio. Realizadores como William Friedkin, De Palma, e Verhoeven, exploradores exímios de sexualidade na tela têm os seus dias contados, ou melhor cortados. Os três falaram à britânica Sight and Sound, desabafando como é difícil mostrar maminhas em Hollywood nos tempos que correm. Verhoeven analisa desta forma os puritanos da Casa Branca:

‹‹The whole window has closed down. But you must realize it’s not me, it’s society. America was puritan from the start, and I’ve always had more problems here than in Europe, but it’s worse now with this fundamentalist right-wing government. Ashcroft is fundamentalist, Bush is a born-again, and I think they all think that God’s on their side. And God doesn’t fuck, so we shouldn’t either.››

Do meu ponto de vista, Bush tem um sério dilema nas mãos. God doesn’t fuck. E a América proíbe a clonagem e toda a investigação adjacente. Estará a população condenada a desaparecer?

O artigo completo aqui.






Cinema, o que é?, 3


Henri Verdoux : Wars, conflict, it's all business. One murder makes a villain; millions, a hero. Numbers sanctify!

Monsieur Verdoux de Charles Chaplin





sexta-feira, janeiro 16, 2004


‹‹Human nature is the only subject that doesn't date››
William Faulkner





quinta-feira, janeiro 15, 2004


Cosmos


Surgem já, um pouco por todo o lado, as críticas a Bush pelas recentes decisões que visam aplicar, financeiramente, montantes astronómicos em novas missões à Lua e a Marte. Curioso é, no entanto, o facto de a maior parte das críticas serem, não de Americanos (estes sim, com razões a temer face ao imprevisível impacto económica das medidas, e qual o preço a pagar), mas sim de Europeus onde a moda do anti-americanismo fácil se instalou ameaçando destronar as conversas sobre o estado do tempo. Apontam-se os dedos acusadores, visando mais uma “arrogância de George” que não lhe bastando o mundo agora quer também o espaço. Eu, porém, defendo que não há dinheiro que pague a aprendizagem proporcionada por missões como estas.
Embora sendo um leigo na matéria, penso existirem teorias de que Marte foi em tempos um planeta com água, vegetação e vida. De momento, e “à primeira vista”, aparenta ser um colossal deserto laranja, árido e infértil, quem sabe, o mesmo deserto em que o Homem se arrisca a transformar a Terra. Segundo a revista Time, 408 é o número de espécies que enfrentam uma possível extinção até 2050 face ao aquecimento global. Estará no passado de Marte, o mapa de prevenções a tomar para salvar o nosso próprio planeta? As futuras missões talvez nos esclareçam sobre como se perde a vida num planeta, e têm como objectivo principal ensinar a humanidade. Esse objectivo não tem preço.
Rejubilem com as primeiras imagens da Spirit, façam figas para que a sua irmã aterre sã e salva no fim do mês, e desejem que o Beagle 2 cante David Bowie à Terra.
It’s anybody out there?






Espelhos partidos, gatos pretos, e as lojas do Campo Grande


Parece que os comerciantes do Campo Grande andam, ultimamente, à caça de anfíbios. Segundo notícia do Público, colocam representações de sapos nas suas lojas, uma vez que este popular anfíbio não é tão estimado pela comunidade cigana como pelos utilizadores de Internet. Para a comunidade cigana, este animal é tido como símbolo de azar e mau-agoiro, estando para os ciganos assim como as entrevistas televisivas com voz e imagem distorcidas estão para os deputados do PS. Os comerciantes, acusam os ciganos de causarem desacatos e intimidarem os clientes. Os ciganos, protestam e negam as acusações. A policia fica a rir, e o presidente da junta chama “ridículos” aos comerciantes.
Campo Grande, apenas mais um charco, entre tantos outros, do pântano onde todos andamos a engolir sapos.






Sem palavras




A história, e as imagens.





segunda-feira, janeiro 12, 2004


Cinema, o que é?, 2


Quint: The thing about a shark, it's got lifeless eyes, black eyes, like a doll's eyes. When it comes at you it doesn't seem to be livin'... until he bites you, and those black eyes roll over white.

