Saí de casa pela fresca bem cedinho, cortando através do nevoeiro matinal, saboreando mentalmente a torrada, o galão, e a leitura da imprensa diária que se adivinhava. Estacionado o carro, os passos ainda sonolentos no passeio e, um calor, a aquecer o meu cérebro e os sentidos, provocado pela possibilidade de a Grande Reportagem já se encontrar nas bancas. Ao entrar na papelaria, lançando um olhar furtivo às revistas expostas, encontro-a. O título "150 Um número especial". Já com um sorriso no canto dos lábios decido comprar também o Expresso (sinto-me bem disposto e receptivo) e, com uma ignorância fingida e divertida, pergunto ao vendedor: Já saiu a GR de Setembro?. - Já sim - responde ele. Dirijo-me ao seu encontro (da revista) para lhe pegar, acariciar, guardar com carinho debaixo do braço. Preparo-me para a receber nas mãos. - É a última. Acaba a partir deste mês - Avisa o homem. Um choque tremendo atinge-me o corpo. Por debaixo do título, confirma-se: "A última edição mensal". Enquanto a minha conta é feita, lanço um rápido olhar ao seu interior para ler: "Às vezes, as coisas são assim". Fecho imediatamente a revista, como quem não quer aceitar o que lhe dizem e, não é exagerado dizer, quase me vieram as lágrimas aos olhos.
Percorro o caminho para o café (porquê?), aturdido (como?), perdido (e agora?). Peço a torrada e o galão (preferia passar fome a suportar esta fome), sento-me e, com medo, muito medo, abro a revista na carta do editor. O Francisco lembra-me as memórias, os textos, as imagens, aquilo que perder me causa tanto temor. Informa-me que a GR passará a ser semanal e a acompanhar o JN e o DN. Avisa-me que certas mudanças estão agendadas. Assegura-me que a GR continuará a ser uma revista de Jornalismo. Mas não me consegue tirar o medo. Esse pavor terrível que a mudança destrua algo de maravilhoso e fundamental. Esperarei até Novembro. Desejo firmemente que nesse dia da mudança o Francisco continue a partilhar connosco uma publicação onde o rigor, o conteúdo e a qualidade, não sejam apenas o prazer da leitura, mas sim, algo de tão essencial como respirar. Fica o medo. O receio.
Algo irremediável já aconteceu. Morreu "aquele" dia do mês.
E se alguém lhe pedir para trocar um livro isso é ...
Um(a) amigo(a) pede-lhe que troquem livros. O que pensa dessa pessoa? Amante da cultura e do debate? Forreta? Pense bem:
"O sexo parece ter sido inventado há cerca de 2 mil milhões de anos. Antes disso, as novidades em matéria de organismos só podiam surgir através de mutações ao acaso, através da selecção, letra por letra, das alterações nas instruções genéticas. A evolução deve ter sido aflitivamente lenta.
Com a invenção do sexo, dois organismos quaiquer podiam trocar parágrafos, páginas, livros inteiros do seu código de ADN, produzindo novas variedades, prontas para o crivo da selecção. Os organismos foram encorajados a acharem o sexo interessante. Os que o achavam aborrecido extinguiram-se rapidamente. E isto é verdade não só para os micróbios de então: nós próprios ainda hoje demonstramos uma devoção pelas trocas de segmentos de ADN"
"L'adversaire des Loups en Coupe d'Europe est désormais connu... ce sera le club portugais de BENFICA !!! La Louvière disputera donc sa première rencontre en Coupe d'Europe contre un club habitué des compétitions continentales, qui a même déjà remporté deux Leagues des Champions et a participé à de nombreuses finales européennes ! La RAAL sera donc opposée à un club très prestigieux pour ses grands débuts européens !"
Quem o diz são os simpáticos responsáveis da Royale Association Athlétique Louviéroise. O meu Benfica parece ter o caminho facilitado. Calhou-nos um clube que não percebe muito de bola.
