Elliott Smith
Strung Out Again



Leituras Recomendadas:


The Bible According to Mark Twain
+
Animal Behavior






a causa foi modificada
alexandre soares silva
estado civil
joão pereira coutinho
melancómico
voz do deserto



100nada
a aba de heisenberg
a origem das espécies
a sexta coluna
achoeu
adufe
amor em part-time
blogame mucho
bomba inteligente
contra a corrente
daltonic brothers
fábrica lumière
homem a dias
mar salgado
marretas
papoila procria
posto de escuta
a praia
quase famosos
rititi
senhor carne
theoldman








cinecartaz
guardian film
rotten tomatoes
nytimes movies
the film file
sight&sound
all story
filmfestivals.com
faber&faber film
eternal gaze
cineguia
icam



<








This page is powered by Blogger. Isn't yours?


terça-feira, novembro 30, 2004


O papel dos blogues grandes


Acabo de chegar do café aqui da zona. Como qualquer café dos arredores de Lisboa, os clientes habituais percebem quase tanto de politica como eu. Frases são lançadas para o ar, não com certeza, mas quase como que para pôr à prova os modestos pensamentos. Reparei nos rostos das pessoas que olhavam as televisões e os comentadores. Quando a hipótese Cavaco Silva foi avançada senti que as pessoas ficaram perdidas. Lembram-se de Cavaco e, embora distante, não guardam dele grande memória. Pensam em Santana Lopes. Não o querem, sabem que não o querem. Será Cavaco uma alternativa a Santana, será a única? Vejo a preocupação e dúvida nas faces tensas. Depois ouvem Sócrates e, embora não o digam, percebem que o líder do PS não é forte. Queriam ter ouvido uma voz que os guiasse, mas todos repararam na “carta” António Vitorino. Sócrates por si só não conseguiu oferecer uma alternativa suficientemente credível e necessitou de tirar um trunfo da manga. Todos no café perceberam. Pela primeira vez, vejo as pessoas caladas, com medo do comentário e teoria fácil que o Português tanto gosta. As pessoas, desta vez, não percebem o que se passa, não percebem como agir. Nestes dois meses a palavra de ordem não será democracia mas sim demagogia. É necessário estar atento e combater essa forma de fazer politica que, para um povo confuso, pode soar a salvação, rumo, e liderança. Os blogues possuem um papel determinante nestas eleições. Esta será talvez a fase mais importante da blogosfera. Caberá a ela informar, comentar, explicar, e alertar. Tenho a certeza que hoje, os blogues mais mediáticos observaram os seus contadores disparar ainda mais. São leitores à procura daquilo que não encontram no discurso politico. As pessoas vão à procura de respostas.

Para os leitores do meu blogue, aqui vai a minha sugestão de leituras diárias nos próximos tempos: Abrupto, Aviz, Causa Nossa, Mar Salgado.

Para o Adufe (a acompanhar com um abraço): eu sou dos pequenos. Não ligues ao que eu digo.






Porque nem tudo são rosas


O que vai ser:


O que deveria ser:







Felizmente, acabou


Disse atrás que não comentaria a situação politica mas não consigo resistir. Comento não como entendido politico mas como cidadão. Hoje sinto um grande alivio. Nos últimos dois meses senti que Portugal caminhava para um fosso, e não conseguia explicar porquê. Não li relatório, artigos, ou crónicas, sobre a economia, educação, e outras áreas. Mas vi nos olhos das pessoas na rua, uma calma como nunca tinha visto. Não uma calma de conforto. Aquela que vi, foi a calma da derrota, de quem baixa os braços e deixa de lutar. Senti Portugal adormecer, entorpecer. Senti Portugal fugir. Pensei, seriamente, fugir pela primeira vez. Deixei de acreditar que o pais poderia retomar o rumo. Agora, a partir de hoje, não sei o que vai acontecer, quem vai perder, quem vai ganhar, quem vai manter, quem vai mudar, mas nunca tinha sentido o pais tão vivo, tão desperto. Aproveite-se esta oportunidade. Hoje olhei para a janela e o pais pareceu estar em fast-forward. Votos sinceros para que assim continue.






Assina a petição







segunda-feira, novembro 29, 2004


Pretensiosismo à la carte


Esta é a prova de que os americanos são bem maiores do que os possidónios europeus. Numa das minhas aulas, uma aluna chegou a comentar: - sim, mas o Paul Thomas Anderson é muito mais europeu que americano.






