Elliott Smith
Strung Out Again



Leituras Recomendadas:


The Bible According to Mark Twain
+
Animal Behavior






a causa foi modificada
alexandre soares silva
estado civil
joão pereira coutinho
melancómico
voz do deserto



100nada
a aba de heisenberg
a origem das espécies
a sexta coluna
achoeu
adufe
amor em part-time
blogame mucho
bomba inteligente
contra a corrente
daltonic brothers
fábrica lumière
homem a dias
mar salgado
marretas
papoila procria
posto de escuta
a praia
quase famosos
rititi
senhor carne
theoldman








cinecartaz
guardian film
rotten tomatoes
nytimes movies
the film file
sight&sound
all story
filmfestivals.com
faber&faber film
eternal gaze
cineguia
icam



<








This page is powered by Blogger. Isn't yours?


segunda-feira, fevereiro 28, 2005


Infelizmente


Hoje, às 24:00, anuncia-se – neste blogue – o fim da blogosfera.





domingo, fevereiro 27, 2005


Questionário


O que será melhor? Subir ao palco para receber um Oscar, ou passar uma vida inteira a tentar ganhar um?






Na América: os anúncios da New Yorker (1)




The Great Philosophers, Finger Puppet Set
Plato, Schopenhauer, Nietzsche, Hegel





sexta-feira, fevereiro 25, 2005


O esquecimento na porta ao lado


Todos protestam quando os cinemas de bairro entram em contagem decrescente para demolição. É a indignação dos ausentes.






À Sexta Damos Música™


Na coluna da direita, quer se queira quer não. Continuamos com Closer, continuamos com o que amamos. O amor tem destas coisas, e quando amamos um todo, veneramos todos os seus fragmentos. Esta semana, dois fragmentos: uma música; e um início – quem sabe, a origem do amor.

EXT. STREET, LONDON – DAY

Morning rush hour. Traffic. Commuters. Office workers.

A young man (DAN) trudging along in the flow of people.

He carries a battered brown brief case, wears a shabby overcoat, suit, glasses, messy hair.

He arrives at traffic lights near Blackfriars Bridge and waits to cross the road. Cars and lorries thunder past.

On the other side of the street he sees a young woman (ALICE) amongst the commuters waiting to cross.

Dan stares, struck by her gamine beauty. She’s lost in thought, smoking. She takes a drag then drops the butt on the ground and treads it in.

Then, she sees Dan staring at her. She holds his gaze. A moment.

She glances to her left and then STEPS INTO THE ROAD. Immediately, she’s hit by a BLACK CAB.





quinta-feira, fevereiro 24, 2005


Alice-Dan-Anna-Larry-Alice-Anna, sorry Dan


Regresso a Closer. O ano passado bati-me com unhas e dentes por 25th Hour quando todos faziam vénias a Lost in Translation e a Mystic River. Este ano a peça/filme de Patrick Marber será o meu cavalo de batalha. Não é uma questão de ser do contra, muito menos uma necessidade de me afastar das modas do momento. É uma questão de lucidez. A mesma lucidez evidenciada por Marber e Nichols quando decidiram retirar do guião do filme uma das melhores cenas da peça original, em benefício da narrativa (esse conceito tão ignorado pelo cinema lusitano). A cena em questão, pertencente ao segundo acto, envolve um confronto entre Alice e Anna no museu, após a sua troca de amantes. Quando se quer escrever bem, escreve-se assim:

ANNA: What are you doing with Larry?
ALICE: Everything. I like your bed. You should come round one night, come and watch your husband blubbering into his pillow – it might help you develop a conscience.
ANNA: I know what i’ve done.
ALICE: His big thing at the moment is how upset his family is. Apparently, they all worship you, they can’t understand why you had to ruin everything. He spends hours staring up at my asshole like there’s going to be some answer there. Any ideas, Anna? Why don’t you go back to him?
ANNA: And then Dan would go back to you?
ALICE: Maybe.
ANNA: Ask him.
ALICE: I’m not a beggar.
ANNA: Dan left you, I didn’t force him to go.
ALICE: You made yourself available, don’t weasel out of it.
ANNA: Screwing Larry was a big mistake.
ALICE: Yeah, well, everyone screws Larry round here.