Como a maior parte da sociedade portuguesa também a publicidade lusa anda muito enganada. Por mais que se esforcem os nossos publicitários (esforcam?), não há maneira de acertarem. Diziam-me há dias "tens de concordar que a publicidade portuguesa tem melhorado". Não concordo. Por culpa das agências ou dos clientes, e por melhor que seja a ideia por detrás de um anúncio, sentem-se na obrigação de informar qual o produto que estão a comercializar. Nunca publicitam uma marca, mas sim um produto dessa marca. Gastam-se milhões numa batalha entre miúdos e alienígenas, interrompida mais tarde pela mãe que chama para jantar, apenas para se dizer que certos telemóveis têm jogos. Gasta-se muito para dizer que o supermercado este mês tem preços baixos, que esta bebida é mais preta que a outra, que falar para o estrangeiro é mais barato.
Pegue-se depois nos anúncios da Nike, Playstation e outras. Não falam de ténis, nem de roupa, nem de quanto jogos podemos jogar. Falam de um conceito. O conceito de qual a filosofia agarrada a essa marca. Ambas as empresas não precisam de falar nos seus produtos, basta vender a marca que tudo vem por acréscimo.
Publicidade é sempre um apelo ao consumo e podemos criticar essa chamada que nos fazem. Mas é sempre um prazer quando o fazem bem. Ninguém irá certamente esquecer o campeonato organizado por Zidane naquele navio fortaleza à deriva ou, a viagem alucinante de um bebé desde o ventre da mãe até ao caixão.
Circula neste momento mais uma dessas pérolas nos ecrãs nacionais. É da Nike, que vende bolas, fatos de treino e mochilas. O anúncio? Um divertido jogo de apanhada nas ruas da cidade. A mensagem? Simplesmente, Play.
Aos poucos, lentamente, com atenção cuidado carinho (amor?), que urgência não rima com leitura, os escritores, autores, amigos (vozes) amigas desconhecidas, até então, falam-nos pela primeira vez mais uma e mais uma (venham) todos.
Desta vez foi Luiz Pacheco e os seus Exercícios de estilo Passo a citar:
"Sigo os namorados nas ruas espreito-os nos bancos dos jardins oiço-os falar de longe onde só os risos os gestos mudos se entendem reparo nas suas mãos quando se apertam criam suor juntas repetidas nas bocas como se colam sufocadas unidas nos olhares como se prendem, atiçando-se (Olhos parados a rir noutros olhos, olhos de namorados. Lanço-lhes a mão e agarro-os, etc.). Apanho um olhar de namorados um riso leve no ar e sinto-me mais triste e mais só. Ah namorados não posso com a vossa força, como fico triste e mais pobre junto de vós, ó namorados. Ah namorados, quem (ninguém!) pode com a vossa força?"
Foi enorme o meu espanto ao ver que o contador desta página acabava de assumir números gigantes e uma forma horrível. Qual filho que levanta a voz ao pai, o contador mudava de forma querendo assumir o protagonismo na página que lhe coloca o pão na boca. Fui a sua casa para lhe ensinar boas maneiras e descubro que afinal existem novas roupagens para usar nos contadores. Diverti-me a vestir o meu menino, pentear-lhe o cabelo e compôr-lhe o laço. Vale a pena visitar a sua morada e quem sabe adoptar um novo rebento.
Ora digam lá que este não é a cara do Desejo Casar:
Prometeu-se para esta época o regresso do "Benfica à Benfica". Depois de um infantil desaire em Roma e de alguns jogos na Super(?)Liga que não convenceram ninguém, esse "tal" Benfica regressou hoje aos tempos antigos. Perdeu e ficou pelo caminho no acesso à Liga dos milhões, mas lutou, tentou, atacou, rematou, até ao fim. Esse Benfica lutador e criativo não chegou para ultrapassar a possante "muralha" defensiva dos italianos, mas quando nenhum adepto arreda pé de um estádio, mesmo com a eliminatória perdida, antes do apito final, sabemos que "esse" Benfica voltou. Os adeptos não exigem vitórias e ausência de derrotas e empates, exigem garras, garras de uma águia que na sua incessante e incansável luta preencha os corações dos adeptos de alma, dessa tão falada alma Benfiquista. Se a isto se juntarem golos, então somos felizes.
Já agora que o Porto e a União de Leiria consigam ultrapassar os seus adversários nos jogos desta semana.
Ó Sporting? Vai uma uefazita aqui ca genti?