Introdução à politica


O meu conhecimento sobre os temas políticos é de tal ordem que estou pela primeira vez a ler um livro sobre o tema. Amarelinho, assinado por António Marques Bessa, e Jaime Nogueira Pinto, dividido em três volumes. Estou no primeiro volume desta introdução à politica, desde há uma semana. Não percebo nada sobre remodelações e demissões mas, vá lá, já sei o que é uma monarquia teocrática: poder possuído por uma entidade – deus vivo e rei. Exemplo: Louçã e o Bloco de Esquerda. Portanto, quem aqui vier, e venha ou não venha por bem, à procura de comentário às recentes movimentações no plano politico português, faça como eu: vá para outro lado, mais informado, mais sério, mais inteligente, mais racional, menos emotivo. Aqui, e se o assunto for politica, só sai parvoíce. Não seria grave. Aqui não temos um milhão de visitantes.






Critica da Razão, Ponto


Foi em inicio de Novembro que o descobri. João Pedro George. Um nome pouco comum, a assinar uma critica literária deliciosa. A certa altura, pareceu desaparecer, extinguiu-se um pouco. Alguém no blogue disse: o João Pedro durou uma semana. Mas não. Voltou e acabou por escrever “Crítica da Razão Pura”. Afinal, o João Pedro durou três.






O pecado da gula


O EuroMilhões, o maior prémio de sorte atribuído em Portugal, foi para duas famílias jovens e modestas do norte de Portugal.

A inveja, é uma coisa muito feia.





sábado, novembro 27, 2004


Just a Kiss? (ou sobre cinema), 4


Magnolia
Então o faraó mandou chamar Moisés e Aarão e disse-lhes: “Peçam ao Senhor que afaste as rãs de mim e do meu povo e eu deixarei que o vosso povo vá oferecer sacrifícios ao Senhor.”
Êxodo, 8


Animal curioso, a rã. Tanto serve para libertar povos como remorsos.






elas+eles (ou sobre pessoas), 2


Ele, tinha vergonha,
e por esse motivo aceitava que não podia nunca desapoderar-se do sofrimento constante. Encaixado no habituado sofá creme olhava com ciúme os concorrentes. Amava aquelas perguntas; eram dele, não daquelas e daqueles.
As respostas, sabia-as sempre, sabendo que podia ganhar se lhe dessem uma oportunidade, essa oportunidade que nunca pediu. Por vergonha iria sempre sofrer.
- Milan Kundera – respondeu ele baixinho





sexta-feira, novembro 26, 2004


Summer of 2003


Lembro-me que a blogosfera portuguesa seria um fenómeno passageiro.
Lembro-me que morria e extinguia-se depois do Verão de 2003.

O primeiro a fazer dois anos avise.





quinta-feira, novembro 25, 2004


O que está para ser, e o que pode nem chegar a acontecer


O filme mais esperado pela blogosfera:



O filme que eu mais esperava:









The Talk of the Town


“Kerry’s mettle has been tested under fire – the fire of real bullets and the political fire that will surely not abate but, rather intensify if he is elected – and he has shown himself to be tough, resilient, and possessed of a properly Presidential dose of dignified authority. While Bush as pandered relentlessly to the narrowest urges of his base, Kerry has sought to appeal broadly to the American center. In a time of primitive partisanship, he has exhibited a fundamentally undogmatic temperament. In campaigning for America’s mainstream restoration, Kerry has insisted that his election ought to be decided on the urgent issues of our moment, the issues that will define American life for the coming half century. That insistence is a measure of his character. He is plainly the better choice. As observers, reporters, and commentators we will hold him to the highest standards of honesty and performance. For now, as citizens, we hope for his victory.”
The editors, The New Yorker, 1 de Novembro


“Here in the bluest borough of the bluest city of the bluest state in all our red-white-and-blue American Union, it has not been a happy week. A cocktail of emotions was being felt in these parts after last week’s Presidential election, and the most potent ingredient was sadness. We’ve got the blues, and we’ve got’em bad.”

“Along with the sadness and puzzlement, there is apprehension. Here in the big coastal cities, we have reason to fear for the immediate safety of our lives and our families – more reason, it must be said, than have the residents of the “heartland”, to which the per-capita bulk of “homeland security” resources, along with extra electoral votes, are distributed. It was deep-blue New York (which went three to one for Kerry) and deep-blue Washington, D.C. (nine to one Kerry), that were, and presumably remain, Al Qaeda’s targets of choice. In the heartland, it is claimed, some view the coastal cities as faintly un-American. The terrorists do not agree. They see us as the very essence – the heart, if you like – of America. And, difficult as it may be for some rural gun owners to appreciate, many of us sincerely believe that President Bush’s policies have put us in greater peril than we would be facing under a Kerry (or a Gore) Administration.”