Jaws de Steven Spielberg






Cinema, o que é?, 1


Dr. Brubaker : My 3:00 patient jumped out of the window in the middle of his session. I have been running fifteen minutes ahead of schedule ever since.

The Seven Year Itch de Billy Wilder





domingo, janeiro 11, 2004


Os filmes da minha (ainda curta) vida


São muitos, mesmo muitos. Mas com tão vasto catálogo, disponíveis em lojas por todo o mundo, dos filmes que nos preencheram por completo, é inadmissível que Leave Her to Heaven ainda não se encontre em dvd. Porque meus caros, vhs (felizmente) já era.






Saudades de flutuar


Aproveito este post para retribuir o abraço do Nuno, embora o texto não seja dirigido ao seu blog, mas a outro que descobri nos seus links. Um local sobre surf e para o surf. Um local onde me deixei ficar, e pelos seus autores levar, até a um tempo passado. Um tempo onde sentado, olhava o horizonte, com o sol tocando-me na cara docemente salgada pelo mar. Imagino logo, os comentários de alguns leitores que passam por aquele local. Quantas vezes a minha conversa sobre esse equilíbrio homem/natureza no topo de uma obra de arte em fibra de vidro não foi catalogada como lamechice? Quantos não ridicularizam as gloriosas odes que se cantam àqueles momentos em que o som deixa de existir? Chamam-lhe exageros. Conversa de meninos mimados sem nada para fazer. Podia aqui tentar reunir uma quantidade considerável de argumentos para expor a minha tese. Mas não se explica. Sente-se, na primeira vez que conseguimos por fim deixar o rasto da palma da mão numa parede de água tão colossal como harmoniosa, assustadora e bela, local de medos, desejos, e entrega. A escola foi-se atrasando. O professor de matemática teorizava primos, módulos, x, y, z, mas os únicos números que contavam eram as paragens que faltavam para a costa. Os ténis lutando com o areal semi-vestido de vegetação seca ouvindo ao longe o nosso mentor a ribombar ao quebrar-se. O parar a olhar o amigo e inimigo, e a mão que segura a prancha no saco aperta-se um pouco. O ritual da cera de olhos postos onde queremos estar, enquanto o vento gentilmente afaga a franja do cabelo queimado. E horas, dias, eternidades, nas ondas. Abandonei-as nem sem bem como ou porquê. Talvez a falta de companhia. É certo que apenas é necessário o mar e nós próprios. Mas existem emoções tão memoráveis, que necessitam de ser partilhadas assim que acabam. A minha amiga encontra-se fechada no seu saco, com areia de alguns anos na sua face. Não sei quando voltará a ver a luz do sol, a sentir a água fria na sua barriga. Apenas sei que irá acontecer, inevitavelmente.






Técnicas televisivas, demasiado tempo em loop


Aos poucos regressam as noite de insónias que há uns meses atrás não eram problemáticas, estando o tempo entregue a pensamentos delirantes de desempregado e ao boom da blogosfera. Mas em período de trabalho, a insónia pode ser um inimigo, que depois de uma noite em branco, nos transporta para a vida laboral com uma cara de besugo acabado de descongelar na banca de um supermercado. Uma vez que não posso ocupar uma noite mal dormida a escrever textos sobre a noite, estando condenado a um processo sobre direitos de autor, ligo a caixa maravilhosa, e assisto a uma repetição de um programa de fim de ano, na Sic Radical, conduzido por Markl e Alvim. Mais uma vez constato uma recente crise nos novos valores televisivos. Alguns destes novos comediantes, há que admitir, tem um grande potencial. Talvez possam ser o próximo passo depois do Tal Canal, porventura consigam largar-se desse programa, talvez avancem para o próximo passo a seguir ao Pop-off, porventura não voltem atrás, a uma maneira de fazer televisão, que o antigo magazine musical veio mudar. Toda esta nova geração de televisivos, infelizmente, tem as baterias apontadas àquele público fácil que apenas conhece uma frase: grandas malucos!