Leio em vários blogs que os recentes abandonos na blogosfera validam os juízos de Eduardo Prado Coelho (EPC) e Luís Delgado (LD). Permitam-me discordar relativamente a LD. Este pressuposto Opinion Makercriticava aqueles que eram pagos para escrever nos jornais mas que ao mesmo tempo opinavam gratuitamente nos seus blogs. É óbvio que LD não dirige esta critica a blogers como Francisco José Viegas (FJV) que marca assídua presença tanto no Aviz como na imprensa, televisão e estantes das livrarias, onde escreve e reflecte com uma notória e admirável qualidade que alguns apenas podem sonhar ultrapassar. LD decerto entende que é inferior a FJV mostrando a sensatez de no seu artigo dirigir-se não aos blogers, o que poderia causar ricochete, mas aos responsáveis máximos das publicações. Tenta deste modo proteger-se de futuras aquisições de cronistas, que compreende serem superiores, entre os que ainda se restringem ao espaço de um blog, subentendendo que se chamados à imprensa guardarão os melhores textos para o blog pessoal. LD não consegue esconder o medo, embebido no seu artigo, de quem sente não ser único. Para fechar o assunto tomemos como exemplo um dos melhores escritores de posts, Nuno Costa Santos (NCS). NCS não precisa de escolher os seus melhores textos, quem nunca escreve mal escreve por gozo, escreve para todos, escreve sempre bem. LD necessita certamente de escolher os seus textos. Este assunto fica na Origem definitivamente arrumado, pois já despendi demasiado latim sobre alguém cujos escritos me causam tanta sonolência.
Quanto a EPC, embora discorde da sua opinião, muitos são os blogers que, sem consciência de tal facto, acabam por subscrever as suas palavras. EPC é um elitista comprovando-o na sua coluna onde, salvo raríssimas excepções, escreve para o umbigo e para o seu grupo de amigos, admiradores e alunos, ignorando a maioria dos leitores do Público onde certamente se encontram aqueles que se sentem autorizados a escrever e quem sabe autorizados a ler. A opinião de EPC pode ser consultada aqui.
A blogosfera lusa prospera a um ritmo alucinante. Diariamente surgem novos blogs num universo que já ultrapassa alguns milhares. Através dos contadores do Abrupto e do Meu Pipi constatamos que a audiência neste meio digital é tão vasta como diversificada. Nascem muitos mais do que aqueles que morrem. Se ao desaparecerem dois blogs acharmos que a blogosfera começou a morrer, e que "aquele verão" chegou ao fim, estamos a ser tão elitistas como EPC. Na minha modesta análise e compreensão, elitismo é o contrário da razão de ser de um blog.
Receita instantânea para chegar a 10000 visitantes
Aqui na Origem do Amor fala-se muito da Marisa Cruz, Jornada Jardel e Pamela Anderson. Embora nenhuma venha nua e sexo esteja automaticamente fora de questão, gostam de banhar-se na piscina da Origem do Amor, de peito solto (tits) ao sol da tarde, brincando com balões que eu previamente soprei (blow), e soltando afinados gritinhos quando eles rebentam (bang). Embora estas modelos nuas visitem regularmente a minha mansão, aviso as autoridades que não pertenço a nenhum gang.
Alguém andou a ler aqui a origem com a ajuda do tradutor do google. Já há muito tempo que não me ria tanto com um post.
I am seated in an esplanade in a street where nobody passes, where nothing it happens, where nothing hears.
A sparrow for only passed here. But it is as much heat that it did not dare to fly. Saltitava, as patinhas was had springs in its two. As if, when opening the wings, it ran away the shade and ran the risk to melt to the sun.
Detesto the heat! I arrived at the point where I am contented for beating in the face a breeze to me that refreshes me in its thirty and eight degrees.
Cursed variation, rays break the hole of ozone, or whatsoever that it provokes this hell.
Swimming pools públicas(), they suggest. Praia(), they wave.
Which what!? Aturar 350 a thousand others that if rejoice with contaminated water or sand in the cantos of the eyes?
I prefer this esplanade in the way of an unknown street where the pardais saltitam and the dogs if had forgotten to bark.
Todos os conhecemos nas escolas que frequentámos. Sentavam-se na última fila de carteiras da sala, eram craques nas aulas de educação física, cobiçados pelas meninas de hormonas a despertar, respeitados ou temidos pela representação masculina e, experientes conhecedores do gabinete do conselho directivo onde marcavam diariamente o ponto.