“There is apprehension that the anti-Bush sentiments that are manifest throughout much of the world will now transmute into fully fledged anti-Americanism. The governments of our estranged European allies, led by reality-based statesmen, will do their best to accommodate the practical fact of a second Bush term. But these are, after all, democratic countries, and their publics not be so patient or so sensible."
Hendrik Hertzberg, The New Yorker, 15 de Novembro






quarta-feira, novembro 24, 2004


Tique-taque


Grande Borges ... é fascinante como o relógio inicia o seu funcionamento de um dia para o outro, sem aviso. É um relâmpago, uma necessidade, um clarão, um cometa que se aproxima perigosamente cá dentro. Mas, ao mesmo tempo, é tão belo, não é? Por vezes, insuportável demais. Que tal irmos bater no Nuno?






Dia Zero


Amanhã começa o julgamento do caso Casa Pia.
Amanhã é o primeiro dia dos restos de algumas vidas.

Como tem sido a minha conduta neste caso, só comentarei no final do julgamento. Até lá, existe sempre o benefício da dúvida. Espero apenas que este benefício não seja necessário ad eternum.






copy paste (ou se não te lembras de nada para dizer)


¨Existe algo de errado num mundo em que as pessoas não saem cantando e dançando na rua, e se muitas pessoas não gostam de musicais é porque sentem que esses filmes os criticam de uma forma mais violenta e triste que qualquer outra forma de arte¨.

Aqui, né?






For Paulinho with love


Para muitos Patsy Cline é um “monstro” da música Country. Existe até uma lenda que diz que ela começou a “entreter” os vizinhos com a infantil idade de 3 anos apenas. Verdade ou mentira, a menina estava destinada a crescer e tornar-se uma das maiores celebridades em 1962 quando atingiu os top charts. Um ano depois, num desastre de avião, perdeu a vida, mas a sua voz ainda hoje se mantém viva em temas magníficos como “Crazy”, “I fall to pieces”, ou “Lovesick Blues”.

Hoje, em primeira mão, vou revelar uma notícia que irá abalar todos os fãs da música Country, e simpatizantes do PS, PCP, Bloco de Esquerda, e demais partidos da oposição. Patsy Cline era intima de Paulo Portas. A famosa cantora adivinhava o futuro, ou falava com Ana Solnado frequentemente, e há muitos anos atrás cantou uma canção a avisar o seu Paulinho das Feiras. Cantou-lhe um tema sobre a sua relação com Durão Barroso. Paulinho não quis ouvir, Paulinho acho que era um tema sem fundamento, Paulinho (nessa altura ainda gaiato) preferiu continuar a brincar com o patinho na banheira. Agora, Paulinho poderá estar condenado a ver o seu coração destroçado. Para quem não acredita em mim, para quem também acha que o que digo não tem fundamento, aqui está a prova.






2004...


Ontem ouvi um disco dos U2.
Hoje, através dos jornais, descobri que era novo.





terça-feira, novembro 23, 2004


elas+eles (ou sobre pessoas), 1


Ela, não gostava de chá de menta. Por essa razão nunca experimentara tal exótica infusão. Lembrava-se da primeira vez em que se vira obrigada a lavar a língua, no w.c. de um restaurante caro, a fim de retirar da boca o gosto de um After-Eight fora de prazo. Coisas exóticas não eram para ela, e sempre imaginara o chá de menta como um rebuçado de mentol acabado de sair de um copo de água quente. Exótico e novo, não.

Depois, num trágico dia, uma amiga enganou-a com um suposto chá de cidreira.
- É menta – disse-lhe a amiga enquanto ela bebia satisfeita o último golo.
Olhou chocada para a chávena. Caíra um mito. A vida sem mitos, é uma vida sem interesse.

Ela, não gostava de mãos de vaca.






Alguém tem aí um Centrum a mais?