Com folha ou sem folha, o freguês tem sempre razão


O Pedro tem toda a razão, e a confirmá-la está esta delícia:







Acordar com um colibri, deitar com um elefante


Os curativos atrás referidos adicionam as leis do tempo às leis de Newton. De dia tudo sobe, à noite tudo desce.





quarta-feira, fevereiro 23, 2005


Quando a cabeça não tem juízo...


0,5mg de Alprazolam, e 10mg de Escitalopram, diariamente, não me estão a permitir a concentração necessária – se é que tal alguma vez foi necessário – para escrever com a frequência a que vos habituei. Parece que é temporário e que depois um gajo habitua-se. Eu sei que andava aí um “bicho” na blogosfera mas, raios, logo me havia de calhar este!





segunda-feira, fevereiro 21, 2005


Antigamente é que era bom


Os eleitores escolheram-nos porque tinham confiança no nosso julgamento e na nossa capacidade de o exercer, segundo o que possamos determinar serem os seus interesses dentro dos interesses da Nação. Isso significa, se for necessário, ter o dever de dirigir, informar, corrigir e, por vezes, ignorar a opinião pública de que fomos eleitos representantes.
John Kennedy, Profiles in Courage, 1956





sábado, fevereiro 19, 2005


O número que ligou não está disponível


Se a CNE passar por aqui, alguém que avise que eu fui ao café. Não tenho voice mail no blogue. Aqui, só mesmo hate mail.






A Verdade


Nos últimos tempos, uma palavra anda na boca dos portugueses: verdade. Os políticos reivindicam a verdade, o povo quer a verdade. Todos exigem a verdade; nas contas públicas, na Casa Pia, no jogo de Domingo, na religião, no passado e no futuro, no amor. Mas como tolos – e somos todos – não sabemos o que estamos a pedir. Ou, melhor ainda, no que nos estamos a meter. Pedir a verdade, a transparência, a confissão, conduz naturalmente à negação. Porque embora todos procurem a verdade, na verdade, procuram é aquilo em que querem acreditar. E onde está a verdade? Por exemplo, no texto de Closer. Aí está a verdade, por mais que ela custe – e se analisarmos as coisas sem facciosismo até nem custa assim tanto. Vi casais saírem da sala de cinema, e eles lá iam, repare-se, irados com o companheiro e a companheira. Em aproximadamente duas horas, aquele e aquela com quem se pode contar passa a ser alguém desconhecido e porventura perigoso, quem sabe escorregadio. Para outros, poucos, o texto em questão provoca uma calma há muito procurada. É assim, a verdade. A escolha a fazer é entre saber conviver com ela, ou procurá-la permanentemente.






Obra-prima


Alice: I don't love you anymore
Dan: Since when?
Alice: Now, just now





sexta-feira, fevereiro 18, 2005


À Sexta Damos Música™


E nunca a escolha foi tão fácil: esta semana todos nós vamos ser um pouco cínicos.






Adoro este gajo(*)


Não só pela forma adorável que ele tem de rir – em que o som parece ficar preso momentaneamente - , mas também por isto:

Por esta altura, já perdi mais sete amigos; aliás, esta coluna devia passar a chamar-se ´Perder Amigos´
Nuno Costa Santos, n’A Capital

(*) Para que não restem dúvidas sobre a minha orientação sexual acrescento que me faltou a força nas pernas ao ver uma imagem da Ana Afonso que faz a capa de uma revista recente, aproveitando ainda para apresentar um pedido formal de desculpas à minha esposa por este comentário infeliz.






Súplica matinal


Parem de catalogar os filmes com estrelas, bolas, ou números.
Parem de quantificar o cinema.






Dia 18 de Fevereiro


Frankie: What's the rule?
Maggie: Always protect myself.