Nunca foram amigos dos livros, mas lá iam passando com a preciosa e prestável ajuda das meninas e meninos "carolas" que, a troco de uma espreitadela no teste, ganhavam a distinção de acompanhar o herói no recreio. Eu não fui herói, nem carolas, muito menos engraxador mas, por razões esquecidas na memória, pertencia ao grupo de amigos chegados do Mário. O Márinho, nome pelo qual era fogosamente conhecido, era um rapaz com estilo, um dos escassos heróis da escola, o goleador que todos queriam ter na equipa, aquele por quem os corações femininos suspiravam. Eu era um rapaz com estilo porque andava com o Márinho, o que me garantia a protecção de ser amigo de um herói, a posição de defesa na equipa que alinhava mesmo sendo eu uma nulidade futebolística, e o coração daquelas que esperavam a vez de ser as suas musas. A única contrapartida deste pacto com o diabo eram os avisos dos professores lançados aos meus pais dizendo que "O Miguel é muito inteligente e se ele se aplicasse mais os resultados eram bem melhores. Porque capacidades tem ele, o problema são as companhias." Avancei para o secundário, o Márinho ficou para trás, não mais me lembrei dele.
No outro dia passei de carro pelo Márinho. Reconheci-o com algum espanto pois tudo nele mudou drasticamente. O cabelo bem penteado com gel deu lugar a um sujo e maltratado, os hipnotizantes olhos azuis quase não se notam no meio da barba por fazer e do rosto demasiado gasto para a ainda jovem idade, o corpo atlético coberto de roupas da moda deu lugar a um descuidado tapado por roupas gastas. Aquele que sentado na última carteira atirava piropos à professora mais nova de formas afrodisíacas, deu lugar àquele sentado no degrau da tasca, mini na mão, olhar colocado nos carros que passam, perdido num lugar remoto esperando algo que não voltará jamais.
O Mário do presente matou o Márinho da escola, teimando não o enterrar, tentando perceber o que correu mal.
Três anos lectivos. É curta, a fama de um herói.
O Aviz falava da má qualidade do futebol da I Liga Nacional, que de super não tem nada, movendo-se a gaz, e recordou-me dois jogos de Sábado. Nas terras de sua majestade o Tottenham de Postiga defrontou o Leeds num jogo tão emotivo como disputado, e eu que alternava a atenção entre o televisor e um jornal, acabei por ficar de olhos presos ao ecrã. Mais tarde voltei ao café para ver o meu Benfica enfrentar o Guimarães num jogo tão desmotivante como aborrecido, e eu tive pena de não ter um jornal por perto. A juventude portuguesa afirma frequentemente a vontade de emigrar e procurar melhor educação, trabalho, cultura ou sociedade fora das terras lusas. Qualquer dia emigramos só para conseguir ver um bom jogo de futebol.
Através do correio electronic, essa maravilha do mundo moderno, chega-me um pouco de tudo. Há quem pergunte porque não tomo o comprimido vermelho, como aquele que é muito bom mas acha-se ruim.
O meu fiel companheiro de quatro patas, como bom Labrador que se preze, é simpático, afável, seguro de si, nutrindo pela raça humana um amor profundo. Qualquer visitante da nossa humilde casa arrisca-se a ser lambido até à morte.
Quando jornadeia para recreio entre asfalto e ervas rasteiras, Blink olvida a sua atracção por Homo Sapiens, considerada menor frente à muito necessária actividade de cheirar todos os metros quadrados de terreno à disposição, largando aqui e ali panfletos de identificação sólidos e líquidos. Qualquer transeunte que se atravesse no seu caminho ganha apenas um divertido mas rápido olhar de esguelha. Ontem porém, algo diferente marcou a jornada matinal. O Blink avistou um senhor idoso, de vestes gastas, olhar terno mas cansado, passeando do outro lado da rua com a calma atitude de quem apenas espera o tempo passar.
Esquecendo todos os cheiros e marcações de território correu para o senhor e dali não queria sair. Abanava a cauda num frenesim, língua dependurada em manifesto contentamento e, as orelhas baixas que no seu caso parecem dizer: adoro-te. Com um dos sorrisos mais ternos que já vi, e uma expressão nos olhos que mostrava sabedoria extrema, o idoso curvou-se um pouco e, sem dizer palavra, acariciou com uma suave palmada o lombo do animal. Blink voltou correndo para mim com alegria estampada no rosto, ainda deitando um último olhar de despedida ao seu novo amigo, para de seguida voltar aos seus instintos de marcação.