“As i’ve gone through life, i’ve found that your chances for happiness are increased if you wind up doing something that is a reflection of what you loved most when you were somewhere between nine and eleven years old.”
Walter Murch


Raios! O que seria?





segunda-feira, novembro 22, 2004


Pergunta/Resposta


Voz do Deserto: A que santo se reza quando pifa o computador?
Origem do Amor: Nossa Senhora da Paia do Utilizador.





domingo, novembro 21, 2004


O brinquedo proibido


Era miúdo quando apareceram os primeiros catálogos de Natal dos supermercados, se não estou em erro, do Continente, Pão de Açúcar, e do Pingo Doce. Lia e relia aqueles catálogos de brinquedos, destinados a aliciar os mais novos, fazia contas de cabeça. Sabia que os meus pais não tinham capacidade para oferecer tudo o que ali se encontrava, então envolvia-me em jogos de escolha. Riscava, sublinhava, voltava a riscar, até chegar à melhor selecção possível de desejos. Hoje voltei a pegar num desses catálogos de brinquedos. Hoje reparei que as coisas mudaram muito. Na secção de jogos de consolas, o jogo de destaque é o meu amado Grand Theft Auto. O problema é que o jogo em questão é para maiores de 18 anos, logo porque raio está ele num catálogo de natal destinado às crianças, e em destaque? Não quero aqui ser diácono remédios, mas o que se seguirá? Os filmes do Alexandre Frota? Ser Pai Natal hoje em dia não deve ser tarefa fácil. A linha entre o mal e o bem anda um pouco turva.



[Update]: Já agora aqui fica a dúvida para os entendidos em legislação. Não será isto ilegal? O catálogo é destinado ao público infantil e juvenil e no seu interior existe publicidade a um item classificado como sendo para maiores de 18 anos. Isto será permitido? A quem cabe a responsabilidade? Se uma criança comprar o jogo no Continente, a operadora da caixa pode vendê-lo?






Vai descer


De norte a sul de Portugal. Raios, que até para descrever o pais começamos no topo e acabamos no fundo.






sexta-feira, novembro 19, 2004


Sitemeter XXX (L)


Agora que estou de volta em força é altura de tentar disparar novamente o contador de visitas. Como pseudo-veterano deste local, conheço as tácticas de enchimento numérico necessárias para o ressuscitar de um blogue. É costume referirmo-nos a estas estratégias como: O seu blogue cheio, depressa e bem, em 24 horas.

1 – Insultar, esquartejar, gozar, ridicularizar, os autores dos blogues mais visitados. Esta táctica, embora matematicamente funcional, não se adequa ao estilo moderado deste blogue. Aconselho o seu uso com prudência e, de preferência, sem menções ao Daniel Oliveira, devido ao risco de não sair de uma bola de neve de respostas e contra-respostas nos próximos sete meses.

2 – Colocar links num post elogiando autores muito visitados. Aqui vai, assim em jeito de rajada, les exemples: acho que os posts de Homem-a-dias, Esplanar, Bomba Inteligente, Aviz, Crónicas Matinais, Papoila, Jaquinzinhos, Mar Salgado, O País Relativo, Causa Nossa, Voz do Deserto, e muitos outros, são geniais, certeiros, inteligentes, deliciosos, e perspicazes. Ora, com esta graxa, talvez venha o retorno do link e o contador dispara. Poderá fazer-se o mesmo com o Daniel Oliveira e o seu Barnabé, mas só em caso de extrema necessidade como o contador estar a contar números negativos. Há limites para tudo.

3 – Talvez a táctica mais eficaz. The Dirty Dozen terms: Blowjob photos, Paris Hilton vídeo here, Júlia Roberts Playboy photos, biggest tits ever seen, Janet Jackson nipple, Pacheco Pereira in boxer shorts, Naughty housewifes, Gang bang in university movies, XXX party shots, best amateur of the web, Bin Laden naked, Daniel Oliveira voting for Santana.

Com estes três passos o seu contador vai de certeza disparar para números nunca antes imaginados. E assim, com a sabedoria dos mais velhos, se ressuscita um blogue. Para os estreantes, que só agora se iniciam neste mundo, este conselho é de graça. E depois não digam que não sou um gajo “pachola”.






Sem medos


Eu sei que nos tempos que correm paira em cima das nossas cabeças uma grande nuvem negra, que sentimos presenças atrás de nós, e que nos arrepiamos com estalidos no telemóvel a meio de uma conversa. Porém, aqui não tenham medo. Comentem à vontade. Este blogue apoia e incentiva o exercício do contraditório. Este blogue “escuta”.






Just a Kiss? (ou sobre cinema), 3


Alguém disse um dia:

Não posso dar-me ao luxo de ir ao cinema. Emociona-me muito.






Uma pessoa pensa e depois dá nisto:


Os idosos são porventura os que menos sabem ler o mundo actual, mas nesse mundo, os que melhor sabem ler os outros.






Ainda ... a imagem em movimento (ou desculpem lá isso)


Chamem-me lamechas, acusem-me de ser um adorador do comercial americano, apontem-me o dedo reprovador quando passar à porta do Magnolia, escrevam criticas arrasadoras no dia em que eu estrear algo, atirem-me paus e pedras, e coloquem cartazes com a minha cara e a frase “ele mente, ele perde” por toda a cidade.