quinta-feira, fevereiro 17, 2005


Cada um calça o que lhe apetece


Coloquei na coluna da direita um link para A Mão Invisível - redundâncias à parte. Não o faço por questões ideológicas – se sigo alguém é a mim próprio; menos o faço por obrigação de um seguimento de tendências, como a dos ténis da moda que se querem actualmente com solas bem rasas, como os gola, embora eu, teimoso, insista em apreciar as solas mais altas da reebok. Os ténis, aliás, dizem-nos muito sobre as pessoas. Mas, adiante, que isso é tema para outras deambulações. Faço o link por alguns dos autores. Assumo. Não é bajulação, não é lamber de botas (este post teima em fugir para o calçado). Não considero os autores do blogue génios; faróis; indicadores; muito menos bandeiras a seguir, mas habituei-me a ler nas suas palavras coisas novas. A única repetição que encontro nos seus textos é a das suas próprias ideias, e não da ideia que todos temos. Como o Nelson Rodrigues bem mostrou, este tipo de repetição só faz bem ao cronista, a repetição de si próprio, não a dos outros. Por último, que é urgente acabar este post já que cresce cada vez mais em mim a vontade de voltar ao que se calça, resta-me apenas acrescentar a maior razão que me leva a ligar este blogue numa fase tão embrionária - as seguintes passagens no seu texto de apresentação:

A Mão Invisível não pretende mudar o mundo nem os homens. Contenta-se em compreendê-los e em oferecer-lhes contributos modestos de aperfeiçoamento. Acima de tudo, reconhece-lhes poucas hipóteses de salvação.

A Mão Invisível é o esforço de uma comunidade de individualistas. É essa a sua contradição original.

Agradeço o esforço. Estarei atento. Não, atento não. Disponível. Disponível para iniciar a leitura de cada post sem juízos feitos à partida, e para continuar a pensar por mim próprio no fim de cada um. Penso que esse é o vosso objectivo. E, agora sim, para terminar o texto, a imagem que se impõe desde o início.






Dia 17 de Fevereiro, e eu ainda não me decidi







quarta-feira, fevereiro 16, 2005


O eleitor masoquista


Quando escrevi o meu primeiro conto enviei-o por email a um amigo, cuja escrita muito estimo, para que me desse a sua opinião. Respondeu sem rodeios. Gostava da história, mas apontou metáforas exageradas e analogias forçadas. Em vez de me dar a tão portuguesa palmadinha nas costas, deu-me o carolo infantil.
O carolo consiste em cerrar o punho e desferir uma pequena e rápida pancada no topo da cabeça de alguém. Muitos entendem-no como uma forma de humilhação mas, na verdade, o carolo é um incentivo em forma de aviso. Aquele movimento parece dizer-nos – toma atenção puto – mas não consegue esconder o carinho que lhe está subjacente. O carolo pretende despertar o amigo. Já o murro, que pertence à categoria do abate, tem como função principal derrubar o adversário. O murro também não esconde segundas intenções. É directo. É um odeio-te, um desaparece, um claro manifesto de desagrado para com o próximo. O murro e o carolo parecem, à primeira vista, golpes bem diferentes, mas partilham em comum o facto de serem ambos movimentos secos e rápidos com um objectivo bem definido. Ambos são claros na sua mensagem. São golpes, mas não são sujos. Por sua vez, a palmadinha nas costas é a forma mais imunda de tocar alguém. É o passar a mão pelo pêlo, acompanhado do sorriso cínico, e a mensagem que transporta nunca é clara. Quase sempre, desejos obscuros acompanham as suaves pancadas da mão camufladas de companheirismo e boa disposição. A palmadinha nas costas é o manifesto mais violento de desprezo.
Estamos na recta final para as legislativas. Durante toda a campanha tenho lido as palavras dos candidatos em campanha, escutado as suas declarações, analisado os seus rostos. Cheguei até a tentar ler-lhes nos olhos. Porém, infelizmente, em nenhum deles leio, ouço, vejo, ou mesmo vislumbro, a mensagem que desejava: Uma promessa de um carolo, um murro, ou até mesmo um estalo bem desferido na minha pessoa e em todos os portugueses. Nada! Só festinhas, carícias e mimos. Eu que queria a promessa de um enxoval de porrada recebo em troca mais palmadinhas nas costas. No domingo vou ter que desenhar uma cruzinha, e o que mais me custa é que seja ela de que cor for - ou de cor nenhuma - vou sair da junta de freguesia com a mesma sensação: ter dado a mim mesmo a palmadinha que tanto quis evitar.





terça-feira, fevereiro 15, 2005


Oração matinal (repetir 10 vezes com sofrimento)


Puta que pariu! Que tempo este em que todos têm a mania que são o Nuno Rogeiro...

Ámen.