Um pouco mais à frente olhei para trás. O idoso remexia o lixo de um caixote. Não encontrando nada, tirou a boina, limpou o suor da testa e prosseguiu calmamente o seu caminho para lugar incerto. Muitos veriam nele um coitado, velho, gasto e acabado. O meu cão viu muito mais que isso.
Regressei a casa com a sensação de que a resposta para o sentido da vida encontra-se afinal no instinto de um Retriever e na simplicidade de uma cauda a abanar.
O Guerra e Paz fechou, partiu, acabou. O próprio autor não sabe se volta. Eu quero acreditar que apenas fechou um capítulo de um delicioso livro que se escreve aos poucos. O blog passa a figurar na lista da direita, porque o que por lá foi escrito será sempre válido e, ficará para sempre guardado calmamente à espera de quem passe, como um bom livro que embora na prateleira nunca é esquecido e que de tempos em tempos relembramos com ternura, permitindo que os sentidos voltem a ser acariciados pelas palavras escritas que nunca morrem.
O "jogo das cadeiras" no banco dos clubes está ao rubro. Mesmo a braços com a crise económica, que obriga à contenção de custos, multiplicam-se as reuniões entre dirigentes e agentes tendo em vista potenciais aquisições. Contactado pela Origem, o treinador do Lanterna Encarnada Carlos Carvalhas, desabafou sobre as prematuras saídas do plantel na época decorrida que abalaram o 1-1-8 que o treinador teima em utilizar mesmo não marcando qualquer golo. "É na frente atacante que pretendo manter o investimento, pois não se marcam golos a jogar à defesa" afirmou, convicto ainda que "qualquer atleta que evidencie comportamentos desviantes da estratégia do clube será sempre penalizado, independentemente das suas qualidades como profissional", referindo-se ao afastamento de jogadores e, conclui, "Não precisamos cá de Jardeis. Se não jogam em equipa então podem começar a procurar clube".
Carlos Carvalhas lembrou ainda que sem contratações de peso dificilmente levará o clube às antigas vitórias nacionais e europeias, num claro aviso aos responsáveis da Avante SAD.
Uma das posições no relvado mais desejadas pelo treinador é um extremo-esquerdo de alto nível, estando na mira dos responsáveis do clube a internacional Ana Gomes, que se destacou como média-ofensiva no Timorense e que actualmente alinha no Social Clube de Portugal como lateral-esquerda.
"É um negócio complicado pois não há interesse do SCP em largar a jogadora, mas acredito que unindo esforços a sua aquisição é possível" afirmou Carvalhas que, ainda questionado sobre a adaptação da atleta à posição de extrema-esquerda, assegurou "É uma tecnicista de grande qualidade com muitas características por explorar, em suma, um diamante bruto".
Alguém alegando responder pelo nome de Mike Larry envia-me um mail urgente, pedindo-me que abra uma conta bancária, para onde possam ser transferidos em segurança os dinheiros de Charles Taylor.
Ele há com cada um!
A TVI lembra-se agora de ser solidária para com a ACAPO e os invisuais portugueses. Fora de questão está de certeza a sua nova telenovela com Sofia Alves, que transformaria uma campanha de solidariedade numa promoção televisiva.
Está, não está?
Antes que se multipliquem nos blogues as opiniões sobre os responsáveis a acusar convém parar e, ler o unificador editorial de Manuel Carvalho no Público.
No meio da ignorância e dos defuntos impossível e inimaginável explode uma nova bomba, exibindo a queda de um dos derradeiros limites do insuportável, o absurdo. Nunca presenciámos insultos a um médico que acaba de salvar uma vida, nem a um bombeiro sendo violentado pelo proprietário da casa onde arde o fogo que tenta apagar. Poderá não ser absurdo atacar quem combate o mal, absurdo é atingir quem apenas procura o bem. O limite, a paz, o bem, foram atingidos. Desligo a televisão. Perdido, procuro onde me possa agarrar. Os limites caíram um por um e ameaçam arrastar consigo para o abismo a esperança, derradeiro limite ainda de pé mas com visíveis fissuras na sua estrutura. Para que não caia irremediavelmente é necessário que cada um de nós mantenha uma mão encostada às suas paredes e a outra no ombro do que está ao nosso lado.