Os filmes mais esperados por mim para as próximas semanas são:

Um para rir:


Um para chorar:


E este é como quem diz: Ó Lá Féria! Embrulha!!!





quinta-feira, novembro 18, 2004


O verdadeiro artista


Na continuação do blogue sugerido no post anterior, e prosseguindo no campo da imagem em movimento, convido-vos a visitar o site de Richard Fenwick, responsável por alguns dos trabalhos mais “frescos” e inspiradores que apreciei nos últimos tempos. Aconselho principalmente o vídeo feito para a faixa Gob Coitus de Chris Clark. Divirtam-se.






Eternal Gaze


Porque é diferente, porque é útil, porque se podem descobrir pérolas como a iniciativa Animate lançada pela WARP, aqui vai um blogue original sobre o que de mais inovador se passa no mundo da imagem em movimento.







Paciência


Não irei protestar com a lei que proíbe o fumo em locais públicos. Aceitarei as novas restrições, quem sabe até reduza um pouco o consumo, sem gritarias, protestos, ou frases feitas de censura e proibição. Esta minha forma de (não) agir não é baseada no número de mortes causadas pelo tabaco, nem no número de adolescentes fumadores, nem nas grávidas, nem em qualquer grupo colocado em risco devido ao consumo de nicotina. Não reclamo porque sei perfeitamente que vivo numa sociedade de mentecaptos. E a grande maioria dos fumadores Portugueses são na realidade uns verdadeiros mentecaptos. Quando se fumam 2 maços de tabaco por dia, como é o meu caso, deixa-se de sentir o cheiro a tabaco e o fumo dos outros deixa de nos incomodar. Embora as minhas narinas estejam “viciadas” os meus olhos ainda não estão turvos, e observo diariamente o comportamento abusivo e egoísta dos fumadores. O fumador não se importa de acender um cigarro esteja onde estiver, esteja ao lado de quem estiver. Experimentem entrar num café por volta das 5 horas da tarde. Por esse altura, a posição relativamente baixa do sol provoca um bonito efeito em que nos é possível vislumbrar os raios de luz a invadirem o interior do espaço. A essa hora, o fumo vê-se. E qualquer fumador atento, vê o trajecto do fumo que acaba de expelir. A maior parte das vezes, esse fumo atinge mesas de não fumadores e por lá fica. É um abuso silencioso, quase invisível. E os não fumadores, a maior parte das vezes não pedem que se apague um cigarro que os está a incomodar, por medo da reacção que possa provocar. Pela nossa forma de agir, pelo desrespeito que temos pelos outros, pelo umbiguismo, pelo egocentrismo, que a maioria de nós evidencia, é muito bem feito que nos proíbam de fumar em locais públicos. É para aprendermos.






Pedido de ajuda


Não gosto de chatear as pessoas com os cada vez mais comuns pedidos de sangue, testemunhas de acidente, ou cães com 3 meses de idade há 4 anos esperando para serem abatidos. Mas desta vez, sinto-me obrigado a pedir a ajuda de todos. O assunto é sério, preocupante, e está a ser abjectamente ignorado pela comunicação social. Ajudem o Paquidérmio a voltar a casa!





quarta-feira, novembro 17, 2004


Insónia ...


s. f.,
falta de sono;
vigília.

Terei eu desenterrado antigos fantasmas da mente? Terei, sem querer, cavado profundamente na minha psique? Encontrei medos antigos que me mantêm nesta vigília constante? Será que, todas as noites, ainda espero o Pai Natal?






Just a Kiss? (ou sobre cinema), 2


A pipoca, da sala de cinema, produz o efeito contrário à maçã do Jardim do Éden.






Just a Kiss? (ou sobre cinema), 1


Lembro-me!
Quando algo nos marca não se esquece. Tinha doze anos e a partir daquele dia Tom Hanks (a.k.a. Josh) seria para mim o maior tanso da história universal.
Sim, eu queria um lugar de topo numa firma de brinquedos; sim, eu queria experimentar os divertimentos mais radicais dos parques de diversões; e, Elizabeth Perkins, senhores! Ai, Elizabeth Perkins! O quanto eu desejei encontrar uma máquina Zoltar! Sonhei encontrar uma: sonhei ser Big. E depois aquele tanso, Tom de seu nome, renegando tudo para voltar à adolescência, às borbulhas, à sala de matemática, à doce morena do 12º ano inatingível. Tanso! Burro!
Colocava o filme já gasto no antigo leitor Betamax, e sempre que se dirigia pela segunda vez à máquina dos desejos eu gritava: Não! Por favor, não! ... Tanso!

