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domingo, fevereiro 29, 2004


Bater em silêncio


A violência física a que muitas mulheres portuguesas são sujeitas é tema recorrente de debate na nossa sociedade. Discute-se o tema em fóruns, criam-se associações de apoio, circulam campanhas publicitárias na televisão, rádio, e revistas, links são colocados na internet. A mulher é, e sempre foi, um ser humano mais frágil do que a variante masculina em termos físicos. Psicologicamente, pairam no ar apenas especulações. Quem será mais fraco, ou mais forte, do ponto de vista psicológico? A mulher ou o homem? A resposta a esta pergunta é, para mim, impossível de alcançar com os poucos dados que disponho, mas acredito que seja maior o número de mulheres a sofrer do que homens. Porquê? Sensibilidade. Embora o macho lusitano esteja cada vez mais em vias de extinção ainda sobrevivem no país muitos especímenes desta categoria de homem que não se permite a si próprio sofrer. Ao contrário da mulher, este tipo de macho coloca defesas ao sofrimento e qualquer reviravolta ou barreira na sua vida é rapidamente esquecida numa tasca sob a protecção de várias cervejas e amigos, discussões inconclusivas sobre futebol, debates fúteis e de cabeçalho sobre a Ferreira Leite. Por vezes, em casos extremos, este homem descarrega a frustração fisicamente na mulher. E nestas alturas, a mulher, talvez mais forte psicologicamente, acaba por ceder.
É grande o número de mulheres que, mesmo casadas, passam os seus dias embutidas numa solidão sem igual. Apenas se têm a si próprias. Uma visita a um canal de conversação na internet coloca à vista estes casos. Mulheres casadas, divorciadas, ou solteiras, que pararam no caminho sentimental e que se encontram agora num beco sem saída. As paredes desse beco fecham-se aos poucos, dia após dia, aumentando cada vez mais a pressão sobre elas.
É nesta altura que entra em acção um perigo mortal: As revistas cor-de-rosa. Não me refiro ao facto de se observarem, nas páginas destas revistas, vidas de sucesso de outras mulheres, mas sim de certos artigos recorrentes neste tipo de imprensa. Aqueles artigos que eu me habituei a designar como crónicas do esquecimento. São artigos sobre variados temas como, resolver os problemas sexuais com o cônjuge, enfrentar a solidão, encarar o desemprego, ultrapassar o divórcio, a frigidez, a depressão. Estes artigos, publicados nas pequenas revistas e dirigidas a um certo público feminino, são textos de um perigo absoluto para estas mulheres que, mais do que os procurarem, necessitam deles. São artigos fúteis, que não ultrapassam na maior parte dos casos uma ou duas páginas, e que se dão ao abjecto luxo de publicar check-lists finais das resoluções. Abordam com uma cínica facilidade temas que apenas podem ser resolvidos em vários anos de vida, muitas vezes com ajuda psicológica profissional. Recentemente, uma dessas revistas publicava um artigo sobre a falta de sexo no casamento. Este problema, que provoca frequentemente grandes rupturas no seio do casal, possui uma resolução complicada ao longo de um caminho que necessita de muita comunicação entre o casal, ajuda psicológica no âmbito do planeamento familiar, ou mesmo ajuda médica. A revista em cabeçalho afirma que viver assim é possível e, depois de um ínfimo artigo de poucas palavras (clichés na sua maioria) publica seis declarações de mulheres que vivem assim e felizes. Quem lê este artigo refugia-se nestes depoimentos, e tudo continua bem num problema que mais cedo ou mais tarde voltará a surgir e que, verdadeiramente, ficou por resolver. Mais do que revistas de leitura fácil, elas constituem uma maneira fácil de viver e encarar problemas. Publicam facilidade, prometem felicidade, e embrulham tudo com muita futilidade. Estas revistas são uma autêntica violência doméstica. Estão na casa de muitas mulheres. Batem sem provocar som, mas a dor, essa, é a mesma.