Puta que pariu! Que tempo este em que...





segunda-feira, fevereiro 14, 2005


O Horizonte (1995-2005)


Fui chamado a decidir há dez anos atrás. Pela primeira vez eu podia votar numas eleições legislativas, atingira a maioridade necessária para participar no sufrágio nacional. Mas só o meu bilhete de identidade o comprovava. O cabelo alourado pelo sol, a pele queimada pelo sal e o sorriso constante rasgado na face denunciavam-me: as minhas maiores preocupações não passavam pelos destinos do país, mas pela diferença entre meio metro ou metro e meio na Costa da Caparica. A única opinião que me interessava era a dos meus pares sobre a minha prestação na última onda; o meu jornalismo de eleição eram as revistas de surf; os meus locais de tertúlia não cheiravam a charuto mas sim a coco e baunilha diluídos numa barra de cera. Sentava-me na prancha e ali ficava, embalado pela suave ondulação, olhando o horizonte, à espera de algo. Não pensava em nada. As ondas acabavam sempre por chegar, e mesmo quando cessavam de o fazer eu sabia que no dia seguinte lá estariam novamente. Não era uma esperança, era uma certeza.
Hoje, uma década depois, sentado no escritório de casa, leio as notícias na imprensa, as colunas de opinião, e dou por mim a pensar demasiado. Dou por mim a olhar novamente o horizonte, agora desprovido de qualquer certeza, tentando descobrir algum sinal de esperança, alguma ténue ondulação e, mais uma vez, como há dez anos atrás, vou ser chamado a decidir. Olho por detrás da porta. A prancha ainda lá está, excessivamente seca, demasiado abafada no íntimo do seu saco bafiento. Olho pela janela. Olho para os jornais. Olho pela janela. Olho para a prancha. Olho para o espelho.





sábado, fevereiro 12, 2005


O retorno à serenidade


Eu ia escrever um post recheado de cinismo. Sentei-me no escritório da minha casa, entre quatro paredes sem quadros, num quarto andar com elevador (private joke), pronto para carregar em teclas e animado por segundas intenções. Preparei-me para aconselhar as pessoas a comprarem o Expresso, retirarem cuidadosamente o plástico que envolve a Única, sentarem-se calmamente – os fumadores alumiavam um cigarro – e a olharem bem nos olhos de Luís Delgado. Depois perguntava de forma rasteira: Ainda alguém tem dúvidas? Porém, detive-me. Mais surpreendente ainda, a direita deteve-me. Na coluna da direita, a voz calma da Keren Ann encaminhou-me de volta à pessoa afável que costumo ser (como o destinatário da private joke costuma sublinhar) e, mais em cima, o Nelson (dos livros que o gajo da private joke me emprestou) lembrou-me: “O primeiro olhar é um ceguinho”. Eu, que ia escrever que o outro era um olhar louco, acabei por não o fazer.






Axioma matinal


Os blogues são sistemas de maturação.






Parabéns ao Zé Mário


Nasceu Alice.

[Adenda]: Para não esquecer a mamã que também está de parabéns.





sexta-feira, fevereiro 11, 2005


À Sexta Damos Música™


Já se tornou uma tendência.

Seguimos até à manifestação impelidos por uma Old Soul Song. Ao lado de Bright Eyes todos clamavam contra, apontavam contra, empurravam contra. Foi então que surgiu um ténue vislumbre de suavidade no meio da massa ululante. O aperto interior foi imediato.






Uma mão esquerda, uma revista aberta, uma bela mama muito desejável quase à mostra, uma tesoura, uma mão direita


Fascismo - Experiência conhecida: abro o bico e a esquerda mais radical desata a ladrar contra o “regresso do fascismo”. Para a esquerda mais radical, um “fascista” é alguém que, pela sua sensatez, está ligeiramente mais à direita do manicómio onde ela vive e convive. Não me importo. Sempre disse que quando a esquerda radical desata a fuzilar “fascistas” a torto e a direito, nunca devemos meter a colher: é um assunto de família.
João Pereira Coutinho






Birra matinal


Quero um blogue do Ferreira Fernandes!!!





quinta-feira, fevereiro 10, 2005


Ao cuidado de José Pacheco Pereira








O fantasma dos 29%


Ó papão vai-te embora
Sai de cima do telhado
Deixa o menino dormir
Um soninho descansado






Enlace


Os ingleses vão ter o seu casamento no dia 8 de Abril.
O nosso acho que está marcado para 21 de Fevereiro.