Nos tempos que correm, em que jazem num invisível sepulcro os remotos impossível e inimaginável, a humanidade cessa aos poucos impressionar-se. A televisão das sensações agita-nos com imagens de mais um abjecto atentado em Israel, com uma idosa chorando perante o fogo, com as estúpidas batalhas que diariamente devastam famílias nas estradas portuguesas. Sentadas nos cafés as pessoas ignoram as imagens dando primazia ao debate sobre a bela finta de Cristiano, ou à altercação sobre as qualidades anatómicas da Marisa Cruz.
Impossível e inimaginável será criticar essas frágeis criaturas que apenas procuram um pouco de paz, longe da paz perdida para sempre no interior de um ecrã. Sociólogos chama-lhe habituação ao terror, acreditando que os limites para o que nos espanta estão colocados numa cada vez mais alta fasquia. Mas já nada nos irá espantar ou surpreender, pois infelizmente as televisões abusaram do terror e sem o perceberem causaram a renuncia de uma população que prefere viver em ignorância para não enfrentar o medo do terror que espreita a cada esquina.
Destruído o conceito de impossível restava-me o de inimaginável. Uma bomba pode explodir e ceifar dezenas de vidas, um tremor de terra pode deitar ao chão pesadas estruturas de ferro como se papel fossem, um incêndio pode no seu inferno dantesco reclamar o trabalho de uma vida. Tudo isto é possível de imaginar. Inimaginável é quando dois possantes aviões são transformados em cobardes armas de destruição lançadas a milhares de inocentes. Inimaginável foi o cobarde "choque e espanto" lançado na calma noite de bagdad, acabando por atingir milhares de inocentes. Inimaginável é assistirmos a tudo em directo e constatar que afinal a imaginação de uma mente cruel não compreende limites.
Ao longo dos anos a televisão testou aos poucos o meu conceito de impossível através de imagens de destruição, violência e imprevisibilidade, causadas pela raça humana ou pela própria natureza do planeta que esta habita. Nos tempos de infância decerto observei fome, morte, homicidas, terroristas, terramotos e incêndios, mas as memórias que imprimiam no meu cérebro provinham das simples aventuras da Heidi, do pequeno Cid, ou do Tom sawyer. Tudo nas ondas hertzianas pertencia a esses mundos de fantasia até que, mais tarde, dois singulares momentos abriram-me os olhos para uma diferente realidade.
O primeiro foi a queda do muro, não pelo que significava, mas pelo sorriso que o meu pai dirigiu à minha mãe enquanto assistíamos juntos a morte de algo que eu não entendia ainda. O terno sorriso assegurava-me que era algo bom, e por essa altura a televisão ainda me confortava.
O segundo momento foi o incêncio do chiado, não pelas aterradoras imagens laranja, mas pelo sorriso que em tempos dirigia à minha avó enquanto, de kalkitos novos na mão, percorríamos aquelas ruas, onde naquelas montras as renas do pai natal abanavam a cabeça e uma singular banda composta por crocodilos animava a montra de um grande armazém. Essa rua, as suas montras e o meu sorriso desapareciam em directo, e eu só podia assistir sem dizer palavra ao triste enterro das minhas memórias.
A partir desse dia descobri que a realidade das imagens da televisão era bem mais cruel do que a fantasia dos desenhos. Descobri o efeito do terror transmitido em directo. Descobri que o impossível não existe, apenas se encontra adiado.
Dentro de 15 minutos faço-me à estrada. Uma partida um pouco adiada por um ameaço de paragem digestiva que ontem me assolou o corpo, provocando suores frios, cabeça às voltas e, uma visita às urgências do Amadora. Esperando num branco e asséptico corredor, rodeado de quem perdeu os sentidos, fracturou algo, ou simplesmente não consegue respirar, lembrei-me de NCS quando dizia há dias em que nos esquecemos que vamos morrer. Isso não me inquieta. O que me assusta é que há dias em nos esquecemos que podemos vir a sofrer. Porque quando morremos levamos o medo connosco. Até esse dia, resta-nos o susto.
Este blog volta na terça. Até lá é tempo de ler, visitar a família ou, simplesmente olhar o horizonte.