Apanha que é ladrão


Foi através de um blog de publicidade que descobri o descarado roubo. O mais certo é a Pixar não gostar da brincadeira. É para aprenderem. Quem mandou a Pixar copiar a Origem do Amor? O processo em tribunal entre mim e a famosa casa de animação terminou o ano passado, resultando num aumento de 25 milhões de euros na minha conta bancária. Agora chegou a vez da BrasilTelecom. Preparem-se para pagar!





sábado, fevereiro 28, 2004









quinta-feira, fevereiro 26, 2004


Estereótipos infundados


A cada dia que passa, a cada experiência vivida, sinto-me crescer mais um pouco. Os erros clarificam a visão aos desprovidos de óculos escuros. Tento enfrentar a luz directa do Sol mesmo quando a vista arde e não existe filtro natural no meu corpo ao qual recorrer. Um dos erros do passado que mais tento evitar é a queda em lugares comuns e a análise estereotipada às pessoas que nos rodeiam. E nisto de crescer há algo fascinante e ao mesmo tempo surpreendente: Quando nos orgulhamos de uma maneira de pensar, alguém nos atira à estaca zero. Foi o que fez a Rita Mendes, mostrando-me que não posso estar assim tão seguro da minha imparcialidade na análise pessoal. “Uma carta ao Sérgio e também a vocês” colocou-me no devido lugar: Uns passos atrás do ponto em que julgava estar.






Cinema, o que é?, 7


Ridley : [ narrating ] There was a demon that lived in the air. They said whoever challenged him would die. Their controls would freeze up, their planes would buffet wildly, and they would disintegrate. The demon lived at Mach 1 on the meter, seven hundred and fifty miles an hour, where the air could no longer move out of the way. He lived behind a barrier through which they said no man could ever pass. They called it the sound barrier.

The Right Stuff de Philip Kaufman






Memória genética


Quem partilha o seu lar com um cão já ouviu, certamente, o seu companheiro de quatro patas ladrar, rosnar, e até ganir. Mais raro é o uivo. Um cão pouco uiva (alguns podem até nunca chegar a fazê-lo), mas quando utiliza esse dote vocal sentimo-nos transportados a um local estranho, e percorre-nos o corpo uma sensação inexplicável. Se caminharmos até a um tempo, milhares de anos atrás dos dias de hoje, veremos uma comunidade de seres humanos ancestrais. Capturaram uma loba e o seu lobito. A progenitora arde lentamente sobre o fogo libertando odores que prometem acariciar dentro de momentos os estômagos primitivos. Uns metros ao lado, uma criança brinca com o lobito. Os seres humanos observam, analisam, e compreendem. O lobo é domesticável. Num processo de selecção lobos mais ferozes e fortes ajudam na caça, outros mais dóceis acompanham as crianças. Separam-se os lobos aos poucos, cruza-se uma característica, adiciona-se outra, isola-se, cria-se. Milhares de anos à frente no tempo, uma comunidade de bairro. Uma criança brinca com o seu boxer, um casal passeia altivamente o seu Grand Danois, um Setter voa no ar caçando um disco de plástico, um Labrador guia um invisual. Todos eles, um exemplo gritante de Generation Gap, numa linhagem que acaba no lobito e que hoje se mostra com mil e uma variações. Uma das impressões genéticas nunca se apagou. O uivo. Quem sabe essa sensação estranha ao ouvi-lo não é algo que, também em nós, ainda não se apagou desde o tempo em que pintávamos na pedra.





segunda-feira, fevereiro 23, 2004


Muros de outros tempos


As disputas entre muros possuíram em tempos um gosto especial. Os meus avós vivem num bairro de vivendas em Lisboa, onde as casas se colam, sustendo-se umas às outras, e onde os muros, além de transponíveis, permitem observar o familiar quotidiano dos vizinhos. Lembro-me de ser criança, das tardes calmas de verão passadas no quintal dos meus avós. Recordo-me de saltar o muro para visitar os vizinhos do lado. Esse mesmo muro que também se ligava ao quintal dos vizinhos de baixo, onde habitava um cão grande, afável, e brincalhão. Inclinava-me eu no muro, ele equilibrava-se firme na patas traseiras, e ali se trocavam mimos entre uma criança sorridente e um canídeo com a cauda a abanar. Noutra vivenda, separada pelos muros dos vizinhos de lado e de baixo, vivia o Ricardo, acostumado a defender a sua Viper Team contra as investidas da minha G.I. Force, num vasto campo de batalha composto por duas zonas militares (quintal norte e quintal sul) e duas zonas desmilitarizadas (vizinhos do lado e vizinhos de baixo/cima). Saltávamos os muros para efectuar ataques surpresa em território inimigo, causadores de inúmeras baixas em soldados articulados e civis envernizados. Era o tempo da infância, a época em que os vizinhos brincavam. Os muros também nessa altura separavam territórios e facções opostas. A diferença era que as guerras acabavam sempre ao fim da tarde, com Sumol numa mão, sandes de fiambre na outra, e um brilho alegre nos olhos. Esses muros deixavam-nos crescer.