Promoções


Moro paredes meias com um bairro social, e também com uma grande comunidade cigana. Nunca tive problemas. Existe, é certo, uma tensão sempre presente, mas acredito cada vez mais que esta organização urbanística é a mais acertada, sem condomínios, sem ghettos tanto para uns como para outros, sem fechar cada um na sua redoma de vidro. Porém, a partir de hoje vou ter medo de viver aqui: também moro paredes meias com um IKEA.





quarta-feira, fevereiro 09, 2005


Tendências


A blogosfera anda muito indignada com o jornal Público e as suas recentes violações ao Livro de Estilo. Porém, algo mais grave acontece diariamente – não só no Público mas em todos os jornais portugueses. O uso abusivo e tendencioso da imagem. As fotos, que acompanham as notícias, são um veículo que a imprensa utiliza para influenciar os seus leitores. Sócrates sorridente e firme, Portas calmo e responsável, Santana desconfiado e oportunista, Louçã diácono e coitadinho, Jerónimo cansado e inexpressivo. A utilização camuflada do poder da imagem é a maior de todas as violações. Lembra-me aquelas histórias de pessoas raptadas por alienígenas que acordam de manhã com uma forte dor de cabeça e uma pequena ferida na nuca. Mitos urbanos. Tal e qual como a ideia que se tem acerca do prestigio de alguns jornais.

[Adenda]: Para agradecer ao Rui a divulgação deste post.






O não ao choque tecnológico


Paulo Portas não usa ténis. Prefere sapatilhas.
Vale tudo na corrida dos dois dígitos.






Aquisições


Vários blogues individuais estão a conduzir os seus autores para a imprensa escrita. Será que a médio prazo os blogues colectivos se vão tornar revistas e semanários? Ou fanzines, quem sabe...






A (r)Evolução Tecnológica


- Quanto tempo achas que falta até teres a discografia completa dos Smiths?
- 7 Megas.






Separados à nascença?







terça-feira, fevereiro 08, 2005


Citando


Eu nunca na minha vida pública fiz nenhuma insinuação sobre ninguém. Se alguém que tem tido ao longo de 20 anos a sua vida sempre sujeita a ataques, boatos, insinuações sou eu próprio.
Santana Lopes

Imaginem um narciso às avessas, sim, um narciso deslumbrado com as próprias chagas.
Nelson Rodrigues






elas+eles™


Ele, retirou mais um cigarro do maço. Um gesto automático e instintivo. Desta vez algo o surpreendeu. O toque habituado dos dedos no filtro era estranho e áspero, quando não devia ser nada em especial. Olhou o filtro. Estava enrugado em torno de si próprio. Entendeu rapidamente que era um efeito térmico do calor que descera sobre a cidade e achou-se inteligente, achou-se diferente de todos os outros, achou-se alguém único. Não era a primeira vez que tal sucedia. Acontecia frequentemente achar-se assim de cada vez que um cigarro enrugava.





segunda-feira, fevereiro 07, 2005


Ideias feitas


Para todos os meus leitores que se interrogam se terei uma vida invejável, desde já aviso que o meu mês de Fevereiro consiste apenas em estudar este labiríntico programa e ensiná-lo a futuros criadores de coisas para encher o olho. Alpha Channel, Particles, Keying, Fields, Brush Controls, Color Correction e mais termos paradoxais atulham as horas que se queriam antes acompanhadas por Nelson Rodrigues, Proust, Cervantes, Machado de Assis, e muitos outros dispostos na prateleira carpindo por mim, e eu lamentando por eles. Então, essa inveja?





domingo, fevereiro 06, 2005


Domingo


Slow down everyone
You're moving too fast


Obrigado.





sábado, fevereiro 05, 2005


Desilusões


Acho mal que na ópera, depois de tantas palmas, eles não cantem mais uma.