Meus senhores, muitos de vocês tem pernas para ir mais longe, vós próprios o sabeis. Tendes ferramentas criativas, cultura, e bom-senso para criar algo original (sem obrigatoriamente ter de ser maluco). É um pedido que vos faço. Aumentem a fasquia. Senão ainda acabam como os Irmãos Catita, o Luís Represas, ou o Fernando Mendes, parados há uns belos anos num mesmo registo que assegura uma audiência certa mas que não encerra nada de novo.





sábado, janeiro 10, 2004


A carreira que em tempos segui


O Rui Branco, apanhando-me completamente desprevenido, evocou um genuíno mito alaranjado. O grandioso 50. Este estimado e histórico veículo de transporte de passageiros guarda no coração de habitantes da metropolis de Xabregas antigas memórias insubstituíveis. Aquela mão tímida tocando outra pela primeira vez, os tirinhos desenfreados numa saudosa máquina de jogos de aviões numa tasca do Poço do Bispo, os antigos bancos castanhos claros onde escrevíamos as nossas primeiras frases rebeldes. Um certo dia, eu e a malta, decidimos percorrer a carreira toda do 50, para lá, e para cá. Nesse dia, baptizámo-lo de visita guiada a Lisboa, e ouvimos forte e feio pela hora que chegámos a casa. O 50 estará sempre nesse pódio lendário, bem acompanhado pelo eléctrico 28, e o 39 de dois andares.





sexta-feira, janeiro 09, 2004


Seis meses de Amor


Meio ano depois de iniciar esta aventura blogosférica, chegou a altura de comemorar.
Acho que encontrei a melhor forma de o fazer.






O top da escrita


Aqui vai a selecção, da revista Creative Screenwriting, dos melhores filmes de 2003:

21 Grams; 28 Days Later; American Splendor; Barbarian Invasions, The; Big Fish; City of God; Dirty Pretty Things; Finding Nemo; House of Sand and Fog; Last Samurai, The; Lord of the Rings: The Return of the King; Lost in La Mancha; Lost in Translation; Mystic River; Shattered Glass; Station Agent, The; Whale Rider

Apenas quero acrescentar, o meu número um, 25th Hour.






quinta-feira, janeiro 08, 2004


Descubra as diferenças


Na edição deste mês da “Creative Screenwriting” há um interessante artigo sobre Amores Perros escrito por David Konow, depois de algumas entrevistas com o realizador Alejandro Iñárritu, e com o argumentista Guillermo Arriaga, que se voltaram a juntar no novíssimo 21 Grams. Deste artigo, há uns excertos, que entendo serem do interesse de todos os que trabalham no cinema português, e não só.

‹‹In México, the biggest grossing films were American imports until Amores Perros and Y Tu Mama Tambien became blockbusters on their native soil. But when asked to compare the Mexican film industry to the American film industry, Arriaga tells me, “Well first of all, there is no film industry in México! We can barely produce ten to twelve films a year. That´s because with the conditions of Mexican distribution, the producer only gets a tiny, tiny percent of the box Office. So even though we have these huge films coming out, it´s difficult to have an industry.”››

Portugal produz mais filmes anualmente que o México. Ambos os países tem a produção cinematográfica dependente de fundos estatais. Ou melhor, tinham. O México acaba de os perder.

‹‹There´s forty million people in poverty, there´s kids without food. I´m not saying art isn´t an important thing, I think it´s one of the most important things, but when a kid doesn´t have food it’s better to invest in that.›› Iñárritu

‹‹The problem with advertising commercials is they can fill your pockets but empty your soul. At the end of doing commercials I felt very empty. You lose your sensitivity and you became a shooter. A lot of commercial directors who make features, you know they can make incredible shots, but they’re shooters, not storytellers.›› Iñárritu

‹‹Once Arriaga told the story, or stories of Amores Perros, Inarritu immediately wanted to direct it. It was a rigorous process to get the script just right; in fact it went through thirty-six drafts over a period of close to three years. “This happened the same way with my novels,” says Arriaga. “I write them again and again and again and again. Amores Perros I wrote eight or nine drafts before even showing it to Alejandro. He asks a lot of questions, he questions all the time; and that pushes me to write better and better.”››