Big foi o filme que me fez admitir as maravilhas do formato DVD. Quando vejo o filme em DVD, Tom Hanks deixa de ser um tanso, tornando-se antes um verdadeiro herói. Isto do digital tem muito que se lhe diga.





segunda-feira, novembro 15, 2004


O Natal está à porta







sexta-feira, novembro 12, 2004


Nem só de tiros se faz um Grand Theft Auto





Hey, Hey, Good Lookin', whatcha got cookin'
How's about cookin' somethin' up with me ...
Hey, sweet baby, don't you think maybe
We could find us a brand new recipe.

I got a hot rod Ford and a two dollar bill
And I know a spot right over the hill
There's soda pop and the dancin's free
So if you wanna have fun come along with me.

Say Hey, Good Lookin', whatcha got cookin'
How's about cookin' somethin' up with me.

I'm free and ready so we can go steady
How's about savin' all your time for me
No more lookin', I know I've been (*tooken)
How's about keepin' steady company.

I'm gonna throw my date book over the fence
And find me one for five or ten cents.
I'll keep it 'til it's covered with age
'Cause I'm writin' your name down on ev'ry page.

music and lyrics by Hank Williams, Sr.






Grand Theft Auto: eXplanade


A violência neste blogue está a ultrapassar as 525 mortes que o Grand Theft Auto me acusa de ter cometido desde que iniciei a “jogatana”. Este blogue sim deveria ser proibido e não o jogo. É que entre atirar um cocktail molotov para cima de um gang de LA ou usar um livro de Ramos Rosa como arma, vai uma diferença bem grande. Seja quem for o Ramos Rosa!






O comentador freak


Os antigos espectáculos de circo em que humanos “diferentes” eram exibidos mediante o pagamento de um bilhete são actualmente apenas explorados em filmes e documentários. Prática condenável e desumana, em boa hora foi abolida quando a humanidade evoluiu na sua forma de pensar e ver o mundo. Nesses dias do passado existiram dois tipos de freaks: os que colocavam deficientes em exposição; e os que pagavam para os ver. Mais uma vez, tudo acabou, nós evoluímos. Será? Parece que nem todos. David Rodrigues, professor universitário, assina hoje um artigo no Público, que o coloca perante a sociedade como um freak moral. Atira-se ferozmente à campanha publicitária da Sagres Preta que associa a cor da bebida ao humor negro. “A campanha desta cerveja já nos habituou a slogans sexistas”. Alto e pára o baile. “Os homens preferem as louras” ? Será a esta frase que o professor se refere. Será isto que é condenável. Deverá ser abolido? Seja, então. Assim como todas as anedotas sobre louras. E já agora, sobre alentejanos, negros, chineses, brancos, etc. Não sejamos mais tarde considerados uma sociedade sexista e racista, o melhor é abolir realmente todo este tipo de piada. Condenável ao que parece. E retire-se também o filme com o mesmo título das prateleiras de todos os clubes de vídeo juntamente com qualquer filme que embargue num tipo de humor sexista ou racista. O professor continua da seguinte forma: “... mas agora passou das marcas; está a rir-se boçalmente do nascimento de uma criança deficiente”. Aqui, confesso, o senhor atingiu profundamente no limite da minha paciência. Existem sempre limites que não se devem ultrapassar. Neste caso, a boçalidade que nos provoca um artigo de opinião. Não, caro professor, não nos rimos de uma criança deficiente. Rimo-nos do nascimento de uma orelha, que ainda por cima é surda. Rimo-nos do exagero, rimo-nos do absurdo. Abolimos então todo o humor negro e absurdo. Abolimos os Monty, qualquer anedota deste género, qualquer livro, e qualquer filme que explore este tipo de humor, a seu ver, condenável. Abolimos a catarse social.

O humor negro sempre foi um processo natural e saudável de catarse. Em anedotas e filmes, já nos rimos de cegos, surdos, mudos, e outro tipo de deficiência. Sim, rimo-nos. O importante é que se possa rir, e não gozar, menosprezar, ou excluir. Porque a rir aprendemos a lidar com assuntos que “nos incomodam”. Porque certas diferenças não conseguimos ainda aceitar naturalmente, e ao rir, aprendemos que são normais, tão normais como nós próprios. A diferença está em rirmo-nos de uma piada de mau gosto, ou assumirmos um comportamento perante os outros que é em si uma piada de mau gosto.