Como pod ser possível?


Não deixa de ser curioso que a maior parte dos utilizadores do sistema operativo Windows deteste a Microsoft, e que a quase totalidade dos utilizadores do sistema operativo MacOS adore a Apple. Pode isto ser possível? Como diria Markl: - ipod pod!





domingo, fevereiro 22, 2004








Não é por mal


Aproveito este post para, ao mesmo tempo, agradecer os vários blogs que me adicionam às suas colunas de links, e pedir desculpas por não agradecer as referidas menções que para mim são sempre honrosas. O tempo disponível para este local de descontracção vem sendo cada vez mais limitado e, ao contrário da minha vontade, nem permite a leitura dos meus blogs favoritos. Sinto-me a perder os fabulosos escritos que me habituei a acompanhar por essa blogosfera. Tal tem sido a minha cegueira imposta que nem percebi que o Luís Filipe Borges, autor de textos e pensamentos com os quais muito me identifico, regressou felizmente a estas lides, agora entre os colossos do causa nossa. Se não agradeço as referências é por falta de tempo e não por arrogância ou desinteresse. Cada vez que surge um novo link, venha do blog mais mediático ou do mais desconhecido, aquece-nos mais um pouco a alma e obriga-nos a não desistir. Obrigado a todos, e desculpem-me o silêncio.






O Portugal do pensar pequeno


Um noticiário televisivo (não me lembro qual, apanhei de raspão) anunciava hoje que, num dos desfiles de carnaval, Portugal tentará um novo recorde guiness de extrema distinção para o nosso país. A tentativa consiste no maior aglomerado de palhaços a desfilar, mil, se não estou em erro. Mais uma vez se prova a ineficácia e a capacidade de organização deste país que com tantos recursos disponíveis se fica por juntar um mero milhar. Que desperdício.






Testes


Eu que não sou dado aos testes de cruzinhas que a blogosfera tanto preza resolvi experimentar um, não sei se por curiosidade, ou por necessitar de algo completamente vazio durante alguns segundos. Seguindo a indicação de uma neurótica dei um salto até este local que nos promete computar a inteligência. O mais curioso neste teste não são as perguntas e respostas. Singular é o cabeçalho, onde podemos ler que Bill Gates fez este teste e obteve nota 3. Obviamente, o senhor Microsoft não fez este teste e, mesmo no caso de o ter experimentado, certamente alcançaria a nota máxima. Este tipo de testes não avaliam a nossa inteligência. Servem para testar a nossa atenção, estando polvilhados de rasteiras ao cérebro, um tapete que nos é puxado por debaixo dos pés, a cada alínea polvilhada de batotas gramaticais e lógicas. Ora, Bill Gates é uma mente analítica que, mesmo que não fosse muito inteligente (e acredito que possui um Q.I. bem superior à média), seguramente descortinaria a rasteira a quilómetros. Bill Gates possui um império da informática, é assíduo frequentador do top da riqueza pessoal, e no entanto subiu a pulso. Um jovem nerd, com os seus óculos e borbulhas que foi genial a desenvolver software e, mesmo que a IBM não acreditasse no seu produto, criou a sua empresa que hoje mantêm em funcionamento (ou não) as necessidades informáticas de 70% da população informatizada. Recentemente, descobri num artigo que é um dos que mais dinheiro dirige para causas humanitárias.
Não pretendo defender a plataforma Microsoft (eu que sou “Macintoshiano” assumido e praticante), nem entrar aqui num debate sobre globalização e afins, mas há que reconhecer que Bill Gates teve mérito. Logo, é um alvo a abater. Qualquer empregado bancário ou dona de casa, sentir-se-ão génios quando conseguem uma pontuação maior que 3 no teste. Contam aos amigos e colegas que ultrapassaram o Bill Gates, e ficam mais contentes, ficam todos mais contentes, ficamos todos mais contentes. E depois, se mesmo assim a vida continua péssima, e se a carrinha Audi continua apenas a representar um desejo remoto bem publicitado numa revista em que só se pára para ver os carros e a casa dos vip’s, culpam-se o Bill Gates e todos os ricos e magnatas que tem tudo e não fazem nenhum. É a cultura da auto-desculpa. A culpa é dos outros. Quanto falta para os bombeiros com querosene, e as famílias nas paredes da sala?