‹‹…I have four or five writers and directors that I really respect a lot from the Mexican gang who I always involve in the process. They always have suggestions, bring up questions, and let us see things that we are completely blind to in the process. We can get so close, we begin to lose perspective.›› Iñárritu






O que não faz falta é desanimar a malta


Qualquer filme contém momentos que falharam. Poucas obras fogem a esta regra. É por isso, que quando me sento para observar fotogramas em movimento eu espero sempre pelo final do filme, mesmo que me esteja a desagradar. As surpresas nunca se anunciam. Neste momento, uma falha, de seu nome “A Falha”, passa na nova dois. Neste momento, estou a escrever o meu blog. Porque seja qual for o momento, a paciência tem limites. Surpreendentemente.

“A Falha”, é o 8º filme de João Mário Grilo.





quarta-feira, janeiro 07, 2004


‹‹Descobrir aquilo que só um romance pode descobrir, é a única razão de ser de um romance. O romance que não descobre uma porção até então desconhecida da existência, é imoral. O conhecimento é a única moral do romance.››

Hermann Broch





terça-feira, janeiro 06, 2004


Quando menos se espera


Uma surpresa inesperada vinda de um lobo do mar. Baixo ligeiramente a cabeça, e esboço um sorriso de agradecimento, àquele que é, seguramente, de todos, o blog mais coerente deste ano de tantas novas descobertas.






Duas coisas a ter (muito) em conta


1) O regresso em grande de Six Feet Under.



2) Certamente, uma das melhores actrizes da nova geração:
Maggie Gyllenhall







segunda-feira, janeiro 05, 2004


Vaidoso, e com razão para o ser


Em certos dias, certos momentos, pequenos instantes (fragmentos de tempo, como lhes chamam os realizadores portugueses) surge uma ideia tão parva, tão absurda, que acaba por nos animar o pensamento e escrever sobre. Hoje, ao pensar num caracol, uma dessas dissertações ocupou-me quarenta e cinco minutos de condução. Engraçado que o meu Ford Puma não esteja ainda mais marcado nos pára-choques. Por esta altura, 98% dos leitores desta posta comentam: Olha-me este gajo a arranjar um motivo estúpido, mas camuflado de escrita inteligente, para dizer que tem um Puma. Admito. Sou vaidoso. Digo o contrário várias vezes, mas a verdade é que gosto que me gabem, embora sofra por me auto-impedir de o fazer. Este post, não é sobre a minha conclusão sobre o caracol (esse fica para depois). No entanto, também não pretende ser sobre o meu carro. Este texto é inteiramente dedicado ao Luís Filipe Borges, blogger, poeta, humano, vaidoso. Um vaidoso que eu adoro, embora só tenhamos estado uma vez juntos. O Borges, gosta de falar sobre os seus feitos, sobre os desejos, sobre as frustrações, sobre o seu livro, a sua peça, os seus textos. Gosta também que o gabem. E assume, sem problemas, sem esconder segredos íntimos camuflando-os com uma máscara cínica de quem está acima de tudo isso. O Luís é verdadeiro. E diga-se a verdade. Com a mesma idade que eu, vinte sete primaveras, o gajo, é bom com’ó milho! Agora, neste momento, 98% dos leitores concluíram que eu sou gay. Estão errados. Essa percentagem, baseia-se em estereótipos, ao contrário do Borges, essa percentagem possivelmente tem problemas em beijar na face um amigo, penso também que ao contrário do Luís. E eis-nos aqui chegados, à conclusão desta singela homenagem: O Luís é bom no que faz, o Filipe não sente vergonha em exprimir a um amigo, fisicamente, que o ama (ai o problema que os homens tem em assumir que amam os amigos com esse ignóbil medo de serem considerados homossexuais), o Borges, em tão tenra idade, e no meio do turbilhão de dúvidas, anseios e objectivos já cresceu interiormente muito mais que a maioria dos restantes 98%. O Luís Filipe Borges é um humano com todas as razões para ser vaidoso. Anseia, também sem segredos, a fama e o reconhecimento. Como os 98% também. Despediu-se, para já, de nós, deixando o Desejo Casar um pouco mais vazio. Lá vai ele na sua procura. Aquele que sabemos que nunca nos evitará quando se cruzar connosco na rua. Aquele do sorriso. Aquele do abraço sentido. Conversámos uma vez. Pouco mais vezes o fiz com o Costa Santos. Ambos, são pessoas que sentimos conhecer há muitos anos no primeiro encontro. São amigos instantâneos. São humanos. E por favor, sejam vaidosos.