Aragens frescas atingem o país. Depois da moral queimada, transformada em cinzas, é altura de levantar a cabeça e seguir em frente empurrados pela doce brisa que sopra. Antes de ir, deixo-vos no meu próximo post a recuperação de uma antiga campanha da apple. É dedicado a todos os que acham que já é altura de mudar. Chamem-lhe lamechas, eu chamo-lhe factos.
Até terça.
A digníssima esposa, aqui do migalhas, achou por bem defender-se do meu post "Estamos quase no Natal". Sendo a Origem um blog democrata, aqui vai o texto na íntegra.
‹‹Gosto do Natal, e depois?
Eu sei que tendo a exagerar, mas a quadra é tão fugaz que tenho necessidade de a viver em pleno, no maior período de tempo que conseguir forjar. O Natal não é só o reunir da família, a comemoração do nascimento do nosso calendário, o bacalhau, o polvo frito, as prendas. O Natal são os instantes: São as ruas frias que subimos e descemos guiados por luzes cintilantes; é o cacau quante que bebemos enquanto ouvimos as histórias do Rudolf e do menino que viu a mãe beijar um homem de vermelho; é o formigueiro provocado pela ansiedade de chegar a casa e sentar nochão da sala para trocar os presentes, depois de ter persuadido a não aguardar pela manhã; é descobrir que puzzle irei receber e que irei, religiosamente, resolver a partir de 1 de Janeiro; é olhar para a árvore e, à medida que o meu olhar percorre os anjos ingleses e a banda austríaca, sentir um arrepio quando repouso os olhos no cão que se encontra deitado aos pés da árvore com o nariz a cintilar devido ao pó dourado das bolas que esteve a cheirar.
Realmente não sei por que razão gostarei tanto do Natal. Só lamento que o meu marido me convença sempre a desmanchar a árvore em Fevereiro!››
Summer journeys
To Niag'ra
And to other places
Aggravate all our cares.
We'll save our fares.
I've a cozy little flat
In what is known as old Manhattan.
We'll settle down
Right here in town.
We'll have Manhattan,
The Bronx and Staten
Island too.
It's lovely going through
The zoo.
It's very fancy
On old Delancey
Street, you know.
The subway charms us so
When balmy breezes blow
To and fro.
And tell me what street
Compares with Mott Street
In July?
Sweet pushcarts gently gliding by.
The great big city's a wondrous toy
Just made for a girl and boy.
We'll turn Manhattan
Into an isle of joy.
We'll go to Greenwich,
Where modern men itch
To be free;
And Bowling Green you'll see
With me.
We'll bathe at Brighton
The fish you'll frighten
When you're in.
Your bathing suit so thin
Will make the shellfish grin
Fin to fin.
I'd like to take a
Sail on Jamaica
Bay with you.
And fair Canarsie's lake
We'll view.
The city's bustle cannot destroy
The dreams of a girl and boy.
We'll turn Manhattan
Into an isle of joy.
We'll go to Yonkers
Where true love conquers
In the wilds.
And starve together, dear,
In Childs'.
We'll go to Coney
And eat baloney
On a roll.
In Central Park we'll stroll,
Where our first kiss we stole,
Soul to soul.
Our future babies
We'll take to "Abie's
Irish Rose."
I hope they'll live to see
It close.
The city's clamor can never spoil
The dreams of a boy and goil.
We'll turn Manhattan
Into an isle of joy.
We'll have Manhattan,
The Bronx and Staten
Island too.
We'll try to cross'
Fifth Avenue.
As black as onyx
We'll find the Bronnix
Park Express.
Our Flatbush flat, I guess,
Will be a great success,
More or less.
A short vacation
On Inspiration Point
We'll spend,
And in the station house we'll end,
But Civic Virtue cannot destroy
The dreams of a girl and boy.
We'll turn Manhattan
Into an isle of joy!