terça-feira, fevereiro 17, 2004


Cinema, o que é?, 6


Susan : I want to spend the night with you.
Josh : Do you mean sleep over?
Susan : Well... yeah.
Josh : Well, okay... but I get to be on top

Big de Penny Marshall





segunda-feira, fevereiro 16, 2004


O peso da história


Fascinam-me as pessoas que conhecem a sua árvore genealógica e a resultante história dos seus parentes mais afastados. No meu caso, um bisavô partilhou dias da sua vida comigo. Dos outros bisavós apenas as histórias, contadas aqui e ali, ao redor de uma mesa, a maior parte das vezes adornada com um peru recheado. Os trisavós, esses, são perfeitos desconhecidos, que assumem tanta importância e curiosidade como as pessoas que se encontram na mesma fila que eu, em qualquer tabacaria. Isso faz-me pensar ao contrário. Pela ordem natural dos tempos serei pai um dia, depois serei avô e até, quem sabe, bisavô. Provavelmente não serei trisavô, mas terei certamente trisnetos. Para eles serei um desconhecido, do qual pode até nunca se pensar, um eterno esquecido de um tempo remoto. No entanto, os meus trisnetos nunca existiriam sem que primeiro eu também tivesse nascido e procriado. São uma parte de mim, continuada e misturada no futuro. São vestígios das minhas mensagens de ADN, uma cor de cabelo, uma forma de pensar, uma maneira de agir. Eu estou lá, difusamente impresso, tentando resistir ao passar dos tempos. Estarei nos tris, quad, cinc, apagando-me lentamente, diluindo-me numa cada vez mais complexa configuração de caminhos passados. Um perfeito desconhecido que um dia foi inevitavelmente necessário.





sábado, fevereiro 14, 2004


Solteiros e Casados


O dia 14 de Fevereiro assinala a comemoração de uma espécie de ave, o pombo, na sua versão mais diminuta, o pombinho. Chocolates, beijos, carinhos, peluches, ou até o artigo mais improvável que possamos imaginar (depravados!), todos embrulhados em belos papéis com corações impressos e fitas vermelhas que simbolizam o amor e a luxúria.
Agora, para que todos pudessem comemorar algo, este dia passa também a representar o dia da disfunção sexual.





quinta-feira, fevereiro 12, 2004


Aviso à navegação


Carrego no acelerador a fundo, uma guinada para a direita, uma travagem mais forçada, e uma rápida ultrapassagem pela esquerda (sem devida e aconselhável utilização do sinal de mudança de direcção), e lá consigo vir aqui deixar uma posta em tudo relacionada com a circulação automóvel:

Informa-se a todos os proprietários de veículos em circulação nas estradas portuguesas que o autocolante pequeno, que se encontra afixado no vidro traseiro da minha viatura, representa a empresa Foramoreiras, dedicada à comercialização ao público de veículos motorizados da marca Ford. A informação adicional constante no dístico refere-se à morada e ao telefone da empresa em questão, informação essa que não pretendo publicar neste local uma vez que se encontra facilmente acessível em qualquer lista telefónica.

Esclarecido que está este ponto, e satisfeita a curiosidade, espero que todos os veículos possam, a partir de hoje, manter uma distância segura em relação à traseira do meu veículo. Apenas ainda pretendo acrescentar que, mesmo em caso de alguma dúvida, a leitura de informação é muito mais acessível quando se mantém a mesma distância, e que a aproximação e afastamento pode conduzir a uma leitura deficiente.

Muito obrigado.





domingo, fevereiro 08, 2004


Frescas a 24 frames por segundo


Quero agradecer ao cineblog pelo trabalho que desempenha diariamente, e que faz com que num só sítio eu possa diariamente absorver informação, imprescindível a qualquer apreciador da sétima arte, que se encontra espalhada por muitos sites e fontes e que se vê aqui reunida numa forma actualizada e directa. Visita obrigatória.





sexta-feira, fevereiro 06, 2004


Passar o tempo


Com muito gosto, aqui deixo uma dica a todos que prevem um fim-de-semana fechados em casa e com os bolsos vazios. Livros grátis para download.