Da minha parte, o Luís já tem o reconhecimento, a atenção, e o sincero desejo da maior sorte a nível pessoal e profissional. Pena que não tenha chegado a casar ainda. A menina que o levar, terá também muitas razões para ser vaidosa.

Em conclusão: Um grande abraço!






Arrependimentos


Várias vezes me arrependo do que disse.
No entanto, não me arrependo, nunca, de o ter dito.





quinta-feira, janeiro 01, 2004


Dois mil e quatro


Eis chegado um novo ano. Apenas mais uma passagem de uma hora para outra, mas um grande simbolismo adjacente ao avançar dos ponteiros. Há quem critique os que celebram a passagem, os tolos – chamam-lhes. Não o são. A chegada de um novo ano é sempre o enterro do anterior. A nossa vida é linear. Tem de ser. Um momento a seguir a outro, uma palavra a seguir a outra, um minuto, um ano, uma década. Talvez não seja apenas bebedeira e tolice. É a comemoração de estar vivo. Todos os desejos, contidos nas pequenas passas, são um espelho da vontade de viver, de continuar. Existir está-nos no sangue. É o nosso objectivo principal. Daí, que este blogue manterá a sua existência, nem melhor, nem pior, mas igual a si próprio. As cartas foram dadas há praticamente seis meses atrás. O jogo é o mesmo. Sem truques nem batotas.
Mais uma vez, e porque faz sentido manter idêntico, aqui vai o manifesto editorial:

Manifesto Editorial 2004

A ORIGEM DO AMOR assume-se como um blogue sem qualquer dependência de ordem ideológica, política e económica.

O seu autor define-se como sentimental, romântico, justo e, compreensivo, alargando estas virtudes (ou defeitos) a tudo o que escreve n' A ORIGEM DO AMOR.

A ORIGEM DO AMOR não sendo um blogue para os amigos é, no entanto, um blogue amigo.

O seu autor tentará manter, sempre que possível, um tom descontraído e solto nos posts a publicar, evitando, polémicas, sensacionalismo, e guerras "bloguisticas".

A ORIGEM DO AMOR não responderá, nunca(!), a ataques meramente destrutivos, aceitando com prazer qualquer critica ou chamada de atenção, desde que, de carácter construtivo.

O seu autor tentará, na medida do possível, responder a todas as mensagens a si dirigidas, independentemente da origem e conteúdo das mesmas.

A ORIGEM DO AMOR não reconhece no Site-Meter um índice de qualidade. Todos os blogues merecem o respeito e atenção deste blog.

O seu autor ao referir outro autor, ou outro blog, não espera ser mencionado ou de alguma forma retribuído. A liberdade de cada "blogger" é um direito fundamental a respeitar.

A ORIGEM DO AMOR e o seu autor assumem-se como Portugueses, optimistas, e acreditam no futuro.

O seu autor, embora tenha já descoberto o amor, promete não abandonar a incessante procura da origem do mesmo.






Previsão 2004


Semana de 5 de Janeiro a 12 Janeiro:
A imprensa e os blogues multiplicam-se em opiniões sobre a nova "A Dois". Destes, apenas 10% realmente visionaram o canal.
Semanas seguintes:
A imprensa e os blogues deixam de se manifestar sobre a nova "A Dois". Destes, apenas 3% seguem o canal.








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