‹‹Like Ben Franklin, Thomas Alva Edison was both a scientist and an inventor. Born in 1847, Edison would see tremendous change take place in his lifetime. He was also to be responsible for making many of those changes occur. When Edison was born, society still thought of electricity as a novelty, a fad. By the time he died, entire cities were lit by electricity. Much of the credit for that progress goes to Edison. In his lifetime, Edison patented 1,093 inventions, earning him the nickname "The Wizard of Menlo Park." The most famous of his inventions was an incandescent light bulb. Besides the light bulb, Edison developed the phonograph and the "kinetoscope," a small box for viewing moving films. He also improved upon the original design of the stock ticker, the telegraph, and Alexander Graham Bell's telephone. He believed in hard work, sometimes working twenty hours a day. Edison was quoted as saying, "Genius is one percent inspiration and 99 percent perspiration." In tribute to this important American, electric lights in the United States were dimmed for one minute on October 21, 1931, a few days after his death.››
Que o Padre Amaro considere ser a paixão a origem do amor ainda vai que não vai, embora outros como o meu petit orgão genital proclamem seguramente teorias bem mais radicais, agora que me chame gárgula isso é que não. Nunca serei qualquer tipo de estátua ou estrutura de pedra, sendo a minha função sobrevoar rasante e bombardear tais edificações com avançadíssimos projécteis pós-digestivos.
Mesmo assim, um grande bem haja e um abraço para o digníssimo eclesiástico e o meu desejo de grande aventurança.
Estamos aqui em directo dos aviários da Origem do Amor, onde a Senhora Eslovena acaba de perder tudo neste dia tão trágico.
Repórter: A senhora perdeu tudo?
Eslovena: Ai meu deus, a minha vida, que eu fazer agora?!
Repórter: Mas não se salvou nada?
Eslovena: Nã, abrirem a porta do aviário e a passarada ir toda embora! Ai minha santinha das dores, a gente agora nã ter nada ...
Repórter: É a tragédia espelhada no rosto de quem perde o trabalho de uma vida.
Os ingleses Andy Elson e Colin Prescot preparam-se para a segunda tentativa de bater o recorde de altitude num balão, tentando atingir a marca dos 40 quilómetros, o que lhes permitirá transpor a atmosfera terrestre e observar a curvatura da terra. Imaginando que esta proeza tinha como data a época queirosiana, hoje ler-se-ia na Gazeta Ilustrada o seguinte:
‹‹O distinto e brilhante sportsman, o Sr. Andy Elson, e o nosso amigo e opulente proprietário Colin Prescot, partiram ontem a visitar o espaço. Numerosos amigos foram a bordo do ‹‹Qinetic1›› despedir-se dos aventureiros touristes. Vimos entre outros os Senhores Ministros do Reino e seu Secretário, Lord Pavon, Sir Nicholas Gay, Cristiano Ronaldo, etc, etc. O nosso amigo Colin Prescot fez-nos, no último shake-hands, a promessa de nos mandar algumas cartas com as suas impressões do Sistema Solar, esse delicioso local de onde nos vem o Sol e o calor. É uma boa nova para todos os que prezam a observação e o espírito. Au revoir!››
Multiplicam-se na blogosfera os post sobre o "bicho" que anda por aí a atacar-lhes os computadores e o Windows.
Depois olho para a grande maçã impressa no meu "menino" e sorrio.
Este blog vai parar por tempo indeterminado. Preciso resolver uma grave depressão psicológica e passar pelo supermercado a comprar um elixir para ver se me sai da boca o amargo sabor da derrota.
Isto é, até amanhã.
A Ana Marques naquele programa todo branco de entrevistas ou lá o que é, sai-se com esta: "A Internet ainda está a nascer ... só agora as pessoas começam a ter acesso".
Ó Anocas, ide, ide lá ter com os teus meninos do Bravo Bravíssimo.
Abominam-me os que criticam quem procura viver num condomínio fechado de grande área.
Experimentem passar as noites agradávelmente lendo os blogs e ouvindo tiros vindos da rua, quase diáriamente (ou será noitemente?). Eu gosto muito do John Ford mas só em cinemascope.
No dia em que for a passar na sala e tiver de se agachar, não vá uma desviada travar amizade consigo, talvez consulte os prospectos que acompanham o expresso.
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Em 2003 as vendas de toques de telemóvel esperam ultrapassar as vendas de cd singles, num mercado que já ronda os 57 milhões de euros (para os menos entendidos, sensivelmente 4 cristiano ronaldos), prevendo atingir a barreira dos 100 milhões de euros até ao final do ano.
Este é portanto um mercado em forte expansão, surgindo novidades tecnológicas e musicais todos os dias.
Espero o dia, em que estando sentado numa esplanada à beira mar, o vizinho da mesa ao lado atenda o telemóvel que berra a voz da Ruth Marlene enquanto o meu, em claro aviso, ameaça: Nunca mais voltas ao cais, nunca, nunca, nunca mais.