Sobre Coisas


A Carla tem toda a razão. Há coisas que melhoram algumas vidas. Mas não só. Mais importantes, raras – daí fascinantes – há coisas que são a vida: Jaromil, o sofrido poeta de Kundera; a figura próxima – mas não presente – do Hotel Room de Hopper; as notas sucedâneas que se perseguem no Nocturne in B flat minor de Chopin. Coisas que não procuramos.
Observo as pessoas que caminham, quando caminho na rua, e reparo que olham em frente. É uma capacidade notável do ser humano, essa de seguir em frente, com os olhos postos num objectivo, numa meta, num destino. E como não olham – não olhamos, não olho – para o chão, a vida, aleatória como só ela sabe ser, prega-nos partidas. Tropeçamos. Encontramos coisas que não prevíamos, que não esperávamos pois nem sequer ainda as concebíamos como presentes, quanto mais como possíveis. Frequentemente, são coisas que melhoram algumas vidas. Mas não só. Há coisas, algumas, já o disse, que são a vida.
Isto a propósito de um documentário que acaba de ser transmitido n’ A Dois. The Working Of Utopia, um maravilhoso documentário de Donya Feuer sobre a arte do bailado. "A Utopia da Perfeição é um fascinante documentário sobre a busca de um ideal: um olhar sobre ensaios de bailado, uma arte nunca acabada e sempre à procura da perfeição”, assim confessa a sinopse. E o que procuramos nós constantemente senão esta perfeição? E o que queremos nós descobrir senão quais os nossos ideais, os que nos darão uma qualquer certeza sobre um rumo? E lá caminhamos – caminho – em frente, sempre em frente, e lá tropeçamos mais uma vez.
Desta vez, como em outras, raras, deixei-me ficar sentado no chão, observando a beleza de dois corpos em sintonia assimétrica. E porquê? Porque parar, de quando em quando para compreender, aceitando, o imprevisto, é umas das tais coisas que melhoram algumas vidas. Mas não só. Há outras, poucas, que são a própria vida.





sexta-feira, fevereiro 04, 2005


À Sexta Damos Música™


E por essa razão, novo tema na coluna da direita. Adormecemos na relva, sonhámos com The Unicorns e Ghost Mountain. Mas vozes humanas, um crescendo de protestos, arrancaram-nos do sono hipnótico. Todos, sem excepção, cansados de esperar, fartos de ouvir, e desculpar, resolveram agir.





quinta-feira, fevereiro 03, 2005


Esclarecimentos


O debate televisivo desta noite veio provar que só existe uma forma dos portugueses decidirem a sua intenção de voto: ler, analisar, e julgar, os programas de governo. É irresponsável tomar decisões baseadas em gestão de imagem, mind mapping, e luzes que acendem.






Suplementos


Taças tibetanas, tantra, mesoterapia, cromoterapia, jaspe, ónix, atkins, tisanas, ginseng, menta, feng shui, espaço, linhas, textura, hidratação, esfoliação, tonificante, definitiva, velas, chackras, angeologia, kármica, alinhamento, 10 ideias, 20 regras de ouro, 101 formas.

Enquanto devolvo a revista ao interior do jornal, surge a dúvida: E quanto tempo sobra para viver?






A pergunta


Por que razão as personalidades do PSD, que se mostram chocadas com as inconscientes insinuações de Santana Lopes, mantêm constantemente um silêncio absoluto em relação às conscientes alucinações de Alberto João Jardim?






A quimera do chavão


Leio os posts sobre as eleições no Iraque, de Daniel Oliveira e de Nuno Sousa, e vem-me à cabeça a imagem dos últimos garimpeiros, desesperados, peneirando o solo dos locais onde o ouro já era.





quarta-feira, fevereiro 02, 2005


Proust, sobre blogs


Na leitura, a amizade é subitamente reduzida à sua primeira pureza. Com os livros, não há amabilidade. Estes amigos, se passarmos o serão com eles, é porque realmente temos vontade disso.






Experimenta voltar a desaparecer. Vá! Experimenta...







terça-feira, fevereiro 01, 2005


E depois da barba?


Estou a mudar. O optimismo que tanto me caracterizava está a ceder o lugar ao pessimismo; a forma tão idealista de pensar aninha-se num canto, esquecida, enquanto o realismo cresce a olhos vistos; abandono aos poucos, e com receio, a esquerda (ainda segura nas pontas dos dedos) por uma crescente simpatia para com a direita. Estou a mudar. A dúvida é se isto é resultado de retroactivos da puberdade, ou de pagamentos por conta da andropausa.






Henrique Canto e Castro


Morreu um porta-voz da imaginação.







À Terceira é de Vez










Google
WWW A Origem do Amor