David Rodrigues aconselha-nos a escolher outra marca de cerveja como forma de protesto e “vingança” às opções publicitárias da Sagres. Eu, por outro lado, também gostaria de aconselhar as pessoas a considerar o artigo de David Rodrigues uma autêntica anedota. Mas não o faço. Primeiro, porque gosto da liberdade de cada um pensar pela própria cabeça, avaliar por si próprio, escolher o que quer. Segundo, porque nunca irei aconselhar a ninguém, uma piada de mau gosto, boçal, e desprovida de graça.





quarta-feira, novembro 10, 2004


Deixem os adultos brincar!


Passou praticamente uma semana desde que escrevi o post abaixo. Agora, poderia justificar-me com uma vida profissionalmente muito atribulada. Não estaria a mentir. O trabalho tem sido mais que muito e ocupa grande parte da minha semana. Agora, poderia justificar-me com o cansaço de quem chega a casa e não tem cabeça e tempo para escrever, com a almofada como a única solução viável e aprazível. Mas agora, sim, estaria a mentir. O tempo caseiro, e a maior parte das horas que estavam destinadas ao sono e descanso, foram passados nas seguintes e variadas tarefas: matar traficantes de droga; roubar motos a policias corruptos; envolver-me em lutas de bairro; horas de musculação no ginásio; levar a namorada à discoteca; enterrar um empreiteiro indesejável em cimento; pisar o acelerador a fundo em corridas na auto-estrada; sobrevoar desfiladeiros no interior de uma avioneta; perseguir e assaltar comboios; comprar e experimentar várias peças de vestuário; dizimar uma tríade a bordo de um cargueiro; entregar uma pasta cheio de dinheiro sujo à policia; morrer e reaparecer no hospital; ser preso e reaparecer na esquadra; experimentar dezenas de carros dos quais o condutor tirei à força; etc ... etc ... etc ... Tudo isto nos últimos dias, todas estas acções condenáveis, empreendi com gosto, vício, e dedicação. E sem tirar o cu do sofá. Isto, senhoras e senhores, é Grand Theft Auto: San Andreas, talvez o jogo mais “sujo” da história dos vídeo-jogos, mas também o que mais liberdade nos oferece.

San Andreas está condenado à polémica, assim como todos os títulos anteriores desta saga estiveram. Assim como no passado, o jogo irá ser proibido em alguns países, e espera-se já as seguintes, habituais, e bocejantes reacções da praxe: associações de pais indignadas; cultos religiosos revoltados; grupos de cidadãos que se juntam para tentar que o jogo desapareça; psicólogos a explicar o perigo; etc, etc, etc. A todos, e peço desculpa por derrapar do estilo calmo e ponderado deste blogue, a todos mostro o dedo do meio. Por favor, deixem os adultos divertirem-se. Está na capa, disponível para todos os que quiserem ver, aqueles dois números mágicos: o 1, e o 8, colocados a seguir ao sinal da adição, ou seja, para MAIORES DE 18 ANOS.

O que está em San Andreas é a nossa adolescência passada em cinemas, clubes de vídeo, e televisões. São os gangsters, os gangs, a máfia, as tríades, etc. E o gozo de fazer algo que não podemos fazer na vida real: não, não é um instinto selvagem e secreto de matar, um desejo adormecido de roubar, não são fantasmas da mente. É pura, e simplesmente, o gozar de quebrar regras sem incomodar ninguém. E quando uma pessoa vai calmamente a passear no passeio e leva com o meu taco de basebol de estimação, o que aconteceu, basicamente (sim, admito que é um pouco básico), é que um boneco digital levou tareia de outro boneco digital. Não são pessoas de carne e osso que passeiam no gigantesco mundo de San Andreas, mas sim bits, bytes, e etc.

Este jogo mais uma vez, como já havia dito, vai dar que falar. E eu apenas espero, que desta vez, as pessoas que tanto lutam para acabar com a existência deste título das consolas, aproveitem um pouco do seu tempo, não só para afastar as crianças deste título mas também para educar essas crianças. Porque os meus paizinhos fizeram um óptimo trabalho. Depois de toda esta matança, desligo a consola, saio para a rua, pego no carro, e viajo calmamente a 70 kms por hora a caminho do trabalho. E não me apetece matar nem bater em ninguém, apetece-me apenas sorrir. Porquê? Porque jogar é um acto de descontracção. Tenho tido dezenas de razões para andar descontraído.