Um prato que se come frio


Para todos aqueles que não conseguem dormir devido a ruídos alheios no prédio, não desesperem … aqui está o remédio.





quinta-feira, fevereiro 05, 2004


O melhor remédio para rir


O grande problema que enfrentamos ao refinarmos o humor é deixar de achar piada à maior parte do humor que nos rodeia. Aliás, este é o problema geral por detrás de qualquer refinamento, seja ele literário, cinéfilo, ou televisivo. Quanto mais cultos somos, menos vazios nos tornamos, mas mais solitários permanecemos. Voltando ao humor, irrito-me com os Malucos do Riso, bocejo com o Herman & Companhia, e esboço sorrisos e até, de quando em quando, risos sentidos com o Gato Fedorento. Tenho saudades não da gargalhada, mas do riso incontinente que ameaça provocar crises de dores de barriga e que mantém-se agarrado aos músculos da face muito tempo. Chamo-lhe o riso fulminante ao retardador. Ataca com violência, demora a apagar-se e, quando finalmente se extingue, reaparece do nada novamente como se de uma vela mágica de aniversário se tratasse. Sinto falta deste riso que vinca as rugas da face mas rejuvenesce o espírito. Voltei a descobri-lo hoje. Chama-se Alistair McGowan's Big Impression , e é na BBC Prime que podemos encontrá-lo.






Depois do vazio, o riso


Lado a lado com amigos de sempre, de agora, e quem sabe do depois, coloquei o cachecol vermelho e, como tantos outros dias bem passados, fui à bola. Estacionei o carro na terra batida com o apoio de um petiz, fizeram-se os telefonemas da praxe (estou aqui, sabes onde é, ora aí estás tu), a bifana e a imperial amimaram o estômago, fui revistado, lá me sentei. Tudo igual, tudo normal, até o momento de olhar os grandes televisores suspensos na futurista cobertura do estádio. A imagem de Fehér, o conhecido tocar no peito. Esta era a diferença que lembrava não ser um dia como os outros. Não era só mais um jogo, era uma homenagem e, garanto-vos, sentida e livre de auto-sofrimento. Não me emocionei com as imagens, os cartazes, a música a pedir a lágrima, o silêncio de 56 mil adeptos. Vacilei sim, quando uma camisola impressa com o número 29 se prostrou sozinha no interior de um círculo pintado na relva. Aquele vazio dói, e não precisa de passar uma única vez na televisão.

A televisão aproveitou-se e, apercebendo-se que o português queria sofrer, andou (ou ainda anda) numa dança da repetição e exaltação da dor. Até aqui tudo normal. O português gosta disso. O que me preocupou foi o tardar do humor negro. Essa terapia melhor que qualquer remédio, consulta, ou ombro amigo. O humor negro não se ouvia, não se manifestava, e não por respeito mas sim por vontade. Quando um povo perde a vontade do humor negro é porque perdeu a vontade de tudo. Não está só a sofrer, está atordoado, confuso, e perdido. Finalmente lá apareceu (pelo menos entre nós) a seguir ao apito final. Então sabemos que a vida continua, pois voltámos a rir.





terça-feira, fevereiro 03, 2004


Singularidades esquecidas no disco rígido



A deliciosa singeleza de Jomba





domingo, fevereiro 01, 2004


A dança do ter de comer e não ter como pensar


Despejam-me diariamente trabalho à minha frente e, com pena minha, não posso aqui espraiar os meus sentimentos com a frequência que me agrada. Melhores tempos se aproximam, por detrás do nevoeiro das preocupações para amanhã, que me toldam a visão e desfocam as pessoas, a sua observação cuidada, mas descomprometida, e a sentida (por vezes verdadeira) análise. Tempo de músicas, correndo num leitor, no interior de um carro que já não se importa de aguardar várias vezes por dia que os seus companheiros avancem. Momento de descobertas dos novos destinos de viagem que os Air nos aconselham, e aos quais suavemente nos conduzem, levando-nos pela mão a essa mundo de danças lentas e solitárias, de olhos bem fechados, mas sem força, sem dor, com ternura. Descoberta de significados. Significados de palavras desconhecidas. Ontem: deslumbrante. Raven, Lou Reed. Obrigado Tó.








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