Antes de acabar, e com uma voz calma e ponderada, deixem-me dar-vos um último conselho. Não se encostem muito à traseira do meu carro, não me vá apetecer fazer um drive-by com uma AK-47 na mão.





segunda-feira, novembro 01, 2004


Do inferno para o sofá (sem passar na casa da partida)


Amanhã o senhor dos correios deve bater-me à porta. Apenas mais uma encomenda que entrega, apenas mais um papel que lhe assinam, contas de cabeça que irá fazer enquanto o elevador desce, o fechar das portas do carro, o decidir entre a próxima entrega e um café rápido e de fugida. Se ao menos tão ilustre pessoa soubesse que acaba de adiar os objectivos, possibilidades, ideias, e trabalho de alguém por semanas, meses, quem sabe anos!







O prédio virtual


Não há algo mais estranho nos regressos do que a sensação de silêncio à nossa volta. Regresso à blogosfera e tudo à minha volta me parece estranho. Regresso aos blogues que visitava diariamente e que de um momento para o outro abandonei. Os nomes no cabeçalho, os nomes de quem escreve, sei-o bem, foram em tempos segundas naturezas do meu dia-a-dia. Enquanto me afastei, por lá passaram histórias, intrigas, abraços, aniversários. Por lá se anunciou quem chegou, quem partiu, quem regressou. Tenho vontade de ler tudo o que perdi mas sei que não posso cumprir. Teria tempo, sim. Mas os momentos perdidos não podem ser relembrados. Essa é a razão pela qual não devo ler as palavras que os outros continuaram a deixar neste “micro-universo” tão especial. A blogosfera só vale a pena ser lida no momento, ou lembrada pelos momentos que se leram.

Há uns meses atrás, um livro sobre desenvolvimento de personagens, lançou-me numa pequena viagem impulsiva. O livro explicava e propunha o exercício de escrita livre, que consta em relembrar um episódio marcante do nosso passado e colocá-lo no papel sem pensar no que se escreve. Sem preocupações de estilo, gramática, ou ortografia. É colocar a caneta no papel e não a afastar, relembrando cheiros, sensações, texturas, e vozes. Lembrei-me do primeiro beijo dado àquela que se pode considerar ter sido a primeira namorada. Não me lembrava onde ocorrera. Pensei, associei. Até que a recordação surgiu como um clarão, como se uma porta há muito fechada e escondida num grande armazém fosse iluminada por um projector. Lembrei-me de uma piscina para os lados da Encarnação, de um pequeno caminho, de uma entrada em arco, de uma escola antiga. Lembrei-me de um recanto de pedra escura, rugosa, e coberta de musgo. Lembrei-me de uma Sónia, de dois lábios, de insegurança, e até de um muro à esquerda com uma rede velha. Não consegui resistir ao impulso. Peguei no carro, dirigi-me às imediações do Aeroporto e procurei o local. Depois de algumas voltas lá estava o caminho. Parei um pouco ao ver o arco, atravessei, estacionei. Lembro-me de ficar um pouco no carro enquanto um aperto se formava dentro de mim. Lembro-me de sair do carro e ficar tonto. E a partir daí, aos poucos, lembrei-me de tudo. Tudo o que não apagara, mas lá nunca mais voltara. E o mais curioso, é que embora pincelado de nostalgia, e fascinado pelo jogo de memórias que desfilavam à minha volta, tudo pareceu mais pequeno, mais sujo, mais velho, e principalmente tão menos fascinante. O recanto lá estava, e eu lembrava-me dele, mas pintado de outra forma. Pintado como um local quase celestial, diria até místico. Afinal, era apenas um recanto muito pequeno, sem nada de especial a assinalar.

A blogosfera é como esse recanto. Os momentos aqui não são eternos. São passagens diárias. São risos que se leram quando não riamos, momentos de inteligência que nos despertam do sono da preguiça criativa, frases que nos guiam em dias escuros, lamentos e pedidos de ajuda que nos fazem querer ajudar. Isto aqui é um grande prédio, onde embora nem todos se falem, todos se observam. Cada cabeça com sua sentença, mas todas sabendo as regras, necessidades, e desejos, de todo o condomínio. Quando saímos e voltamos, reencontramos os nossos antigos vizinhos. E no elevador, no hall de entrada, nas garagens, não se deve nunca tentar lembrar o passado ou perder tempo com o que foi, com o que não se viu, com o que não se leu. Aqui só vale a pena falar da luz que é preciso mudar, da ideia de mudar as plantas da entrada, e de saber quem é a nova pessoa no 5ºB. Abri hoje a caixa do correio e estava atulhada de papel antigo. Deitei tudo fora. Na verdade, a maior parte até eram contas por pagar.








Google
WWW A Origem do Amor